LITERATURA

Morre o professor, crítico e escritor Antônio Sérgio Bueno

Profundo conhecedor da obra de Pedro Nava, ele lecionou na UFMG por 30 anos e publicou três importantes livros sobre a produção literária em Minas Gerais

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Morreu neste sábado (31/5) o professor, crítico literário e escritor mineiro Antônio Sérgio Bueno, de 79 anos, vítima de infarto. Sua trajetória no universo das letras esteve intimamente ligada à Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). O velório será neste domingo (1º/6), às 14h, no Zelo (Avenida do Contorno, 8.657, Gutierrez).

Natural de São Gotardo, no Alto Paranaíba, ele se graduou em 1968 pela universidade, onde também concluiu o mestrado em literatura brasileira em 1982 e o doutorado em literatura comparada, em 1994. Na mesma instituição, foi professor da Faculdade de Letras por 30 anos.

Bueno é autor dos livros “O modernismo em Belo Horizonte” (1982), “Afonso Ávila” (1993) e “Vísceras da memória: uma leitura da obra de Pedro Nava” (1997), esse último derivado de sua tese de doutorado, sob orientação Wander Melo Miranda, professor emérito da Faculdade de Letras, que esteve à frente da Editora UFMG entre 2000 e 2015.

O professor era um dos maiores especialistas na obra de Pedro Nava (1903-1984), sobre quem foi convidado a falar em diversas ocasiões.

Uma delas foi o projeto Letra em Cena, do Minas Tênis Clube, coordenado pelo escritor, editor e jornalista José Eduardo Gonçalves. Sua participação se deu de forma virtual, em setembro de 2020, durante a pandemia.

“Nava é um médico que passou a escrever sobre a memória não porque se cansou da medicina, mas porque a medicina o deixou. Como médico, ele só adiava a morte um pouquinho. Já a escrita tem perenidade maior; hoje vemos como a obra vence a morte”, disse Bueno à época.

Autores mineiros

José Eduardo Gonçalves lamentou a perda do amigo. “O professor Antônio Sérgio, o Serginho, foi das pessoas mais gentis que já conheci, além de profundo conhecedor de literatura, em especial a dos autores mineiros, como os gigantes Guimarães Rosa e Pedro Nava”, diz.

Ele recorda que Bueno havia participado do Letra em Cena em outras duas ocasiões: no primeiro ano do projeto, em 2016, falando sobre “Grande sertão: veredas”, de Guimarães Rosa, e em 2018, discorrendo sobre Affonso Ávila.

“Sempre brilhante, capaz de leituras únicas, densas, originais, que ele traduzia em palestras acessíveis ao público em geral. No próximo ano o projeto completa uma década e eu já tinha planejado chamá-lo para uma apresentação especial”, diz. Ele destaca que, quando lançou seu livro de contos “Pistas falsas”, em 2023, Bueno escreveu uma resenha “maravilhosa”, que não veio a público. “Foi dos primeiros a falar do livro, o que guardei para sempre como uma grande honra. Perdi um amigo”, diz.

Crítico excelente

Wander Melo Miranda lastimou a morte do colega. “Ele foi meu orientando no doutorado com uma tese impecável sobre Pedro Nava, de quem era grande leitor. Era um crítico excelente da poesia moderna e contemporânea, que acompanhava com entusiasmo. Pessoa agradabilíssima, sempre de bom humor e de uma alegria contagiante. Vai fazer muita falta”, afirma o integrante da Academia Mineira de Letras e pesquisador de literatura pelo CNPq.

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Além dos livros que publicou, Bueno escreveu, entre a década de 1970 e os anos 2000, diversos artigos e resenhas para o “Suplemento literário” e outros veículos especializados em cultura e literatura.

Ao longo das décadas de 1990 e 2000, o jornal Estado de Minas publicou vários de seus textos, como “Poesia e futebol: analogias”, “O olho armado de Murilo Mendes”, “O paraíso perdido na infância de Graciliano Ramos”, “Fausto nos trópicos” e “Presença de Oswald de Andrade no Modernismo mineiro”.

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