'Exposição performance' celebra cultura afro-indígena
Pâmela Peixoto e Zaida Anaconda apresentam projeto que une ancestralidade e memória corporal, no Espaço Cultural Suelly Freire, no Bairro São Geraldo
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Siga noPintura, dança e memória se encontram em “Tecido de um corpo ancestral”, neste sábado (5/7), às 17h, no Espaço Cultural Suelly Freire. A "exposição performance" vai reunir a artista visual mineira Pâmela Peixoto e a performer colombiana Zaida Anaconda no projeto que mescla espiritualidade, heranças afro-indígenas e resistência.
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Nascida em Nova Serrana e moradora de BH há dois anos, Pâmela Peixoto tem obras inspiradas em tribos e na cultura africana, bem como na simbologia dos orixás e nas danças tradicionais da África.
“Busco transmitir conhecimento para as pessoas sobre determinados assuntos. Principalmente quando a gente fala de cultura negra, as pessoas têm um entendimento muito distorcido. Tento às vezes fazer arte mais militante, às vezes uma coisa mais abstrata, mas sempre tento passar conhecimento de alguma cultura”, diz ela, que se descobriu artista durante a pandemia. “A arte é como terapia para mim", afirma.
Dialogando com as pinturas de Pâmela, a artista cênica Zaida Anaconda apresenta a performance “Tecido de um corpo ancestral”.
“Minha pesquisa surgiu através de linguagens muito relacionadas ao inconsciente, ao inconsciente das memórias, dos símbolos, dos mitos, dos sonhos, do corpo e da pele”, explica.
Migrante colombiana e integrante da comunidade indígena muysca chibcha, Zaida vive no Brasil há 12 anos e utiliza a arte como caminho de retomada identitária.
“Sou uma pessoa que nasceu na cidade e posso me relacionar através da arte, da linguagem e da performance com os símbolos de nossos povos originários”, diz.
Terra e natureza
Zaida destaca a importância da terra e da natureza para os povos originários, fator que impacta o sentido de sua apresentação.
“Nós somos natureza e nosso corpo é água, é floresta. Em nosso corpo temos árvores. Como somos parte dela, quando a machucamos, machucamos nosso corpo. Através da dança, tento questionar isso, trazendo seres encantados, espíritos que fazem a relação entre corpo e natureza. É a forma como me conecto, através da performance”, explica Zaida.
“O corpo foi o elemento que me levou a me aproximar da ancestralidade. Existe uma memória neste corpo, sobretudo ao entrar em contato com elementos como a água, cachoeiras e a terra, elementos como o antigo.”
A apresentação de dança é improvisada, observa ela. “O improviso trabalha sobre tudo: sobre o que te movimenta, o que você quer comunicar, como você se comunica e como você se move. Me interessa responder à seguinte pergunta: O que faz com que me movimente neste momento?. Por isso utilizo o improviso”, explica.
“O grande desafio é ser contra o colonialismo, um ser que realmente consiga limpar e transcender todo o processo de dominação que vivemos. O racismo é um grande desafio, porque o indígena é um ser que incomoda, pois cuida de um território, cuida de uma floresta, cuida de uma terra e a terra é recurso econômico para o mundo capitalista. Para nós, a terra não é recurso econômico, mas um ser vivo. Então, isso os incomoda”, conclui Zaida Anaconda.
'Tecido de um corpo celestial'
Com Pâmela Peixoto e Zaida Anaconda. Neste sábado (5/7), às 17h, no Espaço Cultural Suelly Freire (Av. Itaité, 418, São Geraldo). Entrada franca.