Redução no preço da gasolina ainda não chegou aos postos de BH
Começou a valer nesta terça (3) a redução de 5,6% no preço da gasolina para as refinarias. De acordo com a Petrobras, a redução foi de R$ 0,17 por litro
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Siga noA redução no preço do litro da gasolina que passou a vigorar nesta terça-feira (3/6) nas refinarias ainda não chegou às bombas. Com a redução de 5,6%, o preço médio de venda da Petrobras para as distribuidoras passou a ser, em média, de R$ 2,85, uma redução de R$ 0,17 por litro. No entanto, os postos de combustível não são obrigados a reajustar os preços ao consumidor final.
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De acordo com a ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), o preço médio da gasolina comum em Belo Horizonte era de R$ 6,01, variando entre R$ 5,69 e R$ 6,69. Outro levantamento mais abrangente feito pelo site Mercado Mineiro, com 200 postos na capital e na Região Metropolitana, o preço médio apurado da gasolina comum foi de R$ 6,02, com variação entre R$ 5,59 e R$ 6,79 (21,47%).
No início da tarde a reportagem flagrou um posto de combustível na Avenida dos Andradas, na Região Leste da capital, recebendo um carregamento de gasolina, mas o preço não seria reduzido, disse um funcionário que não quis se identificar.
Ainda assim as bombas tinham fila de veículos aguardando abastecimento, já que os preços praticados ali são os mais baixos da região: R$ 5,67 para o litro da gasolina comum, R$ 3,94 o etanol e R$ 5,97 o diesel S10.
Em outro posto da região Centro-Sul, uma funcionária que também preferiu não se identificar confessou que o preço só vai cair quando a concorrência começar a reduzir. “Só baixo (o preço do combustível) quando lá em cima baixar. Passo lá todo dias e tiro foto”, explicou sua estratégia.
Dos seis postos visitados pela reportagem, nenhum gerente quis conversar. O Minaspetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo no Estado de Minas Gerais) foi procurado, mas não se pronunciou sobre a tendência do preço da gasolina ao consumidor final após a redução da Petrobras.
Patricia Caiado, gerente de Gente e Gestão, conta que não identificou qualquer redução de preço ao abastecer seu carro. “O preço do combustível sempre pesa, ainda mais para quem tem família grande. Eu tenho três filhos e estou sempre de um lado para outro com as crianças. Pesa, mas acho que a gente vai no fluxo, estamos acostumados a pagar caro no combustível. Não tem opção, vou fazer o quê? Vou andar a pé numa cidade do tamanho de Belo Horizonte, com essa quantidade de morro? Que tem um transporte público que não atende plenamente às necessidades? Não adianta a gente abandonar o carro”, analisou.
Para que o preço do combustível não pese muito no bolso, Patrícia explica que usa um aplicativo de fidelidade do posto, que reduz o preço de tabela. Ela também recorre aos programas de pontuação das bandeiras para obter benefícios. No entanto, a gerente confessa que, para facilitar a vida, às vezes abastece em um posto que está pelo caminho.
Para os motoristas profissionais, o peso do combustível no orçamento é ainda maior e as reduções de preço são mais significativas. O taxista Carlos Alberto Gonçalves Júnior abastece o carro todo dia e disse que o desconto da Petrobras concedido às refinarias ainda não chegou às bombas.
“Hoje está o mesmo preço de ontem. O preço do combustível está pesando no bolso, uns 30% do que eu faturo aqui fica por conta de combustível. Todo dia eu abasteço com R$ 120. Qualquer alívio para a gente já salva”, afirmou o taxista.
Para o motorista de aplicativo Wellington Fernandes Genaro, cerca de 30% do faturamento também é destinado ao combustível. Para economizar, ele tem usado um posto de combustível com preços mais acessíveis - R$ 5,67 a gasolina comum, R$ 3,94 o etanol e R$ 5,79 o diesel S10 -, mas que ainda não aderiu à recente redução.
“Eu abasteço o carro todo dia e estou começando a frequentar esse posto. O preço e o combustível são bons, dá para trabalhar com tranquilidade. Não tem como não comparar os preços porque a gente precisa trabalhar. Tem posto que cobra R$ 4,60 pelo litro do álcool. Eu abasteço R$ 100 de álcool por dia e ‘faturo’ em média uns R$ 350”, relatou.
O motorista de aplicativo Walace Vieira também utiliza o programa de fidelidade de um posto de combustível para ter 8% de desconto em relação ao preço da bomba e economizar. Para ele, o gasto com combustível chega a 45% do faturamento.
Enquanto o posto não reduziu 1 centavo no preço dos combustíveis, ele comemorou uma redução de 6 centavos concedido pelo programa de fidelidade no preço do litro do álcool. “Temos que buscar as melhores alternativas, mas prefiro vir sempre nesse posto por causa da qualidade do combustível. Não compensa pegar um posto que você não conhece, é ruim para você e para o próprio carro”, afirmou.
Vale lembrar que, conforme pesquisa do Mercado Mineiro, na reta final de maio o preço da gasolina já havia cedido em relação ao início do mês. Enquanto o preço médio do combustível em 9 de maio em Belo Horizonte a na Região Metropolitana era de R$ 6,10, ao longo do mês esse valor caiu para R$ 6,02, uma redução de 1,37%.
De acordo com o economista Feliciano Abreu, a queda no preço dos combustíveis ao cliente final costuma ser lenta, enquanto o aumento é imediato. Para ele, a atitude do consumidor, que procura abastecer nos postos mais baratos sem abrir mão da qualidade do combustível, é o que estimula a redução de preços.
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