Brasil pede fôlego à Europa antes de regra que trava commodities de áreas desmatadas
Negociação no acordo do Mercosul com União Europeia tenta flexibilizar exigências da EUDR para commodities de soja, carne e café
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Siga noO Itamaraty, o Ministério da Agricultura e associações do agronegócio estão em tratativas com a União Europeia para estender o prazo de adaptação à EUDR, a lei europeia que proíbe a importação de commodities oriundas de áreas desmatadas. A norma entra em vigor já em 2026.
Na mesa de negociação do acordo Mercosul-UE, que deve ser firmado ainda neste ano, o Brasil tenta arrancar uma carência adicional para produtos agrícolas. A justificativa é que o setor precisaria de mais tempo para garantir rastreabilidade plena da produção e adequar sistemas de regularização fundiária e ambiental às exigências europeias.
Aprovada em 2023, a regulação europeia exige que exportadores de soja, carne bovina, café, cacau, madeira, borracha e derivados comprovem que os produtos não vêm de áreas desmatadas. Para a União Europeia, trata-se de blindar o consumo interno contra cadeias ligadas à destruição de florestas.
No Brasil, porém, a medida é vista como barreira comercial. O receio é que, se o prazo não for flexibilizado, exportadores de peso fiquem de fora do mercado europeu já na largada, travando um dos principais ganhos prometidos pelo acordo Mercosul-UE.
Representantes do agronegócio têm reclamado que, diante de uma regra que exige rastreabilidade total como a EUDR, o país ainda tem gargalos em sistemas estatais, como o Cadastro Ambiental Rural (CAR).