SAUDÁVEL E RICA EM SABOR

Viagem pelo paladar: veja onde encontrar comida mediterrânea em BH

Restaurantes belo-horizontinos resgatam temperos e sabores de alguns dos 22 países banhados pelo Mar Mediterrâneo

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Se definir a gastronomia de um único país já não é uma tarefa fácil, fazer isso com uma região que engloba 22 nações, como é o caso do Mediterrâneo, se torna uma missão ainda mais difícil. As culturas de cada um desses países são completamente distintas, afinal, o Mar Mediterrâneo fica entre a Ásia, Europa e África, além de banhar ilhas além dos continentes. Algumas características, entretanto, são tradicionalmente usadas para definir e sintetizar a comida da região: o frescor dos ingredientes, como os frutos do mar e peixes; e o uso abundante de azeite de oliva, ervas e especiarias são algumas delas.

Diferentemente da culinária italiana ou francesa, a mediterrânea chegou em Belo Horizonte há relativamente pouco tempo por meio de casas especializadas. Em cada uma delas, o cardápio segue uma linha diferente, focando em determinados países e culturas.

Novos ares

A cidade ganhou, no último mês, um novo restaurante focado nessa gastronomia: o Carmen. Localizado no Bairro Lourdes, na Região Centro-Sul da cidade, tem um cardápio diverso, com tapas frios e quentes, sanduíches, saladas, pratos principais e sobremesas.


No caso do Carmen, a Grécia e o Marrocos foram os países banhados pelo Mediterrâneo que incentivaram Marcílio Cruz, proprietário da casa, a investir nessa gastronomia. “Eu já tinha tido a oportunidade de experimentar essas cozinhas. Entre 2011 e 2020, participei de um trabalho em que ia, uma vez por ano, à Guiné Equatorial, na África. Lá, há muita incidência da comida marroquina, então tive um contato diário com ela durante essas viagens”, destaca.

No menu, Marcílio traz referências dessas gastronomias, a exemplo das sardinhas recheadas com cuscuz marroquino (R$ 44) ou da “Moussaka”, prato tradicional grego com camadas de carne de carneiro, fatos de berinjela, tomates e molho branco. No Carmen, o prato (R$ 69) é feito com camadas de abobrinha tostada, cogumelos Paris em molho de tomate, castanhas tostadas no azeite, gratinada com queijo parmesão e servida com molho pesto, tomates assados e gremolata.

Referências múltiplas

Apesar da relação pessoal com esses países, Marcílio busca, no restaurante que leva o nome de sua mulher, outras referências de países da região. Para agradar os mineiros, por exemplo, que “são muito carnívoros”, ele apostou em uma bisteca à fiorentina (R$ 196, para duas pessoas), prato tradicional da cidade de Florença, na Itália. O corte de Angus é grelhado no azeite de carvão e servido com salsa de pimentões e batatas assadas com cominho e páprica picante.


Chegando na península Ibérica, mais especificamente na Espanha, que também é banhada pelo Mar Mediterrâneo, a inspiração foi completamente diferente: um socarrat com camarões, alho e gremolata (R$ 122). Sabe aquele fundinho caramelizado que se forma na paella espanhola? Esse é o socarrat, e, no Carmen, o arroz com ele é enrolado e servido com camarões.


Marcílio buscou também inspiração em um país vizinho da Espanha: Portugal. “Apesar dele não ser um país mediterrâneo, tem um clima parecido, está ali do lado”, conta. O lombo de bacalhau confitado no azeite com legumes grelhados, azeitona e telha de batata (R$ 148) está diretamente ligado ao clássico português, o bacalhau a lagareiro.

Entre tapas e saladas

Tapas são aquelas comidinhas servidas em porções pequenas, próprias para compartilhar. “As pessoas hoje querem experimentar mais itens e compartilhar”, explica Marcílio, que diz ter pensado bastante nisso na elaboração do cardápio. Por isso, o menu conta com tantas variações deles, divididos entre frios e quentes, além dos pratos principais.

Outra seção surpreendente da carta é a de saladas, que dialoga diretamente com a demanda do público por opções mais saudáveis e nutritivas. O mais interessante é que o Carmen aposta em saladas de diferentes países. A fatouche (R$ 48), é clássica do Líbano, e leva alface-romana, tomates, rabanete, legumes verdes, azeitona, pepino, coalhada seca, gremolata, sementes de romã e pão tostado.
Por outro lado, a niçoise (R$ 48), típica de Nice, no Sul da França, é feita com ovo de codorna, atum, aliche, tomates, rabanete, legumes verdes, azeitona, cebola marinada no limão, batatas assadas, pimentões e gremolata.

 Talharim com camarões à provençal do Margarida Cozinha Mediterrânea
Talharim com camarões à provençal do Margarida Cozinha Mediterrânea Cozinha Mediterrânea/Divulgação

Paixão pelo mar 

Além de chef, Marcos Pina é mergulhador autônomo, e sempre foi apaixonado pelo mar. Esse gosto foi um diferencial quando, em 2019, abriu seu restaurante em Belo Horizonte. Ele havia acabado de sair de Macacos, pelo risco de rompimento de uma barragem, onde tinha uma operação dentro de uma pousada. “Quando cheguei em BH vi que existiam muitos restaurantes de comida italiana, francesa, mas nada especificamente mediterrâneo”, conta.

Vendo essa carência da capital e aliando isso ao seu estilo de vida saudável e à paixão pelo mar, inclusive pelas comidas que saem dele, Marcos decidiu apostar nessa cozinha para o negócio.

VISTA: Cordeiro prensado (feito com pernil de cordeiro) com purê de cenoura e farofa crocante de bacon
VISTA: Cordeiro prensado (feito com pernil de cordeiro) com purê de cenoura e farofa crocante de bacon Vista/Divulgação


O Margarida Cozinha Mediterrânea fica no Bairro Funcionários, Região Centro-Sul de BH e leva o nome da mãe de Marcos, que comemora por poder ter feito essa homenagem enquanto ela ainda era viva.
No cardápio, é possível viajar por meio dos pratos, que passam principalmente pela Europa e Oriente Médio, colocando também um “pézinho” no Brasil. Segundo o chef e proprietário da casa, as cozinhas italiana e espanhola são as campeãs de venda, com pratos como a paella (R$ 235, para duas pessoas), o arroz negro com polvo e as massas e risotos, com destaque para o talharim com camarões à provençal (R$ 125).


Assim como Marcílio fez no Carmen, Marcos não pôde abrir mão da carne vermelha, tão amada entre os brasileiros em geral. Por isso, serve o tornedor de filé, que pode ser acompanhado de risoto (dentre cinco sabores distintos) ou macarrão alfredo (com molho à base de queijo).


O prato mais especial da casa, criado pelo chef inspirado por sua mãe é o atum com crosta de camarão seco selado acompanhado de berinjela gratinada (R$ 94). “Minha mãe é baiana, nessa crosta de camarão trago um pouco do sabor nordestino”, destaca Marcos.

Terra à vista 

O visual é um dos grandes atrativos do restaurante Vista, inaugurado há um mês no Bairro Belvedere, Centro-Sul da capital mineira. O pôr do sol com as montanhas que circundam a cidade e os prédios iluminados transporta os clientes para uma outra atmosfera, onde curtem a visão com bons drinques e comidas.


No cardápio, o chef e sócio do empreendimento, Anderson Makwey, trouxe o que entende por mediterrâneo. “O nosso foco é a Grécia, que nos inspira desde o projeto arquitetônico até o cardápio”, diz. Por isso, um dos pratos principais no menu é uma salada grega (R$ 49) com molho de iogurte com pepinos, cebola roxa, azeitona e queijo feta, típico de lá e pouco usado por aqui.

Pensando também em agradar o público belo-horizontino, ele trouxe o prato que, não por acaso, é o mais vendido: corte de flat iron, molho roti, nhoque de batata com parmesão sobre cama de fonduta de queijo com azeite trufado (R$ 99). “Também dei uma ‘abrasileirada’ no cardápio, pensando em englobar o máximo de pessoas”.


Apesar disso, outros pratos regionais como a paella de frutos do mar (R$ 139) e o risoto de camarão (R$ 109) com tinta de lula também fazem sucesso entre os clientes que buscam inovar um pouco.


Entre os drinques, Anderson explica que o Aperol Spritz (R$ 39), o coquetel do momento, é uma pedida certa. “Combina com o nosso ambiente, que é adequado para eventos durante o dia ou a noite”. O chef conta, no entanto, que foi surpreendido com o consumo dos vinhos na casa. “Não sabíamos que a carta de vinhos ia ser tão requisitada”.

Tartare de filé do Olívia Mediterrâneo
Tartare de filé do Olívia Mediterrâneo Victor Schwaner/Divulgação


Mediterrâneo mineiro

Um dos primeiros chefs a trazer a comida mediterrânea para um espaço de protagonismo na capital mineira foi Jorge Ferreira. Em seu primeiro restaurante, o Olívia Mediterrâneo, ele trabalha com sabores e temperos de países árabes e europeus.

Apesar de ser parte central do restaurante e estar, inclusive, em seu nome, a cozinha do Mediterrâneo nem sempre esteve nos projetos de Jorge. “Eu sabia que, no meu restaurante, queria servir uma comida fresca, vibrante, mais leve e com frutos do mar, ingredientes que tenho muita intimidade. Foi aí que alguém me falou que tudo isso tinha a ver com a culinária mediterrânea”.

Kebab de paleta de cordeiro - com pão de iogurte, coalhada seca e salada de tomates com cebola roxa
Kebab de paleta de cordeiro - com pão de iogurte, coalhada seca e salada de tomates com cebola roxa Victor Schwaner/Divulgação


Ele, que gosta muito de ler, logo começou a estudar sobre isso, por meio de livros e colegas de profissão que moravam em algum dos 22 países banhados pelo Mar Mediterrâneo. Assim, em 2021 nasceu seu primeiro restaurante, que segue essa culinária mas não abandona os produtos de Minas.


“O meu desafio era fazer comida mediterrânea em BH, e eu queria valorizar o terroir mineiro. Por isso, percebi que em Minas temos produtores de itens como cordeiro, burrata, azeites, que são muito usados na culinária que trabalho”, conta Jorge.


Por isso, apesar de não trabalhar com comida mineira, ele utiliza ao máximo produtos feitos no estado. “Sou paulista de nascimento, mas mineiros de coração, para mim faz muito sentido valorizar o que é produzido aqui”.

Destaques

No menu do Olívia, fica claro a fusão de culturas e temperos que o chef propõe. O seu arroz de pato (R$ 109), por exemplo, carrega um toque árabe de coalhada de laranja. Entre as entradas, o kebab de paleta de cordeiro (R$ 53), com pão de iogurte, coalhada seca e salada de tomates com cebola roxa, mescla o Oriente Médio e a Europa, em especial a Grécia.

O clássico cuscuz marroquino acompanha um polvo grelhado no azeite defumado e legumes (R$ 139) no restaurante. “Trabalho com especiarias e ervas em pratos para trazer também esse lado do Norte da África”.

*Estagiária sob supervisão de Isabela Teixeira da Costa

 

Bisteca à Fiorentina (do Carmen)
Bisteca à Fiorentina (do Carmen) Victor Schwaner/Divulgação

Anote a receita:Bisteca à Fiorentina do Carmen

Ingredientes:

1 pimentão vermelho, 1 pimentão amarelo, 1 pimentão verde, 1 cebola roxa, 20ml de azeite extravirgem, 10ml de vinagre de vinho tinto, 300g de batatas baby, 20g de sal, 10g de cominho, 10g de páprica picante, 1 bisteca fiorentina (aproximadamente 800g), sal a gosto e pimenta-do-reino a gosto.

Modo de fazer:

Para a salsa de pimentões, coloque os pimentões na chama do fogão até queimar toda a pele. Retire-os, coloque num bowl e feche com plástico filme, abafando os pimentões.
Quando estiverem mornos, retire a pele e as sementes. Corte em tiras pequenas (5 cm de comprimento).Corte a cebola em lâminas finas e refogue, rapidamente, no azeite. Assim que amolecerem, acrescente o vinagre e deixe reduzir à totalidade. Junte a cebola e os pimentões.
Para as batatas, cozinhe-as com casca, em água com sal, até ficarem bem macias.
Retire da água, coloque numa assadeira, acrescente azeite, páprica e cominho. Misture bem e leve ao forno por 20 minutos, a 180 graus.Para a bisteca, tempere a peça de carne com sal e pimenta-do-reino 30 minutos antes de iniciar o preparo. Leve ao fogo, de preferência em churrasqueira ou grelha, e deixe grelhar por 6 minutos de cada lado. Retire do fogo e deixe a carne descansar por, pelo menos, 8 minutos. Sirva a bisteca com a salsa de pimentões por cima e as batatas para acompanhar.

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Serviço

Carmen Cozinha Mediterrânea
Rua Rio de Janeiro, 1973, Lourdes
(31) 97217-3344
De terça a sexta, das 18h à 00h
Sábado, das 12h à 00h
Domingo, das 12h às 18h

Margarida Cozinha Mediterrânea
Avenida Carandaí, 421, Funcionários
(31) 3243-2975
De terça a sábado, das 11h às 16h30 e das 17h às 22h30
Domingo, das 11h às 16h

Vista Mediterraâneo
Avenida José Maria Alkimin, 86, Belvedere
(31) 99761-2703
Quarta e quinta, das 17h às 23h
Sexta e sábado, das 12h à 00h
Domingo, das 12h às 19h

Olívia Mediterrâneo
Alameda Oscar Niemeyer, 1033, loja 18, Vila da Serra
(31) 99556-0952
Segunda, das 11h30 às 14h30

Terça e quarta, das 11h30 às 14h30 e das 18h às 23h
Quinta, das 11h30 às 14h30 e das 18h à 00h
Sexta, das 11h30 às 15h30 e das 18h às 23h30
Sábado, das 12h às 16h30 e das 18h às 23h30
Domingo, das 12h às 16h30

Tópicos relacionados:

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