Por que uma árvore vira patrimônio? Entenda a lei que protege a flora
Não é qualquer árvore que pode ser cortada; entenda o que significa o tombamento de uma espécie e qual o processo para ela ser protegida por lei
compartilhe
Siga noA chegada da primavera em Minas Gerais colore as paisagens e desperta a atenção para as árvores, figuras que marcam cidades e campos. Muitas delas, no entanto, são mais do que elementos da natureza. São patrimônios culturais e ambientais protegidos por lei, um status que as torna intocáveis e as preserva para as futuras gerações.
Essa proteção não acontece por acaso. O processo, conhecido como tombamento, é um ato administrativo que reconhece o valor de uma árvore por sua raridade, beleza, idade ou importância histórica. A partir desse reconhecimento, qualquer intervenção, como poda ou corte, passa a ser crime ambiental se não for devidamente autorizada pelos órgãos competentes.
Leia também:
-
Na chegada da primavera, as árvores protegidas por lei em Minas
-
Plantas nativas da Serra do Curral para ter na sua casa; veja lista
O que torna uma árvore especial para ser protegida?
Nem toda árvore frondosa ou antiga pode se tornar um patrimônio. A decisão de proteger um exemplar envolve uma análise técnica criteriosa, que leva em conta um conjunto de fatores. O objetivo é garantir que apenas as que possuem valor coletivo excepcional recebam essa salvaguarda legal.
Esses critérios variam, mas geralmente incluem:
-
Raridade e valor ecológico: espécies ameaçadas de extinção ou que são raras em determinada região. Também se aplica a árvores que desempenham um papel vital para o ecossistema local;
-
Idade e porte: árvores centenárias ou que atingiram um tamanho monumental, tornando-se marcos naturais e testemunhas vivas da passagem do tempo;
-
Importância histórica e cultural: exemplares que estão ligados a eventos históricos relevantes, lendas populares ou que foram plantados por personalidades importantes da comunidade;
-
Beleza cênica: árvores que, por sua forma, floração ou localização, compõem uma paisagem de notável beleza, funcionando como um ponto de referência visual e afetivo para a população.
Como funciona o processo de tombamento?
A proteção de uma árvore pode ser iniciada por qualquer cidadão, associação de bairro, organização não governamental ou pelo próprio poder público. O interessado deve formalizar o pedido junto ao órgão de patrimônio competente, que pode ser municipal, como o Conselho Deliberativo do Patrimônio Cultural de Belo Horizonte, ou estadual, como o Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais (Iepha-MG).
Após o recebimento do pedido, uma equipe técnica multidisciplinar realiza uma vistoria e elabora um laudo detalhado. Esse documento avalia se a árvore atende aos critérios necessários para o tombamento. O parecer é então submetido a um conselho, que vota pela aprovação ou não da medida protetiva.
Se aprovado, o tombamento é oficializado por meio de um decreto ou resolução. A partir desse momento, a árvore é inscrita no livro de tombo e passa a gozar de proteção legal permanente. O proprietário do terreno onde ela está localizada é notificado e se torna o guardião legal do bem.
Quais as consequências da proteção?
Uma vez tombada, a árvore não pode mais ser cortada, removida ou sofrer podas drásticas sem uma autorização expressa do órgão que a protege. Qualquer cuidado necessário, como tratamento contra pragas ou poda de galhos que ofereçam risco, deve ser acompanhado por técnicos especializados indicados pelo poder público.
Para o proprietário de um imóvel com uma árvore tombada, a principal obrigação é zelar por sua integridade. Em algumas cidades, podem existir incentivos fiscais, como a isenção ou desconto no IPTU, como forma de compensar o proprietário pela responsabilidade de cuidar do patrimônio. Danificar ou destruir um bem tombado é crime, com punições que vão de multas severas à reclusão, conforme a Lei de Crimes Ambientais.

Onde encontrar essas árvores em Minas Gerais?
Minas Gerais possui centenas de árvores protegidas espalhadas por seu território. Em Belo Horizonte, por exemplo, a Ficus da Praça da Liberdade é um dos exemplares mais conhecidos. Em Ouro Preto, paineiras centenárias marcam a paisagem histórica. Essas árvores são monumentos vivos que contam histórias e conectam o presente ao passado, reforçando a identidade cultural e ambiental do estado.
O que é o tombamento de uma árvore?
O tombamento é um ato legal que transforma uma árvore em patrimônio protegido.
Isso acontece quando ela tem um valor especial, seja histórico, cultural, paisagístico ou ecológico.
Qualquer pessoa pode pedir a proteção de uma árvore?
Sim. Qualquer cidadão ou entidade pode solicitar a proteção de uma árvore.
O pedido deve ser feito ao órgão de patrimônio da prefeitura ou do estado.
Uma árvore em propriedade privada pode ser tombada?
Sim, a proteção vale para a árvore, não importando se ela está em um local público ou privado.
O dono do terreno se torna o responsável legal por cuidar dela e preservá-la.
O que acontece se uma árvore protegida morrer?
Se uma árvore tombada morre por causas naturais ou cai, sua remoção precisa de autorização.
Técnicos do órgão de patrimônio avaliam a situação para liberar a retirada dos restos.
Posso podar uma árvore tombada que está no meu quintal?
Não sem autorização prévia. Qualquer tipo de poda ou manutenção deve ser aprovada.
O objetivo é garantir que a intervenção não prejudique a saúde e a estrutura da árvore.
Qual a punição para quem corta uma árvore tombada?
Cortar ou danificar uma árvore protegida por lei é considerado crime ambiental.
A pena pode incluir multas altas e até mesmo detenção, dependendo da gravidade do dano.