Publicidade
Carregando...

O Sr. integra o TJMG desde 2014, tendo sido Presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Amagis) de 2019 a 2021. Quais foram os maiores desafios que a magistratura mineira enfrentou e, em especial, V.Exa à frente da Amagis durante a pandemia? Teve que alterar as metas para sua gestão em face da pandemia?

Fique por dentro das notícias que importam para você!

SIGA O ESTADO DE MINAS NO Google Discover Icon Google Discover SIGA O EM NO Google Discover Icon Google Discover


Estou na Magistratura há 35 anos (completo essa data no dia 20/11/2025), junto com ilustres colegas que também já integram a 2ª Instância do TJMG e são colegas de concurso do ano de 1990. Ingressei no Tribunal no ano de 2014, quando o eminente presidente Pedro Bittencourt Marcondes me deu posse no cargo e passei a integrar a 11ª Câmara Cível do TJMG e, atualmente, a 3ª Câmara Cível. No ano de 2018, assumindo a presidência do TJMG o desembargador Nelson Missias de Moraes, fui convidado por ele a assumir a Superintendência Administrativa Geral do Tribunal de Justiça, porém, a pedido do próprio presidente, alguns meses depois, disputei a presidência da nossa querida Associação de Magistrados Mineiros (Amagis), concorrendo em chapa única e assumi a presidência de 2019 a 2021.
Fizemos todo um planejamento e iniciamos a execução desse planejamento no ano de 2019, fazendo gestões tanto financeira quanto administrativas, de uma maneira geral, porém no ano de 2020 fomos surpreendidos com a pandemia do coronavírus, oportunidade em que praticamente o país parou e, não foi diferente com a nossa Associação, que voltou os olhos para a proteção dos associados e o acompanhamento, muito preocupante, da saúde física e mental de todos; e, assim, a associação se manteve nessa perspectiva até o final de minha gestão, ou seja, os desafios enfrentados visavam tão somente a saúde do magistrado.


Não só tive grandes responsabilidades junto aos colegas mgistrados, nesse plano, como também tive que cuidar de grave enfermidade de um filho e, para mim, foi um desafio porque questões familiares sempre nos pautam em grandes responsabilidades, porém, aquilo que pedi em reza a Deus no início de minha gestão frente à Amagis, para que me desse forças para enfrentar os problemas, Deus me deu dificuldades e penso que minhas preces foram atendidas.


O Sr. tem uma forte ligação com a cidade de Pedro Leopoldo, onde nasceu e começou a trabalhar muito cedo no cartório de seu pai. Como foi isso e quais os principais ensinamentos recebeu naquela época e que ainda aplica nos dias de hoje?


De fato, muito jovem, comecei a trabalhar no cartório do meu pai, em Pedro Leopoldo, aos 14 anos de idade, porém, antes disso meu “velho e saudoso pai” havia me colocado em trabalho junto a uma padaria de um amigo, onde ingressei aos 12 anos e por lá trabalhei até que meu antigo patrão, Sr. Geraldo dos Santos, me dissesse que eu teria maiores oportunidades na vida se trabalhasse com meu pai. No cartório fiquei por 11 anos, onde recebi todos os ensinamentos do meu querido pai e que, de certa forma, me encaminhou a buscar o concurso público para a magistratura, em que ingressei no ano de 1990. Na verdade, trago comigo os ensinamentos do “velho pai” de tratar todos com muita dignidade principalmente respeitando a grande classe dos advogados, que sempre atendi com muito carinho e respeito como servidor do cartório, recordando o nome de antigos profissionais que atendia como: Raimundo Cândido, Jair Leonardo, Geraldo Oliveira, Lauro Bracarense, Sidney Safe, Célio Goyatá, Ariosvaldo de Campos Pires e tantos outros grandes profissionais do Direito, que sempre abrilhantaram os quadros da OAB.


O Sr. é um leitor assíduo e tem como um de seus passatempos preferidos os livros da vasta biblioteca que mantém em sua casa em Pedro Leopoldo. Com as redes sociais, lê-se cada vez menos, principalmente os jovens. Como o Sr. enxerga a interferência das redes sociais na formação das novas gerações?


Na verdade, o grande leitor que conheci foi meu pai, que era de formação apenas de escola primária, porém era um autodidata e tinha compulsividade na leitura e grande formação humanística, deixando, realmente, uma grande biblioteca, que herdei quando do seu falecimento e que mantenho com grande carinho no meu escritório em casa de residência na minha cidade de Pedro Leopoldo. Nesse ambiente da biblioteca, busco também me aperfeiçoar na leitura e seguir o exemplo do meu pai em minha formação.


Hoje, a juventude de uma maneira geral, afastou-se da prática da leitura convencional, uma vez que a internet e as redes sociais, cada vez mais, interferem na formação destas novas gerações que buscam orientação nessas novas formas de acesso ao conhecimento. Redes sociais e internet são ferramentas extremamente necessárias mas que devem ter regras de pesquisa e não serem tão-somente o meio único disso, mas a leitura convencional de literaturas diversas muito ajudam na formação do ser humano.

Seu pai costumava dizer, ao fazer referência aos grandes advogados da época, que advogar é uma profissão difícil, pois tem que se viver de “pires na mão”. O Brasil é o segundo país com maior número de advogados, com quase 1,5 milhão de profissionais, perdendo apenas para Índia. Como o Sr. enxerga a dificuldade natural da profissão, em tempos de inteligência artificial (IA) e diante de um mercado tão disputado?


Quando trabalhei junto a meu pai no cartório, via nele um grande incentivador dos jovens advogados. Meu pai não tinha formação na advocacia, mas os seus mais de 50 anos de trabalho frente àquela serventia o qualificaram como um verdadeiro advogado. A sua fidalguia e gentileza para com todos faziam do papai uma referência para os advogados e ele os ajudava a todos. Não é por demais dizer que dois grandes pedro-leopoldenses que abrilhantaram o TST (ministros José Luciano de Castilho Pereira e Carlos Alberto Reis de Paulo) muito tiveram a ajuda do meu pai em tempos de advocacia e tinham extrema consideração por ele. Por isso que ele tinha essa expressão de que a vida do advogado era um verdadeiro “pires na mão”.

Hoje, em tempos modernos, chegamos com um número de advogados muito grande, estimando-se que no Brasil militam 1,5 milhão de advogados (dados da OAB – internet). Evidentemente que temos os grandes escritórios de advocacia, praticamente inseridos no contexto das grandes consultorias e também um grande número de advogados que trabalham de forma independente, cada um buscando o seu sustento. Hoje encontramos no caminho desses profissionais ferramenta desafiadora, consubstanciada na inteligência artificial e o advogado deverá buscar a qualificação para que essa ferramenta lhe auxilie ao longo do tempo porque a I.A. é um caminho sem volta e o profissional terá que se esforçar para trabalhar dentro dessa nova realidade virtual, que praticamente já está inserida dentro de todos os tribunais do país.

Acesse o Clube do Assinante

Clique aqui para finalizar a ativação.

Acesse sua conta

Se você já possui cadastro no Estado de Minas, informe e-mail/matrícula e senha. Se ainda não tem,

Informe seus dados para criar uma conta:

Digite seu e-mail da conta para enviarmos os passos para a recuperação de senha:

Faça a sua assinatura

Estado de Minas

Estado de Minas

de R$ 9,90 por apenas

R$ 1,90

nos 2 primeiros meses

Aproveite o melhor do Estado de Minas: conteúdos exclusivos, colunistas renomados e muitos benefícios para você

Assine agora
overflay