Os filmes foram exibidos em lojas vazias na Galeria São Vicente, em frente à Praça Raul Soares -  (crédito: Marcos Vieira /EM/DA. Press. Brasil. Belo Horizonte - MG.)

Os filmes foram exibidos em lojas vazias na Galeria São Vicente, em frente à Praça Raul Soares

crédito: Marcos Vieira /EM/DA. Press. Brasil. Belo Horizonte - MG.

A exibição de cinco filmes com temáticas do universo lésbico na 10ª edição do Circuito Urbano de Arte (Cura) trouxe à tona discussões acerca dessa representação nas produções audiovisuais. Foram expostos cinco curta-metragens e a mostra foi realizada pelo projeto Cine Botas, que promove exibição mensal de filmes lésbicos e queer em BH.



A idealizadora do Cine Botas, Marina Martins, estava presente na exibição que ocorreu na última sexta-feira (25/10), e defendeu a importância da promoção e consumo de produtos com essa temática. “Ver outras histórias nas telas gera sentimento de pertencimento”, disse em entrevista ao Estado de Minas.

 


Marina, que é gestora de projetos e lésbica, conta que o Cine Botas surgiu justamente pela falta de lugares de entretenimento na capital mineira que promovam a representatividade de relacionamentos entre mulheres. O projeto tem curadoria colaborativa e foi apresentado ao público em setembro deste ano. 

 

Marina Martins idealizadora do Cine Botas

Marina Martins idealizadora do Cine Botas

Marcos Vieira /EM/DA. Press. Brasil. Belo Horizonte - MG


 

Representatividade

Diretora do curta “Eu Te Amo é no Sol", Yasmin Guimarães apontou a  importância de exibições com obras LGBTQIA + serem promovidas e acessíveis à população. Além da representatividade para a comunidade como um todo, ela destaca a importância de produções com foco voltado para lésbicas, pessoas trans e não binárias, que ela acredita ainda terem pouco espaço. 


Sobre seus filmes, Yasmin contou: “Sempre tem um pouquinho de mim. Tudo eu pego de algo que eu vivi e transformo nas histórias.” Eu Te Amo é no Sol é o segunda curta-metragem da diretora. 


 

Lara Sousa, de 38 anos, estava na plateia, estruturada por cadeiras de praia, e disse que uma exibição como aquela “é importante para mostrar e percebemos que é possível ser o que quisermos ser”. Ela contou que ficou sabendo da mostra dos filmes pela divulgação do Cura.

 

Espaço na cena


Atriz no filme "Eu Te Amo é no Sol", Maria Leite também estava presente na exibição. Na ocasião, ela disse se sentir orgulhosa ao ver as pessoas prestigiando os filmes, especialmente pelo formato. “Os curtas não chegam em muitos lugares”, disse.

 


Sobre a mostra reunir obras que contemplam temáticas do universo lésbico, a atriz defendeu ser importante filmes como esses não serem exibidos somente em mostras LGBTQIA+. Ela reforçou que são filmes como os outros: “É um romance.”

 

Exibição

A princípio, a exibição estava planejada para acontecer na Praça Raul Soares, na Região Centro-Sul de BH, onde a galeria a céu aberto do Cura está sendo realizada até o dia 3 de novembro. No entanto, as condições meteorológicas não colaboraram naquele dia. Por causa da chuva, a mostra foi realizada na Galeria São Vicente, em frente à praça. 


O tempo e a mudança de local não foram um empecilho para os espectadores, que encheram o espaço improvisado. Em uma loja vazia na galeria, o público, composto majoritariamente por mulheres, prestigiou os curta-metragens projetados.


Sinopses

Veja as sinopses dos filmes exibidos:

 

Eu te amo é no sol – 19min

Ano: 2022

Diretora: Yasmin Guimarães

Classificação indicativa: 12 anos

Sinopse: Mati reencontra Julia, sua namorada, que atualmente mora em um lugar distante e frio. Lá, eles enfrentam a falta de identidade e a impossibilidade de voltar para casa.


Rebu – 21min 

Ano: 2021

Diretora: Mayara Santana

Classificação indicativa: 14 anos

Sinopse: Rebu é um documentário em primeira pessoa que se propõe a investigar dentro da vivência lésbica da diretora, as mais diversas performances de masculinidade, levando em conta seus três últimos relacionamentos e também entrevistas com seu pai.

O filme aborda com descontração e deboche, temáticas como o talento paquerador, flexibilidade com a verdade, irresponsabilidade afetiva, impulsividade e romance. Temas que permeiam a vida dos dois personagens, mesmo que separados por um recorte geracional, cultural e de gênero.

 

Sapatão - uma racha/dura no sistema – 12min

Ano: 2020

Direção: dévora se

Classificação indicativa: livre

Sinopse: Por que estamos tão cansades? Uma entregadora por aplicativo responde em sua última postagem: um desabafo e uma despedida. Um corpo vivo numa sociedade em colapso. Uma corpa que tenciona a cidade, rompe com padrões e cria racha/duras. Sapatão, guarde este dia com carinho!


Pietá  - 5min

Ano: 2019

Direção: Pink Molotov

Produção: As Talavistas e ela.ltda

Classificação indicativa: 10 anos

Sinopse: Jesus recebe uma chuva de benção após ser batizado nas águas sagradas da piscina mil litros. Com isso ele recebe suficiente força para combater o mal. A justiça divina no entanto, falha, e o herói acaba morto no colo da senhora, sua mãe.


Superdyke – 17min37seg 

Ano: 1975

Diretora: Bárbara Hammer

Classificação: livre

Sinopse: Superdyke é uma jóia dos primeiros tempos da libertação. Influenciados pelo feminismo e pela militância lésbica, os filmes de Hammer são politicamente incisivos, testemunhando o empoderamento e a visibilidade das lésbicas, e plenamente conscientes da história do cinema experimental. Superdyke vai do amor suave pela natureza ao pop urbano inteligente, mostrando a variedade temática do seu autor e a multiplicidade da experiência lésbica.

 

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*Estagiária sob supervisão do subeditor Humberto Santos