Como identificar sinais de alerta no comportamento de jovens em casa
Especialistas dão dicas para pais e responsáveis sobre como perceber mudanças de comportamento que podem indicar problemas e quando é hora de procurar ajuda profissional
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Siga noEntender a diferença entre as turbulências típicas da adolescência e os verdadeiros indicativos de problemas de saúde mental ou desvios de conduta é um desafio. No entanto, observar atentamente as mudanças no dia a dia pode ser o primeiro passo para prevenir tragédias e buscar o auxílio necessário antes que a situação saia do controle.
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Mudanças drásticas no círculo social
Um dos primeiros e mais visíveis sinais de alerta é o isolamento. Se um jovem que antes era sociável de repente se afasta dos amigos, abandona grupos e passa a maior parte do tempo trancado no quarto, isso merece atenção. A troca de um grupo de amigos por outro, completamente diferente e com comportamentos de risco, também é um ponto a ser observado.
Essa reclusão pode indicar desde o início de uma depressão até o envolvimento com atividades que ele prefere manter em segredo. A comunicação é a principal ferramenta dos pais e responsáveis. Uma conversa aberta, sem tom de acusação, pode ajudar a entender o que está motivando esse afastamento.
Alterações de humor e agressividade
A adolescência é marcada por oscilações de humor, mas é preciso ter sensibilidade para diferenciar o que é normal do que é preocupante. Explosões de raiva desproporcionais, irritabilidade constante e uma hostilidade direcionada aos familiares são sinais de que o jovem não está conseguindo lidar com suas emoções.
Essa agressividade pode ser uma forma de expressar uma angústia profunda ou uma resposta a problemas como bullying, pressão social ou dificuldades internas. Quando esse padrão se torna frequente, a convivência familiar fica insustentável e a busca por ajuda se torna indispensável para a segurança de todos.
Queda acentuada no desempenho escolar
A escola funciona como um termômetro importante do bem-estar de um jovem. Uma queda súbita e acentuada nas notas, faltas frequentes sem justificativa e relatos de problemas de comportamento em sala de aula não devem ser vistos apenas como "preguiça" ou "fase de rebeldia".
Esses podem ser sintomas de que a capacidade de concentração e o interesse do adolescente estão sendo afetados por questões emocionais mais graves. Ignorar esses sinais pode comprometer não apenas o futuro acadêmico, mas também a saúde mental do jovem a longo prazo.
Descuido com a higiene e aparência
A forma como uma pessoa cuida de si mesma diz muito sobre seu estado emocional. Um desleixo repentino com a higiene pessoal, o uso constante das mesmas roupas sujas ou uma mudança radical e negativa na aparência podem ser indicativos de depressão ou de uma profunda falta de autoestima.
Esse comportamento mostra uma perda de interesse no autocuidado e na forma como o jovem é percebido pelo mundo, o que geralmente está ligado a um sofrimento interno. É um sinal silencioso, mas que carrega um grande peso sobre a saúde mental.
Sinais de alerta importantes a observar:
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Alterações no sono: insônia constante ou, ao contrário, dormir excessivamente durante o dia;
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Mudanças alimentares: perda ou ganho de peso repentino, ou a recusa em fazer refeições com a família;
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Perda de interesse: abandonar hobbies, esportes e atividades que antes davam prazer;
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Comportamento sigiloso: esconder o celular, apagar históricos de conversas e mentir sobre onde vai ou com quem está;
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Fascínio por temas mórbidos: interesse excessivo por violência, morte ou tragédias.
Identificar um ou mais desses sinais não significa que uma tragédia irá acontecer, mas indica que o jovem precisa de apoio. A intervenção precoce, com diálogo e acompanhamento profissional, é a melhor forma de garantir o bem-estar do adolescente e a segurança de toda a família.

Como diferenciar o comportamento típico da adolescência de um sinal de alerta?
A principal diferença está na intensidade e na duração. Mudanças de humor e certa rebeldia são normais na adolescência.
O sinal de alerta surge quando essas mudanças são extremas, persistentes e afetam negativamente a vida social, escolar e familiar do jovem.
Qual é o primeiro passo a tomar se notar esses sinais?
O primeiro passo é o diálogo. Crie um ambiente seguro e sem julgamentos para conversar, mostrando preocupação genuína.
Tente entender o que está acontecendo pela perspectiva do jovem, sem minimizar seus sentimentos ou fazer acusações diretas.
É possível que a tecnologia e as redes sociais influenciem esses comportamentos?
Sim. O ambiente on-fline pode expor os jovens ao cyberbullying, a conteúdos inadequados e à pressão social por uma vida perfeita.
O uso excessivo de telas também está associado ao isolamento social e a problemas de sono, que impactam diretamente o humor.
Quando devo procurar ajuda profissional para o meu filho?
Procure ajuda quando os comportamentos de risco persistirem, a comunicação se tornar impossível ou houver qualquer sinal de agressividade.
Se o jovem mencionar pensamentos autodestrutivos ou expressar desesperança, a busca por um psicólogo ou psiquiatra deve ser imediata.
Como abordar o jovem sem criar um conflito?
Use uma abordagem empática. Em vez de dizer "Você está agindo de forma estranha", tente "Notei que você parece mais quieto ultimamente. Está tudo bem?".
Mostre que você está do lado dele para ajudar, e não para punir. Isso aumenta as chances de uma conversa produtiva e de aceitação da ajuda.