BH: Azul inicia manutenção pesada do avião Embraer E2 de sua frota
Companhia aérea realiza a primeira operação de heavy check do jato mais moderno fabricado no Brasil; processo envolve 60 profissionais
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Siga noA Azul Linhas Aéreas iniciou neste mês, em seu centro de manutenção na Pampulha, em Belo Horizonte, a primeira operação de heavy check, uma das manutenções mais complexas da aviação comercial. A revisão será feita no modelo Embraer E2 - o maior e mais moderno jato comercial fabricado no Brasil. A empresa é a única a operar o E2 no país e também a pioneira em realizar essa revisão técnica dentro do território nacional. A expectativa é que a manutenção da aeronave seja concluída até o fim de agosto.
Realizado por aproximadamente 60 tripulantes especializados, entre engenheiros, técnicos de manutenção e equipes de apoio, o trabalho consolida a experiência da unidade da Pampulha, que há nove anos se destaca em revisões de aeronaves como os Embraer E1, ATR, Boeing e Pilatus PC-12. Segundo Plínio Oliveira, diretor técnico da Azul TecOps, esse marco representa um avanço estratégico para a companhia.
"Vamos aproveitar nossa grande expertise com a manutenção dos jatos E1 e de outros modelos para iniciar a revisão completa desse modelo. O conhecimento acumulado e a estrutura que temos aqui permitem um trabalho de altíssimo nível técnico e com ganho de eficiência operacional", afirma.
Por que no aeroporto da Pampulha?
O centro de manutenção da Pampulha é o mais antigo da Azul e já nasceu com foco em especialização por fabricante, em contraste com a unidade de Campinas (SP), voltada para a frota Airbus. A escolha pela capital para a revisão não é por acaso. De acordo Plínio, a unidade mineira já concentrava os trabalhos com os Embraer E1 desde que a manutenção deixou de ser terceirizada, ainda na época da fusão das companhias que deram origem à Azul.
"Nosso time aqui tem entre nove e dez anos de experiência, muitos desde antes mesmo da fundação da Azul. Essa base sólida nos deu segurança para internalizar a manutenção pesada do E2, um avião que caminha para ser a espinha dorsal da nossa operação doméstica", detalha.
E2: tecnologia, eficiência e novos desafios
Com tecnologia embarcada de última geração, novos motores, maior envergadura de asas e uma cabine com mais capacidade - cerca de 12% a mais do que o E1 -, o E2 impõe novos desafios para o processo. Por conta do tamanho da aeronave, apenas um dos hangares da Pampulha tem atualmente condições estruturais de abrigar os trabalhos. A Azul já estuda adaptar um segundo hangar para abrir uma nova linha dedicada à esse tipo de manutenção.
A revisão será dividida em três etapas, com as duas primeiras previstas para durar até 25 dias cada e a última, 20 dias. O trabalho inclui cerca de 300 a 400 tarefas técnicas (conhecidas como task cards), como inspeções visuais, testes não destrutivos com líquidos penetrantes, raio-X e boroscopia nos motores. Essas atividades são parte do ciclo regular estabelecido pelo Maintenance Planning Document (MPD), que regula a manutenção conforme o tempo de uso, número de pousos e horas de voo.
Toda a operação é respaldada por uma rígida política de qualificação técnica. Os mecânicos envolvidos passaram por formação homologada pela ANAC, além de treinamento específico para o E2 na universidade corporativa UniAzul, em Campinas. O curso dura de 20 a 40 dias. Os profissionais precisam ter ao menos uma das três carteiras de qualificação - célula, motores ou aviônica -, e muitos possuem todas, o que também os habilita como inspetores.
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"A rastreabilidade é total. Sabemos exatamente quem executou cada tarefa, quais ferramentas foram usadas e se estavam calibradas. Isso é o que garante a segurança, que é nosso primeiro valor empresarial", enfatiza.
A aeronave não foi comprada pela Azul, esses modelos são produtos de leasing. Chamado de arrendamento mercantil,o leansing funciona como uma forma de aluguel, e é uma prática comum a praticamente todas as companhias aéreas do mercado.
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Minas Gerais no DNA da aviação
A escolha pela Pampulha também evidencia a valorização da mão de obra técnica mineira. A Azul mantém parcerias com a UFMG, SENAI e FIEMG, integrando um ecossistema de inovação e qualificação em aviação. "Apesar de ser gaúcho, tenho grande apreço pela competência técnica dos mineiros. E vale lembrar: Santos Dumont era mineiro. Isso está no DNA", brinca o executivo.
*Estagiária sob supervisão do subeditor Humberto Santos