Múltiplas perspectivas
Seja em rooftops ou em pontos altos da cidade, em regiões centrais ou na grande BH, espaços com vista privilegiada da capital mineira encantam moradores e turis
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Siga noPouco tempo depois de se tornar capital de Minas Gerais, Belo Horizonte foi batizada com o nome que carrega hoje. Na verdade, no início do século 20, quando esse batismo aconteceu, o nome da cidade era escrito com outra grafia. “Bello Horisonte” se tornou a Belo Horizonte que conhecemos hoje em agosto de 1901. Independentemente do “l” duplo ou do “s” no lugar do “z”, BH sempre foi reconhecida pela paisagem montanhosa que circunda a cidade.
Os anos se passaram e uma nova paisagem urbanizada passou a integrar os horizontes da cidade. A admiração da população, entretanto, parece não ter mudado. Diariamente, pessoas se reúnem em pontos altos da cidade para assistirem ao pôr do sol deslumbrante que pinta os céus belo-horizontinos. E, para acompanhar um visual tão aclamado, nada melhor que drinques, pratos e petiscos dos mais variados tipos.
Pensando nisso, bares e restaurantes espalhados pela capital mineira buscam cada vez mais ocupar espaços nos andares mais altos da cidade, onde os clientes possam ter acesso a novas perspectivas, para admirar uma BH vista de cima.
De um topo para outro
Quando se pensa em uma paisagem privilegiada, é difícil não lembrar do restaurante Topo do Mundo. Hoje, ele ocupa o último andar da Torre Alta Vila, em Nova Lima. A construção de 103 metros já é um ponto turístico por si só, mas a chegada do restaurante ao local, em 2018, trouxe a atenção do público para ela novamente, após alguns anos de pouca visibilidade.
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Antes de se instalar na torre, o Topo do Mundo, que existe desde 2004, ficava na Serra da Moeda, no ponto mais alto da BR-040 até o Rio de Janeiro, onde até hoje os aventureiros gostam de pular de asa delta ou parapente. Embora não estivesse em um altíssimo prédio, já era muito conhecido pela paisagem encantadora das montanhas mineiras. “Ambos os espaços estão mais ou menos na mesma altitude, mas o desafio foi mudar o visual para mais urbano, que também vislumbra o relevo de Nova Lima”, explica Ludmila Rettore, sócia-proprietária do restaurante, ressaltando o apreço pela vista onde quer que esteja a operação da casa.
Rettore destaca também o grande fluxo de turistas no local, afinal, além da vista para toda a cidade, eles oferecem um cardápio com pratos internacionais que utilizam ingredientes regionais. Os fondues do restaurante são bastante procurados. Entre as opções, o fondue de filé ao vinho (R$196,90, para duas pessoas) e o fondue de chocolate (R$129,90, para duas pessoas) são alguns destaques.
Para quem quiser fugir um pouco do romantismo dos fondues ou mesmo preferir algo mais adequado ao clima quente que assola a cidade em determinados períodos do ano, o restaurante disponibiliza um vasto cardápio com opções para todos os gostos. Os escalopes de filé com fettuccine alfredo (R$135,90), por exemplo, são um clássico sem erro.
Edifício histórico e vista deslumbrante
Essas são duas características marcantes do Terraço Niê, localizado no rooftop do P7 Criativo, edifício dos anos 1950 projetado por Oscar Niemeyer. O ambiente interno também foi pensado para agregar a experiência do cliente. “Decoramos o espaço trazendo características clássicas dos rooftops de Nova York para trazer um certo glamour para o centro da cidade, em um prédio que já é muito bonito por conta própria”, conta Leonardo Ximenes, sócio-proprietário do Niê.
A gastronomia e a coquetelaria também são protagonistas do restaurante, que conquistou o público mineiro, que costuma ter que reservar mesas com uma semana de antecedência para sextas ou sábados. Durante a semana, no almoço, o restaurante tem um menu executivo, além do cardápio à la carte. Um dos pratos de destaque é o filé grelhado com risoto de parmesão (R$99), que vem com molho roti e uma crocante telha de couve.
Leonardo Rocha, também sócio-proprietário do Niê, destaca a nova perspectiva que o estabelecimento proporciona a turistas e belo-horizontinos. “O restaurante se tornou um ponto de observar a cidade de um outro ângulo, o central. Normalmente, as pessoas apreciam a vista da cidade nos bairros Santa Lúcia ou Mangueiras”, comenta, reforçando a paisagem de praticamente 360 graus que o espaço oferece.
A parceria dos xarás por trás do Niê resultou em outros dois restaurantes, um deles é o Eleven Cafe, localizado no topo de um outro edifício no centro da cidade. Enquanto o Niê oferece mais opções de pratos, petiscos e drinques, o Eleven é o ambiente perfeito para clássicos bem-feitos. O restaurante abre para o almoço durante a semana, oferecendo pratos executivos clássicos brasileiros, como a feijoada (R$35), servida às sextas-feiras.
Espaços que contam histórias
De 1960 até 2020, quando o mundo foi surpreendido pela pandemia da Covid-19, funcionou, no topo de um edifício no centro da cidade, um bar. Dois anos depois, em 2022, Sérgio Fernandes encontrou uma lacuna que poderia ser preenchida: o espaço antes ocupado pelo Top Bar, que estava abandonado desde o encerramento das atividades do bar da década de 1960.
Assim nasceu o No Alto Bar, reescrevendo e continuando o legado de um histórico estabelecimento belo-horizontino. Esse fator nostálgico que o espaço carrega é um dos diferenciais. “Algumas pessoas mais velhas vem e falam: "meu Deus, eu vinha aqui quando eu era mais nova, eu sentava aqui”, conta Sérgio, que é sócio-proprietário do local.
A necessidade de mais lugares seguros e bares no centro da cidade também motivou o sócio. O interessante é que hoje, o No Alto Bar se tornou também um espaço que abraça a comunidade LGBTQIA +. “A nossa equipe de segurança, inclusive, é toda instruída e moldada para acolher essa população”, explica.
O foco do espaço são os drinques clássicos. O ambiente já é todo iluminado, e à noite, as luzes do teto se unem à paisagem da cidade vista do 24º andar do edifício. Para quem quiser curtir uma noitada em grande estilo, alguns destaques de drinques são o Aperol Spritz (R$29) e o Blonde Citrus Highball (R$29).
A vista como protagonista
Na Região Oeste de Belo Horizonte, no Bairro Buritis, o restaurante e bar Picco SkyBar e Food oferece aos clientes uma vista privilegiada da cidade. Isso é, sem dúvidas, um dos maiores atrativos do espaço. “As pessoas já chegam procurando a vista”, diz Jonas de Paiva, sócio-proprietário da casa.
Todos os momentos do dia são apreciados, mas Jonas percebe que o pôr do sol é o protagonista diário. “É um momento que a gente vê que a casa para. Todos os dias, as pessoas brindam, cantam parabéns”, comenta.
No espaço, a gastronomia é pensada para compor a vista deslumbrante. Porções compartilhadas e finger foods, são sucessos de venda do bar, além, claro, dos drinques, vinhos e cervejas. Para quem preferir jantar vendo as luzes da cidade ou almoçar apreciando um dia ensolarado, o Parmegiana (a partir de R$98, para duas pessoas) pode ser uma opção interessante. O prato pode ser pedido com frango, filé mignon ou berinjela, e acompanha arroz com alho e batatas fritas.
Alta gastronomia e ampla visão da cidade
“O ambiente foi projetado para que a vista não fosse apenas um detalhe, mas parte da arquitetura sensorial do lugar”, conta Massimo Battaglini, chef italiano que é um dos sócios do Outland. Situado em uma região alta da cidade, o restaurante pretende misturar gastronomia, música e um espaço aconchegante e naturalmente bonito, com uma vista para boa parte da cidade.
Arroz de pato do Outland
Assim como acontece no Picco, o entardecer é o momento mais disputado no restaurante. “O pôr do sol virou um verdadeiro evento no Outland. Aos sábados e domingos, é comum que as pessoas cheguem mais cedo para garantir um lugar especial com uma vista privilegiada”, afirma Massimo.
O cardápio do Outland é pensado para atender diferentes tipos de clientes e ocasiões. “Para quem busca um pôr do sol animado e descontraído, há uma curadoria especial de comidinhas para compartilhar. Já os que chegam mais tarde, em busca de uma noite romântica, por exemplo, encontram pratos mais elaborados”, conta Massimo.
O arroz de pato (R$139) servido no restaurante é uma ótima opção para os dias frios, afinal, essa região mais alta da cidade esfria bastante. Para os que preferirem petiscar ou compartilhar comidinhas igualmente saborosas, Massimo sugere o sanduíche de pão de queijo recheado com pulled pork (R$69, com cinco unidades).
Lacunas da cidade
De alguns anos para cá, é possível observar um movimento de ocupação de bares e restaurantes na região central da cidade. O próprio Mercado Novo, que é hoje um ponto turístico consolidado na cidade, passou por uma reocupação, atraindo estabelecimentos da área da gastronomia e do lazer para integrar o espaço.
O mesmo vem acontecendo com alguns rooftops e estruturas antigas, muitas vezes esquecidas, no centro. O Terraço Niê é um exemplo disso. O centro, região em que o restaurante se situa, é uma área muito movimentada e ligada ao dia a dia de trabalho das pessoas, mas o que os sócios defendem é que também pode haver uma vida noturna nesse espaço.
Os empresários afirmam que estão quebrando paradigmas com a terceira casa no centro. Além do Niê, eles estão por trás do Eleven Cafe e do Montê Bar. “Mesmo com a vida de metrópole e a correria, não significa que o centro não pode ter um lugar para receber as pessoas em um momento de tranquilidade, para aproveitar uma boa refeição, ou apreciar a vista da cidade”, comenta Leonardo Ximenes.
O próprio Eleven Cafe também oferece ao público um pouco de aconchego e paz na correria diária. Com um cardápio mais simples e funcionamento no almoço durante a semana, pode ser um refúgio para degustar uma comida caseira do alto, longe do trânsito de carros e pessoas.
(Re)ocupar espaços e histórias
A situação do No Alto Bar não é muito diferente. Também no centro da cidade, o estabelecimento pretende revisitar a história de um espaço que estava abandonado e oferecer um ambiente em que as pessoas se divirtam em segurança nessa região. Outro diferencial da casa é o acolhimento ao público LGBTQIA +, que exige ainda mais atenção e cuidado com a segurança, afinal, ainda são uma parcela socialmente vulnerável e vítimas diárias do preconceito.
No Alto bar une a vista da cidade com música diversa e bons drinques
“Pegamos um lugar abandonado e fizemos um ambiente gostoso. Acolhemos um público mais vulnerável socialmente e ocupamos um espaço, uma esquina importante no centro, em frente ao edifício Acaiaca e ao lado da Praça Sete”, comenta Sérgio Fernandes, um dos sócios do bar.
Sérgio ressalta a importância do direito das pessoas de acessar esses lugares, até mesmo para enxergar distintas versões da cidade, ser levado em consideração. “Acredito que a população deve ter esse direito de contemplar Belo Horizonte do alto, apreciar os morros, as serras, poder ver toda a riqueza que nossa cidade tem”, completa.
Anote a Receita: Arancini de funghi do Terraço Niê
Ingredientes (rende cerca de 15 unidades):
- 30g de cogumelos funghi secos
- 1 litro de caldo de legumes (ou de cogumelos)
- 2 colheres de sopa de azeite de oliva
- 1 colher de sopa de manteiga
- 1 cebola pequena picada
- 1 dente de alho picado
- 1 xícara de chá de arroz arbório
- 100ml de vinho branco seco
- 50g de queijo parmesão ralado
- 2 colheres de sopa de salsinha fresca picada (opcional)
- Sal e pimenta-do-reino a gosto
- 2 ovos batidos
- Farinha de trigo (quanto baste)
- Farinha de rosca (quanto baste)
- Óleo para fritar.
Modo de preparo:
- Para hidratar os cogumelos, cubra o funghi com água morna e deixe hidratar por cerca de 20 minutos. Escorra, reservando o líquido, e pique os cogumelos. Coe o líquido e junte ao caldo de legumes, mantendo-o aquecido.
- Para preparar o risoto, aqueça o azeite e a manteiga em uma panela. Refogue a cebola e o alho até dourar levemente. Acrescente os cogumelos picados e refogue por alguns minutos.
Adicione o arroz e mexa por 2 minutos. Despeje o vinho branco e deixe evaporar. Comece a adicionar o caldo quente, concha por concha, mexendo sempre, até o arroz estar al dente e com uma textura cremosa. Desligue o fogo, acrescente o parmesão e, se desejar, a salsinha. Acerte o sal e a pimenta.Transfira para uma travessa, cubra com filme plástico e leve à geladeira até esfriar completamente. Com as mãos levemente untadas, molde bolinhas com cerca de 4cm de diâmetro. Passe cada bolinha na farinha de trigo, depois nos ovos batidos e, por fim, na farinha de rosca. Em óleo quente, frite os arancini até dourarem bem. Escorra em papel absorvente e sirva quente.
Serviço
Terraço Niê (terraco.nie)
Rua Rio de Janeiro, 471, Centro
(31) 99062-5530
Segunda e terça, das 11h30 às 19h
Quarta e quinta, das 11h30 até 00h
Sexta, das 11h30 às 02h
Sábado, das 12h30 às 02h
Domingo, das 12h30 às 19h
Topo do Mundo (restaurantetopodomundo)
Rua Senador Milton Campos, 145, 2º andar da Torre Alta Villa, Vila da Serra
(31) 99371-0234
De terça a sexta, das 17h às 22h
Sábado, das 12h às 22h
Domingo, das 12h às 18h
No Alto Bar (noaltobar)
Rua dos tamoios, 200, 24º andar, Centro
(31) 98506-4184
De quinta a sábado, das 22h às 03h
Domingo, das 18h até 01h
Picco SkyBar e Food (piccobh)
Rua José Hemetério Andrade, 1000, Buritis
(31) 3144-9353
De segunda a quinta, das 11h às 15h
Sexta, das 11h até 00h
Sábado, das 11h às 23h
Domingo, das 11h às 21h
Outland (outland_)
Rodovia Br 356, km 7,5, s/n Olhos D'água
(31) 99882-1870
Sexta, das 17h até 01h
Sábado, das 13h até 01h
Domingo, das 12h às 20h
Eleven Cafe (elevencaferooftop)
Rua Espírito Santo, 250, 11º andar, centro
(31)987728750
De segunda a sexta, das 11h às 15h