Homens ganham 24,27% a mais que mulheres em Minas, aponta relatório
Segundo o levantamento, Minas Gerais ocupa a sétima posição entre os estados com maior desigualdade salarial entre homens e mulheres
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Siga noMesmo com uma leve redução, a desigualdade salarial entre homens e mulheres segue expressiva em Minas Gerais. Dados do 3º Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios, divulgado pelo Governo Federal, mostram que os trabalhadores do sexo masculino recebem, em média, 24,27% a mais que as mulheres no estado.
Ainda conforme os dados, Minas Gerais ocupa a sétima posição entre os estados com maior desigualdade salarial entre homens e mulheres. Além disso, a discrepância salarial entre gêneros supera a média nacional. O relatório fez o levantamento a partir de 5.300 estabelecimentos mineiros.
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Segundo o levantamento, a média salarial feminina em Minas é de R$ 3.203,80, enquanto a masculina chega a R$ 4.230,70. A diferença caiu 0,61 ponto percentual em relação à pesquisa anterior, publicada em setembro de 2024, quando a disparidade era de 24,88%.
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A desigualdade é ainda mais acentuada quando o recorte considera raça e gênero. Mulheres negras, pretas e pardas, recebem, em média, R$ 2.704,82 em Minas Gerais. Já as mulheres não negras têm rendimento médio de R$ 3.917,12. A diferença, nesse caso, é de 30,9%.
Na comparação com o cenário nacional, Minas tem números mais alarmantes. No país, a diferença de rendimento entre homens e mulheres é de 20,87%, valor que, inclusive, cresceu 0,18 ponto percentual em relação ao último relatório. Na remuneração média, os homens ganham R$ 4.745,53, enquanto as mulheres recebem R$ 3.755,01.
Por outro lado, quando o foco é a desigualdade racial entre mulheres, o estado mineiro apresenta um quadro ligeiramente menos desigual. Em nível nacional, mulheres negras ganham, em média, R$ 2.864,39, enquanto as não negras recebem R$ 4.661,06, diferença de 38%.
Mulheres negras no mercado de trabalho
O relatório também aponta avanços na inserção de mulheres negras no mercado de trabalho formal. Em setembro de 2024, elas somavam 3,2 milhões de trabalhadoras com vínculo empregatício, tendo um aumento de 18,2% em relação ao levantamento anterior, que registrava 3,8 milhões.
O número de empresas com até 10% de mulheres negras no quadro funcional também caiu, passando de 21.680 em 2023 para 20.452 em 2024. Além disso, cresceu a quantidade de estabelecimentos em que a diferença salarial média entre homens e mulheres não ultrapassa 5%.
Apesar disso, a desigualdade salarial persiste em praticamente todos os segmentos. Mulheres em cargos de direção e gerência recebem, em média, 73,2% dos salários pagos a homens nas mesmas funções. Nas ocupações de nível superior, o percentual é ainda menor: 68,5%. Já em serviços administrativos, as trabalhadoras recebem o equivalente a 79,8% do que ganham os colegas do sexo masculino.
O relatório também destaca as unidades da Federação com os maiores e menores índices de desigualdade salarial entre os gêneros. Pernambuco (9,14%), Acre (9,86%), Distrito Federal (9,97%), Piauí (10,04%), Ceará (10,21%) e Alagoas (11,08%) aparecem com os menores percentuais. Já Paraná (28,54%), Espírito Santo (28,53%), Santa Catarina (27,96%) e Rio de Janeiro (27,82%) figuram entre os estados com os maiores distorções salariais entre homens e mulheres.
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Previsto na Lei nº 14.611/2023, o Relatório de Transparência Salarial e Critérios Remuneratórios é uma exigência legal voltada à promoção da igualdade de remuneração entre homens e mulheres no ambiente corporativo. A norma alterou o artigo 461 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) e obriga empresas com mais de 100 empregados a adotarem uma série de medidas, como a publicação de dados salariais, mecanismos de fiscalização contra discriminação, canais para denúncias, programas de diversidade e inclusão, além de incentivo à capacitação feminina no mercado de trabalho.