Música eletrônica e teatro se misturam na peça 'Desesperados: o jogo'
Professores e alunos da UFMG apresentam peça inspirada nas maratonas de dança do século 20, trazendo crítica social e estética tecnológica aos espectadores
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Siga noO universo da música eletrônica, das maratonas de dança e a busca por sonhos se encontram no espetáculo “Desesperados: o jogo”, montagem dirigida pelo professor, diretor e dramaturgo Júlio Vianna, com elenco formado por estudantes do curso de teatro da Escola de Belas Artes da UFMG. O espetáculo está em cartaz desta sexta-feira (4/7) a terça-feira (8/7), com sessões às 20h30, na Funarte.
O diretor tem como ponto de partida festivais eletrônicos, um livro e o desejo de dirigir peça em que atores realizam movimentos de dança no palco.
“Tinha lido um romance que se chama ‘They shoot horses, don’t they?’, de Horace McCoy. A ideia é que a última pessoa que conseguisse se manter na maratona ganharia um prêmio em dinheiro. Juntei os três elementos e trabalhei com a ideia do ator dançando em cena, que era o que me interessava”, conta Júlio.
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Segundo o dramaturgo, o público acompanha uma competição de dança em que o último sobrevivente leva um prêmio misterioso. Propõe-se a reflexão sobre as relações humanas e as dificuldades enfrentadas por artistas na contemporaneidade, tudo isso em meio a trilha sonora vibrante.
“O espetáculo é uma crítica sobre o que é ser artista hoje em dia. As dificuldades, preconceitos, obstáculos, como ele é visto socialmente, pela família, pela sociedade em geral, pela política. Tudo se une nessa maratona de dança, tanto a questão visual e estética quanto também essa crítica.”
Efeitos visuais
Inspirados em shows eletrônicos, os efeitos visuais da peça são essenciais na construção do contexto. “A iluminação é o elemento chave para poder trabalhar. Os profissionais envolvidos e outros alunos que se envolveram no processo criaram uma luz muito original. É uma luz inspirada nesse universo de boate, balada, música eletrônica. São muitos contrastes de luz, laser etc. Visualmente, isso inspira muito o espetáculo”, explica.
Audiovisual e teatro se misturam na montagem. Durante a apresentação, o espetáculo será transmitido ao vivo e simultaneamente para os espectadores presentes.
“Em várias cenas, há diálogo direto com o que a gente está vendo no telão e com o que está acontecendo ali, ao vivo. Existe um jogo entre cena ao vivo e cena gravada, algo da percepção da cena sob o ponto de vista cinematográfico e sob o ponto de vista do espectador cênico, várias coisas que dialogam”, conta Júlio.
O espetáculo é formado por alunos de graduação e pós-graduação da Escola de Belas Artes, que participaram da atuação à construção da cenografia, figurinos e iluminação.
Equilíbrio
Vianna equilibrou seu papel como diretor e docente. “Às vezes, estou dirigindo uma cena e no final explico o que eu acabei de fazer e por que aquilo é importante para eles como futuros professores ou atores profissionais, por exemplo, pois eles têm de se preocupar com aquele aspecto.”
Para Júlio Vianna, produções como “Desesperados: o jogo” mostram o papel fundamental da universidade na criação cultural.
“É o local que você tem para experimentar, para descobrir, para questionar o que está rolando na cena contemporânea, para você analisar e estudar referências. A universidade é um ambiente para isso, tem professores e profissionais incríveis, super experientes. A grande maioria deles atua tanto dentro da universidade como também, artisticamente, lá fora”, conclui.
“DESESPERADOS: O JOGO”
Espetáculo de música eletrônica e teatro, com apresentações desta sexta a terça-feira (4 a 8/7), às 20h30, na Funarte (Rua Januária, 68, Centro). Ingressos antecipados disponíveis na plataforma Sympla e uma hora antes do espetáculo na bilheteria do local. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia).
*Estagiária sob supervisão do editor Enio Greco