Boogarins desembarca hoje em BH com o show de "Bacuri"
A banda goiana apresenta nesta sexta-feira (25/4), no Mercado Distrital do Cruzeiro, o repertório de seu mais recente e elogiado disco, o quinto da carreira
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Siga noA banda goiana Boogarins desembarca em Belo Horizonte nesta sexta-feira (25/4) para apresentar o show de seu mais recente álbum, o elogiado “Bacuri”.
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Produzido entre 2020 e 2024, o disco é o primeiro da carreira em que os quatro integrantes – Dinho Almeida (vocal e guitarra), Rafael Vaz (baixo e sintetizadores), Benke Ferraz (guitarra) e Ynaiã Benthroldo (bateria) – dividem as composições e os vocais.
Carinhosamente apelidada de “bandinha” pelos fãs, o Boogarins ganhou projeção em 2013, com o caseiro “As plantas que curam”. Após o sucesso da estreia, o grupo assinou com uma gravadora norte-americana, pela qual lançou os três trabalhos seguintes.
"Nunca imaginei nem viajar de avião. De repente, a gente estava fazendo mais de 100 shows em outros países. O Boogarins sugou a gente para uma dinâmica muito acelerada. A gente é grato por isso, mas, nos últimos anos, conseguimos desacelerar e nos reorganizar. Compor com calma foi algo que não tínhamos feito desde o primeiro disco"”
Dinho Almeida, vocalista e guitarrista do Boogarins
Agora, sem contrato com o selo, o grupo optou por uma produção independente, feita na casa que Dinho divide em São Paulo com Rafael e a companheira, a engenheira de som Alejandra Luciani, responsável pela mixagem do disco.
"Nunca imaginei nem viajar de avião. De repente, a gente estava fazendo mais de 100 shows em outros países", relembra Dinho. “O Boogarins sugou a gente para uma dinâmica muito acelerada. A gente é grato por isso, mas, nos últimos anos, conseguimos desacelerar e nos reorganizar. Compor com calma foi algo que não tínhamos feito desde o primeiro disco”, diz.
Criado por um quarteto com mais tempo e autonomia, “Bacuri” nasce livre da pressão comercial. “Todo mundo estava muito envolvido, querendo fazer o disco ser legal. Não por obrigação, mas por amor mesmo. Isso deu uma cola entre a gente”, afirma Dinho. “Foi fácil encontrar prazer e alegria nesse processo. Diferentemente da correria de turnês, desta vez tivemos tempo para trabalhar cada composição com carinho.”
Paternidade
O título do álbum vem de uma palavra de origem tupi que nomeia um fruto típico da Amazônia. Em algumas regiões do Brasil, “bacuri” também é usada como sinônimo de “criança”, reflexo do momento atual das vidas de Benke e Dinho, que se tornaram pais recentemente.
O resultado de mais de três anos de produção é um disco denso e inventivo. A capa do álbum, ilustrada por Samuel de Saboia, traz desenhos que remetem ao universo dos sonhos infantis. A faixa de abertura, homônima ao disco, é uma espécie de mantra místico que surpreende com os vocais graves do baterista Ynaiã, que canta pela primeira vez na história da banda.
Nas faixas seguintes, o Boogarins explora seu característico psicodelismo, ora em climas mais pop, ora em viagens mais progressivas. O baixista Rafael Vaz canta em “Poeira” e “Amor de indie”, esta última, uma homenagem declarada à canção “Amor de índio”, de Beto Guedes.
Os goianos têm um show que revisita clássicos do Clube da Esquina, um dos maiores sucessos da carreira deles, que voltará a ser apresentado em BH em 28 de junho, no Festival Sensacional. Dinho conta que a banda tem planos de lançar um registro desse trabalho nas plataformas digitais.
Show de hoje
No show de hoje, o Boogarins irá apresentar o disco na íntegra, com as faixas tocadas na ordem. “Foi um disco mais construído em volta das canções, menos em volta dessas coisas do improviso que estávamos acostumados a fazer”, conta Dinho.
Os shows do Boogarins são uma experiência que vai para além do som, sempre trazendo um elemento sensorial muito marcante. Para esta turnê, os visuais do show são assinados por Gabriel Rolim, e a iluminação é de Hugo Aboud.
Dinho avalia que neste disco a banda evoluiu no processo de desenvolver uma ideia de um rock que consiga trazer referências da música brasileira e de coisas novas, sem soar “brega” ou “forçado”.
“Existe uma dificuldade de encontrar essa expressão que a gente quer alcançar. A gente não se identifica com essa coisa do ‘Brasil bossa’ ou ‘Brasil samba’. No início da carreira, muita resenha estrangeira chamava a gente de ‘nova Tropicália’. A gente sempre esteve mais conectado com outras coisas, com a música mineira, a música caipira, com esse Brasil mais interiorano.”
Segundo ele, tocar o repertório do Clube foi um ótimo exercício para refinar essa ideia do que é a música do Boogarins no palco. “Fizemos isso com muito mais propriedade no ‘Bacuri’. Nossa música evoca essas referências porque nós somos isso, vivemos isso, somos esse Brasil do interior e conseguimos fazer isso sem forçar nada. Não queremos ser a nova Tropicália nem nada disso. Só queremos fazer a nossa música sem preocupação”, afirma.
BOOGARINS APRESENTA “BACURI”
Show nesta sexta-feira (25/4), no Distrital (R. Opala, s/n - Cruzeiro), às 22h, com abertura da banda O Caso. Ingressos à venda na plataforma Shotgun, a R$ 130 (inteira) e R$ 70 (meia).