Barcelona é cenário de crime e corrupção na série 'Cidade de sombras'
Em cartaz na Netflix, produção espanhola acompanha dupla de detetives às voltas com corrupção, poder e assassinatos na Casa Milà, Parque Güel e Sagrada Família
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Sagrada Família, Casa Milà e o Parque Güell são alguns dos cartões-postais mais emblemáticos de Barcelona, todos projetados pelo arquiteto catalão Antoni Gaudí (1852-1926). Em “Cidade de sombras”, nova minissérie espanhola da Netflix, os belos pontos turísticos se transformam em cenários de assassinatos brutais.
Adaptação do livro “El verdugo de Gaudí”, de Aro Sáinz de la Maza, a produção, dirigida por Jorge Torregrosa, começa com o sequestro de um magnata. Mantido em cativeiro, é levado à Casa Milà, pendurado na fachada e queimado vivo – crime filmado e publicado nas redes sociais.
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O caso fica a cargo do detetive Milo Malart (Isak Férriz), que foi suspenso após agredir um superior, e de sua nova parceira, Rebeca Garrido (Verónica Echegui), policial argentina que se muda para Barcelona após a morte da mãe, vítima de câncer.
Este é o último trabalho de Verónica, que morreu em agosto deste ano, aos 42 anos, após lutar contra o câncer. A doença foi mantida em segredo pela atriz indicada quatro vezes ao Goya, principal prêmio da indústria cinematográfica espanhola.
Os crimes investigados por Milo e Rebeca ocorreram entre outubro e novembro de 2010. A escolha desse período dá a impressão de que a narrativa se baseia em casos reais. No entanto, a série e o livro são inteiramente ficcionais.
Após a autópsia, os investigadores descobrem que a primeira vítima era dono de uma construtora. Ele permaneceu cinco dias em cativeiro, sem comida nem água, antes de ser executado. Quando ocorre novo sequestro, desta vez do responsável por instituições voltadas a menores infratores, Milo e Rebeca têm de correr contra o tempo.
Trama intrincada
Inicialmente, a corrupção parece ser o elo entre as vítimas, responsáveis por despejos em massa e desvios de grandes quantias de dinheiro. A hipótese mais imediata aponta para criminosos movidos por revolta e desejo de expor sua mensagem contra o sistema. Porém, com o avanço dos episódios, a trama revela um esquema intrincado, guiado por motivações pessoais e vingança.
Para elucidar os crimes, os investigadores precisam enfrentar instituições rígidas e corrompidas. A interferência de um jornalista sensacionalista, que se sobrepõe ao trabalho policial, e a postura de chefes relutantes em admitir a existência de um assassino em série travam o avanço das apurações, minando o trabalho de Milo e Rebeca.
Devido à resistência em se reconhecer a dimensão do caso, a narrativa tem início mais contido, mas ganha consistência ao longo dos episódios. A série se afasta das cenas de ação e perseguição para apostar, mais que na adrenalina, na construção psicológica dos personagens e na crítica ao poder e às instituições espanholas.
“CIDADE DE SOMBRAS”
• A minissérie, em seis episódios, está disponível na Netflix.
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*Estagiária sob supervisão da editora-assistente Ângela Faria