Artes cênicas

"As heresias de uma voz": experiência performática explora expressão vocal

A artista, pedagoga e pesquisadora italiana Francesca della Monica se apresenta na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, neste sábado (19/4)

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Até onde pode ir a voz humana? A artista, pedagoga e pesquisadora italiana Francesca della Monica acredita que a extensa jornada vocal pode alcançar, inclusive, o que ela chama de “áreas heréticas”. Em cartaz na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, neste sábado (19/4), com a performance “As heresias de uma voz”, Francesca desafia convenções ao explorar camadas profundas e pouco exploradas da expressão vocal.


Reconhecida pelas pesquisas a respeito da vocalidade humana nas artes cênicas, Francesca trata a voz como um instrumento vivo e sensível, um campo de expressão criativa que integra não só o corpo, mas o espaço e a subjetividade. Para ela, a voz não se limita à projeção física, mas molda e é moldada pelo ambiente, criando atmosferas e provocando sensações que abrem portais emocionais e simbólicos no espaço cênico.


“Por isso, o termo ‘heresia’”, ela diz. “Na perspectiva religiosa, heresia é uma prática contrária aos ensinamentos canônicos; já na ortodoxa, é também análise e ruptura. É esse lugar de transgressão que me interessa”, acrescenta.


O trabalho de Francesca vai além do palco. Fonoaudiólogos, cantores, locutores, advogados e outros profissionais que dependem da voz têm buscado suas pesquisas como ferramenta para ampliar repertórios expressivos e acessar outras dimensões da fala e da escuta.


A apresentação de sábado, no entanto, não é um curso e nem uma palestra sobre oratória. Trata-se de uma experiência performática em que Francesca interpreta textos de James Joyce e Samuel Beckett, autores que ela define como “poetas da experimentação”. “Eles buscavam o nonsense, no sentido de olhar para o objeto e enxergar outra coisa”, afirma.


Essa perspectiva se expande ao longo da performance por meio de uma reflexão semiótica sobre a palavra: seu som, sua força, sua carga simbólica e os sentidos que ela carrega ou esconde.


Inspirando-se na dualidade apolíneo-dionisíaca, conceito desenvolvido por Nietzsche para descrever forças opostas e complementares da arte – o controle e o caos, a razão e o impulso, por exemplo –, Francesca propõe que a voz nasce do instinto e da emoção, não apenas da técnica. Ao acessar essa camada bruta, ela promove uma liberdade expressiva radical, capaz de revelar a verdadeira identidade vocal de quem performa.


Chegar a essa autenticidade, segundo ela, é resgatar camadas históricas, culturais e subjetivas da própria voz, muitas vezes esquecidas ou reprimidas. “É como reencontrar algo ancestral em nós”, diz Francesca.


Nesse processo, o movimento corporal, a imagem simbólica e a relação com o espaço são também elementos fundamentais. Eles dão corpo e densidade à voz, fazendo dela algo que ultrapassa a fala, tornando-se um gesto sensorial, quase ritualístico.


“Estamos promovendo um panorama da literatura da voz, que parte do século passado e chega à contemporaneidade”, resume.


“AS HERESIAS DE UMA VOZ”
Performance de Francesca della Monica. Neste sábado (19/4), às 20h, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos à venda por R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), na bilheteria do teatro ou no site do Eventim. Informações: (31) 3236-7400.

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"As heresias de uma voz": experiência performática explora a expressão vocal
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Até onde pode ir a voz humana? A artista, pedagoga e pesquisadora italiana Francesca della Monica acredita que a extensa jornada vocal pode alcançar, inclusive, o que ela chama de “áreas heréticas”. Em cartaz na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes, neste sábado (19/4), com a performance “As heresias de uma voz”, Francesca desafia convenções ao explorar camadas profundas e pouco exploradas da expressão vocal.


Reconhecida pelas pesquisas a respeito da vocalidade humana nas artes cênicas, Francesca trata a voz como um instrumento vivo e sensível, um campo de expressão criativa que integra não só o corpo, mas o espaço e a subjetividade. Para ela, a voz não se limita à projeção física, mas molda e é moldada pelo ambiente, criando atmosferas e provocando sensações que abrem portais emocionais e simbólicos no espaço cênico.


“Por isso, o termo ‘heresia’”, ela diz. “Na perspectiva religiosa, heresia é uma prática contrária aos ensinamentos canônicos; já na ortodoxa, é também análise e ruptura. É esse lugar de transgressão que me interessa”, acrescenta.


O trabalho de Francesca vai além do palco. Fonoaudiólogos, cantores, locutores, advogados e outros profissionais que dependem da voz têm buscado suas pesquisas como ferramenta para ampliar repertórios expressivos e acessar outras dimensões da fala e da escuta.


A apresentação de sábado, no entanto, não é um curso e nem uma palestra sobre oratória. Trata-se de uma experiência performática em que Francesca interpreta textos de James Joyce e Samuel Beckett, autores que ela define como “poetas da experimentação”. “Eles buscavam o nonsense, no sentido de olhar para o objeto e enxergar outra coisa”, afirma.


Essa perspectiva se expande ao longo da performance por meio de uma reflexão semiótica sobre a palavra: seu som, sua força, sua carga simbólica e os sentidos que ela carrega ou esconde.


Inspirando-se na dualidade apolíneo-dionisíaca, conceito desenvolvido por Nietzsche para descrever forças opostas e complementares da arte – o controle e o caos, a razão e o impulso, por exemplo –, Francesca propõe que a voz nasce do instinto e da emoção, não apenas da técnica. Ao acessar essa camada bruta, ela promove uma liberdade expressiva radical, capaz de revelar a verdadeira identidade vocal de quem performa.


Chegar a essa autenticidade, segundo ela, é resgatar camadas históricas, culturais e subjetivas da própria voz, muitas vezes esquecidas ou reprimidas. “É como reencontrar algo ancestral em nós”, diz Francesca.


Nesse processo, o movimento corporal, a imagem simbólica e a relação com o espaço são também elementos fundamentais. Eles dão corpo e densidade à voz, fazendo dela algo que ultrapassa a fala, tornando-se um gesto sensorial, quase ritualístico.


“Estamos promovendo um panorama da literatura da voz, que parte do século passado e chega à contemporaneidade”, resume.


“AS HERESIAS DE UMA VOZ”
Performance de Francesca della Monica. Neste sábado (19/4), às 20h, na Sala Juvenal Dias do Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro). Ingressos à venda por R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia), na bilheteria do teatro ou no site do Eventim. Informações: (31) 3236-7400.