BH se destaca na produção de bebida à base de maçã; confira
Popular na Europa e, em especial, na Inglaterra, a sidra vem conquistando o público de BH
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Por muito tempo, a sidra, bebida fermentada de maçã, esteve ligada a um paladar doce e enjoativo, ao menos aqui no Brasil. Do outro lado do Atlântico, na Europa, a bebida é muito consumida e apresenta um sensorial bem diferente; pode se assemelhar até a uma cerveja ou a um espumante, sendo consumida pura ou no preparo de drinques.
Novas marcas belo-horizontinas apostam justamente em trazer essa bebida leve e refrescante para a capital mineira. Lançada em setembro deste ano, a Aparesidra surgiu da paixão em comum de Rafael Ávila e Cláudia Pitanguy pela bebida.
“Eu morei na Inglaterra por cinco anos, em uma área bem rural, que tinha muitas feiras de produtores locais. Lá, conheci a sidra e me apaixonei, tanto pelas grandes marcas quanto pelas artesanais”, explica Cláudia, sócia da Aparesidra.
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Rafael, que já conhecia Cláudia, descobriu a sidra na casa dela, na Inglaterra. “Fiz uma viagem com minha mulher e aproveitamos para visitar a Cláudia. Ela me apresentou a sidra e eu me encantei. Durante todo o resto da viagem, foi só isso que eu bebi”, conta.
Virada de chave
Foi no ano passado que Rafael pensou em mudar da carreira acadêmica para a de empreendedor, tudo por conta de sua paixão pela sidra. “Minha esposa me disse: ‘Por que você não começa a produzir sidra?’ e logo falou para eu convidar a Cláudia para isso.”
O convite soou perfeito, já que Cláudia tem formação em gastronomia e já produzia sidra em casa para consumo próprio. “Eu sempre procurei a bebida em mercados, achava de vez em quando, mas nunca era algo constante. Quando comecei a fazer em casa, fui descobrindo que vários amigos gostavam da sidra”, ressalta.
Receita inglesa
Os sócios acreditam que a bebida caiu no gosto dos amigos e vem caindo no dos belo-horizontinos por ser bem diferente da sidra com que estávamos acostumados, doce e enjoativa. “Queríamos que ela fosse seca, para quebrar o estigma da sidra doce. Ela é para um paladar mais maduro, fica entre a cerveja e o espumante”, conta Rafael.
Ele e Cláudia explicam ainda que seguem a receita britânica, que é mais puxada para a cerveja, bem refrescante e perfeita para o verão. Vale ressaltar que, embora o modo de fazer seja europeu, as maçãs são brasileiras. A dupla utiliza as maçãs Gala e Fuji, tradicionais do Brasil, na produção. “Na Inglaterra, há cerca de dois mil tipos de maçãs, e a maior parte das usadas na produção das sidras são as mais ácidas, que não são consumidas puras. Aqui, as maçãs Fuji e Gala são mais adocicadas, mas, mesmo assim, chegamos a uma receita equilibrada”, explica Cláudia.
Nome criativo
O nome "Aparesidra" veio depois que Rafael descobriu que o Bairro Aparecida, na Região Noroeste de BH, era um bairro boêmio. "A gente também quer aparecer como uma marca de sidra, daí veio a ideia de usar o nome 'Aparesidra'", esclarece.
Viagem virou negócio
Outra marca mineira que se dedica inteiramente à produção da sidra é a Manza. Seu fundador, Hélio Josengler, teve a ideia de investir nesse nicho de mercado após uma viagem pela Europa. “Em todos os países por onde passei, eu bebia muita sidra. Quando voltei ao Brasil, vi que não havia isso aqui, apesar de ser uma bebida bem refrescante e ideal para o clima tropical”.
Assim, ele começou a produzir a bebida em casa. “Fiquei um ano produzindo como hobby, foram 60 testes até chegar à receita ideal”, destaca Hélio. Os amigos e familiares gostaram tanto da bebida que, logo no primeiro lote feito para vender, no meio do último ano, ele já começou com dois mil litros.
Tempero especial
Assim como Rafael e Cláudia, Hélio utiliza as duas maçãs brasileiras: Gala e Fuji. Ele, entretanto, também adiciona limão siciliano à mistura. “Queria uma sidra fresca, com notas frutadas, uma bebida refrescante”.
Premiações
Apesar de jovem, a marca já vem colecionando reconhecimentos em premiações. Neste ano, recebeu medalha de bronze no World Drink Awards. “Esse concurso foi sediado em Londres, que é conhecida como a capital da sidra. Por isso, foi ainda mais significativo.”
No Brazil Cup, outro concurso de bebidas, a sidra da Manza ganhou medalha de ouro na categoria “sidra especial” (isto é, que não segue a receita tradicional) e ainda o primeiro lugar na categoria “best of show”, disputada pelos vencedores de todas as outras categorias de sidra.
Na coquetelaria
Além de ser consumida pura, a sidra é, muitas vezes, usada no preparo de drinques. A Manza está investindo muito nisso também, e já possui uma carta de coquetéis que pode ser preparada com ela. Um exemplo é o “Aperanza”, feito com Aperol, rodelas de laranja e Manza.
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“O legal da sidra é que você pode usá-la no lugar do espumante ao fazer drinques. Além de dar um gostinho especial, a embalagem não é grande como a dos espumantes, o que evita o desperdício”, destaca Hélio.