"Emilia Pérez" e "O brutalista", filmes vencedores do Globo de Ouro e cotados para disputar o Oscar, fizeram uso de inteligência artificial (IA) para aprimorar a voz de seus personagens. O software usado foi o aplicativo ucraniano Respeecher, especialista em IA generativa de voz.
O editor de produção de "O brutalista", Dávid Jancsó, informou ao site RedSharkNews que utilizou IA em dois momentos do filme: para tornar o sotaque húngaro dos atores mais natural e gerar desenhos de arquitetura, no epílogo.
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"Se você vem de um mundo anglo-saxão, certos sons podem ser difíceis de conseguir", disse Jancsó, que é falante nativo de húngaro. "Nós treinamos, e eles fizeram um trabalho fabuloso, mas também queríamos aperfeiçoá-lo para que nem mesmo locais notassem a diferença."
Segundo ele, Adrien Brody e Felicity Jones, protagonistas do longa de Brady Cobert, consentiram ao uso da tecnologia.
"É controverso na indústria falar sobre IA, mas não deveria ser", afirma. "Usamos IA para criar esses pequenos detalhes que não tínhamos dinheiro ou tempo para filmar".
Já o musical "Emilia Pérez", de Jacques Audiard, usou Respeecher para afinar a voz da personagem-título, vivida por Karla Sofía Gascón. A informação foi admitida pelo técnico de som Cyril Holtz durante o Festival de Cannes, em entrevista ao portal CST.
"No caso de Zoe Saldaña, Adriana Paz e Selena Gomez, não houve muitos problemas, mas com Karla Sofía foi mais complicado. Havia partes muito difíceis, principalmente porque ela já havia feito a transição e alguns registros vocais não estavam mais acessíveis", afirmou Holtz.
"Além disso, a personagem passa por uma transição de gênero, o que tornava tudo ainda mais desafiador. Mesmo adaptando as melodias e a tessitura, era muito difícil para ela", conclui.
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No site da Respeecher, a empresa cita como clientes a Lucasfilm, Sony Pictures e o streaming musical Deezer. Ela também afirma que aprimorou a voz de Robbie Williams para o documentário "Better Man", de Michael Gracey.