Gabriele Leite brilha pelo mundo e lança o álbum 'Gunûncho'
Radicada em Nova York, a violonista brasileira defende a popularização da música clássica e reúne composições de mulheres em seu segundo disco
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A violonista Gabriele Leite costuma comparar o trabalho do músico de concerto ao do atleta olímpico. “É alta performance o tempo inteiro”, diz. Natural de Cerquilho, no interior de São Paulo, radicada em Nova York desde 2021, ela tem 28 anos e acaba de lançar seu segundo disco, “Gunûncho”.
Dona de carreira relativamente curta, mas notável, Gabriele foi a primeira violonista clássica a integrar a lista Forbes Under 30, que reúne jovens talentos de destaque em diversas áreas. Em 2024, estava entre os “25 nomes que representam o futuro da música”, segundo a revista Rolling Stone Brasil.
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Em julho deste ano, ela abriu o show de Hermeto Pascoal na Holanda, poucas semanas antes da morte do multi-instrumentista alagoano, em 13 de setembro. Ao lado de talentos como o pernambucano Amaro Freitas, ela vem se consolidando como um dos destaques da nova geração de pianistas brasileiros.
Gabriele quer popularizar a música erudita e romper com estereótipos associados a esse universo.
“É preciso quebrar o estigma de que a plateia é só de pessoas mais velhas, de que isso não chega aos jovens. A música clássica precisa ficar mais acessível para que as pessoas a escutem em algum momento da vida”, defende.
Do projeto social a Nova York
Ela chegou ao universo erudito por meio de instituições públicas. Aos 7 anos, começou a estudar violão clássico em projetos sociais gratuitos. Depois de concluir o bacharelado em música com habilitação em violão na Universidade Estadual Paulista (Unesp), seguiu para o mestrado em performance musical na prestigiada Manhattan School of Music, em Nova York. Atualmente, faz doutorado em performance musical na Stony Brook University, na mesma cidade. Gabriele Leite será a primeira doutora da família.
No álbum de estreia “Territórios” (2023), interpretou peças de Villa-Lobos e Sérgio Assad. O segundo disco, “Gunûncho”, lançado no último dia 18, destaca composições de mulheres: Chiquinha Gonzaga, Lina Pires de Campos, Tania León e Thea Musgrave.
O título estranho do novo álbum vem da pequena manta que Gabriele carregava na infância. Se o primeiro trabalho dela se pautava no virtuosismo, desta vez oferece momentos mais calmos.
“Nos últimos dois anos, comecei a me instigar sobre o meu próprio repertório. Represento muita coisa, então por que não trazer mais dessa escuta?”, diz.
“Este disco é mais tranquilo, para ouvir o violão de outra perspectiva e trazer atenção maior ao repertório de mulheres compositoras”, explica. O álbum também marca a estreia de Gabriele como compositora, com a série de “nano estudos”.
A decisão de se aventurar na composição surgiu quando ela estava na casa de uma amiga, cuidando de pets. Abriu o computador e tentou escrever algo para violão.
Os pequenos estudos reúnem aspectos técnicos dos quais ela sentiu falta no repertório, durante sua formação, aqui apresentados de maneira acessível ao público.“Eles são bem curtinhos e contam uma pequena história, uma nano-história, uma frase”, explica.
Djavan, Milton, Lô e Pabllo Vittar
No fone de ouvido de Gabriele há Djavan, Milton Nascimento, Lô Borges, Luiz Gonzaga e referências vindas da mãe baiana. O repertório também vai de James Brown e Michael Jackson a Liniker, Pabllo Vittar e João Gomes. “Gosto muito do que está sendo consumido agora. Escuto a música pop que está sendo produzida”, afirma.
Com a agenda deste ano dividida entre o Brasil e o exterior, Gabriele fez turnê pela Europa, passando por Portugal e Amsterdã, além de algumas apresentações em Nova York.
Lançado pela gravadora Rocinante, “Gunûncho” também está disponível em vinil. “Esse disco é um pouco para a minha família, para a minha mãe, para os meus pais, para mostrar a eles que valeu todo o investimento”, conclui.
“GUNÛNCHO”
• Disco de Gabriele Leite
• 16 faixas
• Rocinante
• Disponível nas plataformas digitais
• O vinil custa R$ 175