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CINEMA

Oscar 2025: Veja as novas tendências de Hollywood que as indicações revelam

A lista de candidatos à estatueta mostra que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas reverteu algumas de suas tradições, como a valorização de estrelas

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Do lado de cá do Equador, está tudo azul. Nada a reclamar, tudo a comemorar diante das indicações ao Oscar para "Ainda estou aqui" (Melhor Filme, Melhor Atriz, para Fernanda Torres, e Melhor Filme Internacional).

Porém, independentemente do resultado da premiação que será entregue em 2 de março, o maior vencedor da 97ª edição da cerimônia da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, desde já, é a França.


As 13 indicações de "Emilia Pérez" – incluindo Melhor Filme, Melhor Atriz, Melhor Direção, algumas das principais categorias – são um feito inédito na história do Oscar. Isto porque a produção franco-mexicana é o primeiro longa fora dos Estados Unidos a entrar na lista de filmes com tal número de nomeações.

Só 12 filmes em quase um século de Oscar conseguiram tantas indicações: "...E o vento levou" (1939) é um deles. Mas não só. Jacques Audiard, diretor de "Emilia Pérez", vai disputar o Oscar na categoria com uma conterrânea. A cineasta francesa Coralie Fargeat, de "A substância", é a única mulher nesta disputa, diga-se.

Na disputa pelas cinco vagas de Melhor Direção, o alemão Edward Berger, diretor de "Conclave", que foi indicado em outros prêmios relevantes, incluindo o Sindicato dos Diretores (DGA), Bafta e Globo de Ouro, ficou de fora.

Audiard e Fargeat também estão na competição de roteiro, mas não baterão de frente, pois "Emilia Pérez" está na categoria de Melhor Roteiro Adaptado e "A substância", que tem cinco indicações, na de Melhor Roteiro Original. Este último, vale dizer, é uma produção dos EUA com a França.

Filme da Letônia

Outro país em festa é a Letônia. Uma das menores ex-repúblicas soviéticas, o país conseguiu duas indicações (Melhor Animação e Melhor Filme Internacional) para "Flow", que no início do mês havia batido o blockbuster "Divertida Mente 2" no Globo de Ouro.

Os dois filmes repetem a disputa neste Oscar, reprisando a velha história de David e Golias. Um é uma produção da Disney, o filme mais assistido no mundo em 2024, com nomes como Amy Poehler e Diane Lane entre os dubladores. Já o longa letão é independente, foi realizado com recursos simples, com softwares gratuitos e disponíveis a qualquer um, não tem diálogo e traz sons de animais reais.

A presença importante de outros países numa eleição que historicamente privilegiou a produção norte-americana é um sinal de que a cartilha da diversidade, que Hollywood vem pregando na última década, finalmente está trazendo resultados reais.

Outra mudança perceptível é na questão dos estúdios. Por causa de "Emilia Pérez", a Netflix lidera nesta seara, com 15 indicações (tem outras duas para "Maria Callas" e a animação "Wallace & Gromit: Avengança"). Até agora, o campeão da plataforma é "Nada de novo no front" (2022), com quatro troféus. Com a produção de Audiard, ela pode finalmente receber o Oscar de Melhor Filme.

Ausências notáveis

A Hollywood das celebridades foi um pouco deixada de lado nesta edição. Ausências notadas: Angelina Jolie, no papel de sua vida em "Maria Callas", foi preterida, assim como Nicole Kidman, em grande momento, um dos maiores de sua carreira, em "Babygirl".

Os dois filmes, aliás, não causaram impacto entre os membros da Academia. A cinebiografia de Pablo Larraín só conseguiu uma indicação a Melhor Fotografia (para Edward Lachman), enquanto o thriller erótico de Halina Reijn passou em brancas nuvens pelo Oscar.

Outra performance notável de um ator da Lista A de Hollywood que não foi reconhecida é a de Daniel Craig em "Queer". Mesmo indicado no Sindicato dos Atores e no Globo de Ouro, entre outros prêmios, Craig, aqui fazendo o papel de um escritor gay que se apaixona por um jovem na Cidade do México da década de 1950, ficou de fora do Oscar.

As escolhas da Academia neste ano também apontam alguns caminhos. Durante a campanha presidencial de 2024, o filme "O aprendiz", de Ali Abbasi, que mostra um jovem Donald Trump fazendo de tudo para chegar ao poder, foi de certa forma varrido para baixo do tapete.

Além das ameaças de processo do recém-empossado presidente dos EUA à produção, o filme enfrentou dificuldades para ser distribuído. Portanto, foi pouco visto. Amargou nas bilheterias – custou US$ 15 milhões, fez US$ 17 milhões no mundo inteiro, apenas um quarto deles nos EUA.

Mas suas duas indicações a Melhor Ator (para Sebastian Stan, e Coadjuvante para Jeremy Strong) são um sinal de que a comunidade do cinema assistiu e reconheceu a produção biográfica que apresenta um retrato infame do novo presidente.


NOVOS RUMOS DE HOLLYWOOD


• França em alta

Com 13 nomeações, o campeão de indicações da temporada "Emilia Pérez" é uma produção França-México. Já "A substância", com cinco indicações, é uma realização dos EUA com a França, escrito e dirigido pela cineasta Coralie Fargeat

• Troca de cadeiras

Na categoria principal, não há nenhuma atriz da Lista A de Hollywood. Três nomes esperados – Nicole Kidman, Kate Winslet e Angelina Jolie – ficaram de fora.

Das cinco indicadas, somente a britânica Cynthia Erivo, que disputa por "Wicked", não é uma novata no Oscar. Fernanda Torres ("Ainda estou aqui"), Karla Sofía Gascón ("Emilia Pérez"), Mikey Madison ("Anora") e Demi Moore ("A substância") estão em suas primeiras indicações

• Volta por cima

Em 2022, o Globo de Ouro estava na pior. As acusações de corrupção que parte de seu corpo de jurados (correspondentes estrangeiros em Hollywood) recebeu quase tiraram o prêmio de circulação.

Quem acompanha o Oscar sabe que são os prêmios dos sindicatos (Atores, Produtores, Diretores) que geralmente ditam o resultado dos troféus da Academia de Hollywood. Mas os troféus recebidos por Fernanda Torres e Demi Moore no Globo de Ouro (e seus belos discursos de agradecimento), na mesma semana em que foi iniciada a votação dos membros da Academia, devem ter tido algum peso nas escolhas das atrizes.

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