RECONHECIMENTO

'Fui vítima dos piores preconceitos', diz militante LGBT homenageado em BH

Natural da cidade paraense de Santarém, Carlos Magno recebeu cidadania honorária da capital mineira por sua liderança reconhecida na defesa da cidadania LGBT+

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Nome presente há mais de duas décadas na militância pelos direitos da população LGBT+ em BH e no interior, o ativista Carlos Magno ganhou uma homenagem na Câmara de Vereadores da capital mineira, que lhe concedeu a cidadania honorária - ele é natural da cidade paraense de Santarém. O evento foi realizado na noite de terça-feira, 16 de dezembro.

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Solicitada pelos vereadores Juhlia Santos (Psol) e Pedro Patrus (PT), a cerimônia ocorreu na sede do Legislativo municipal e contou com a presença de familiares e admiradores do homenageado.

Há tempos Carlos é visto nas principais agendas do movimento de gays, lésbicas, trans e travestis em BH. Foi um dos fundadores do Cellos, o Centro de Luta pela Livre Orientação Sexual de Minas Gerais, entidade que organiza a Parada do Orgulho LGBT+ da capital. Também participaram do nascimento do Cellos os militantes Jessé Saturnino, Djair Silva, Darlan Pereira, Humberto Bellilo, Felipe Fernandes, Érico Moura e Mateus Uérlei.

Magno ainda é mencionado como atuante na criação do Centro de Referência pelos Direitos Humanos e Cidadania LGBT de Belo Horizonte (CRLGBT), em 2008, do qual se tornou o primeiro coordenador. Para além dos limites estaduais, ele integra o Conselho Nacional de Combate à Discriminação/LGBT – CNCD/LGBT e foi Presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT) em 2013.

'Não tive alternativa, eu tive que lutar'

Ao longo do evento, foi mencionada a trajetória de luta de Magno, especialmente desde sua chegada ao território mineiro, no ano de 2002. “(Ele) foi radical no melhor sentido da palavra, por ir na raiz dos problemas. Tensiona, provoca e recusa o retrocesso. Acolhedor, atento e presente, um revolucionário que nunca abriu mão do cuidado”, resumiu a assistente social Janaína Andrade dos Santos.

A figura de Carlos Magno é citada pelos militantes LGBT+ como fundamental também na construção de novas lideranças do segmento. “Eu não seria um militante para lutar por políticas públicas se não fosse o Carlos Magno me chamar na responsabilidade. Devo isso a ele”, reconheceu Anderson Cunha, liderança LGBT+ na cidade de Contagem, na Região Metropolitana de BH.

Outro que não poupou elogios foi Maicon Chaves, atual presidente do Cellos-MG. O ativista disse que foi no coletivo onde começou a se ver como um gay de corpo político. “O comedimento mineiro não lhe cai bem. Ele é solidário, pois foi formado nos princípios éticos de uma construção social revolucionária”, pontuou.

Emocionado, Carlos Magno agradeceu pelos adjetivos e disse que se sentia estrangeiro em Minas. “Isso me faltava, não era o simbólico, mas é uma luta”, disse. O ativista foi enfático ao evitar romantizações. “O mais importante é o que eu construí coletivamente. Só me construí como militante porque fui vítima dos piores preconceitos que essa sociedade pode ter. Não tive alternativa, eu tive que lutar, isso às vezes me cansa”, desabafou.

Ao longo de seu discurso, Magno também lembrou das conquistas realizadas ao longo do tempo. “Temos movimento LGBT+ organizado nas principais cidades do país. Não acho que conquistamos migalhas, não vejo terra arrasada, obtivemos avanços. O Cellos hoje tem uma sede, a prefeitura tem uma diretoria LGBT”, listou.

“É a maior emoção que estou tendo na vida. Eu amo Belo Horizonte. Eu acertei, viva BH!”, finalizou o homenageado.

Mortes recentes de pessoas trans

A noite também foi marcada por outra celebração em reconhecimento ao trabalho prestado pelo professor Luiz Morando, que tem uma extensa pesquisa sobre memória LGBT+ em Minas Gerais. O pesquisador possui vários livros publicados, entre eles “Enverga, mas não quebra”, sobre a travesti Cintura Fina, e “Paraíso das Maravilhas - Uma História do Crime do Parque”.

Durante a cerimônia, o vereador Pedro Patrus (PT) relembrou as mortes recentes de pessoas trans em Belo Horizonte - Alice Martins foi espancada na Savassi, e Christina Maciel foi morta pelo companheiro em Venda Nova, ambas neste ano. “A população LGBT ainda luta para sobreviver ao ódio e à intolerância”, protestou o vereador. Para ele, a atuação de Carlos Magno “nasce do desejo de liberdade, não somente da sexualidade, mas pela democracia e por direitos”. “É uma das pessoas mais reverenciadas por sua contribuição ímpar nas questões LGBTQIAPN+”, completou.

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Falas elogiosas também partiram de Juhlia Santos, vereadora trans que foi uma das solicitantes da homenagem. “Não tenho memória de uma militância em BH sem Carlos Magno. Não consigo pensar nele sem pensar em luta. Sou muito grata à sua ousadia, determinação e de permanecer íntegro na militância. Se avançamos minimamente (nas questões de direitos LGBT+), tem um dedo seu. Você traz vida e beleza para essa cidade”, celebrou.

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