BH se despede do Bar Bolão na esquina do Santa Tereza neste domingo (26/10)
O estabelecimento não vai mais funcionar na esquina em frente à Praça Duque de Caxias, no Bairro Santa Tereza, Região Leste de BH
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“O Bolão não fecha. O Bolão renasce”, afirma Karla Rocha, proprietária do bar que tem 64 anos de existência. Neste domingo (26/10), um capítulo se encerra na história do estabelecimento. O Bar Bolão não vai mais funcionar na esquina em frente à Praça de Duque Caxias, no Bairro Santa Tereza, na Região Leste de Belo Horizonte, depois de 57 anos no endereço. Para quem quiser se despedir, o estabelecimento vai funcionar de 11h às 17h neste domingo.
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O casarão ícone da boemia na capital mineira é cenário de memórias repletas de música, futebol, prêmios e, claro, comidas e bebidas. Por anos, a esquina em frente à Praça Duque de Caxias foi o ponto final da juventude que curtia a madrugada em BH. Quando a cidade inteira parecia dormir, o Bolão estava de portas abertas para servir espaguete, rochedão e a saideira.
A esquina em Santa Tereza reuniu e conquistou um público amplo. Isso fica visível nas paredes do bar, que exibem prêmios de gastronomia, discos de ouro da banda Skank e camisas dos três principais times de BH. Nas mesas do Bolão, vitórias foram comemoradas, músicas foram compostas e conversas foram desfiadas.
O lugar do Bolão no coração dos belo-horizontinos também ficou evidente na semana que antecedeu a despedida neste domingo (26/10). Desde que o anúncio de fechamento foi feito no domingo anterior (19/10), pessoas foram ao estabelecimento para comer, beber e se despedir do espaço e dos funcionários que estão na casa há anos. Na quarta-feira (22/10), a reportagem esteve no bar e presenciou os garçons sendo abraçados e tirando fotos com os clientes.
Portas fechadas
O motivo do fechamento das portas na icônica esquina foi o pedido do imóvel, por parte do locador, para a realização de reformas, de acordo com a proprietária do bar Karla Rocha. Ela garante que o comércio vai abrir em outro local, ainda não definido, e que o adeus do ponto tem sido uma mistura de sentimentos. “Nesses 64 anos de história, foi criado um legado, não só para a família, mas para os funcionários, para todos os clientes que participaram da nossa história (...) O Bolão é uma história”, comenta, emocionada.
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O casarão na esquina vai fechar, mas por outras vezes resistiu. As atividades no local em que ele se tornou um “clássico” de BH sobreviveram à pandemia da Covid-19, quando foi necessário fazer lockdown. Em agosto de 2020, Karla Rocha contou ao Estado de Minas que o bar se agarrou ao serviço delivery para se manter.
Em 2013, o Estado de Minas acompanhou o sufoco enfrentado com a venda do imóvel. “É toda uma vida aqui. Não gosto de falar sobre a venda, pois dá vontade de chorar. Espero que isso se resolva logo, pois tem sido uma tortura. Não temos o dinheiro suficiente para comprar”, afirmou José Maria Rocha, cujo apelido dá nome ao bar, à reportagem na época. Ele também foi o responsável por criar o rochedão — composto por arroz, feijão, bife, ovo frito e batata frita.
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De acordo com Karla Rocha, a família não conseguiu comprar o imóvel à época, mas continuou o alugando do novo proprietário.