Em um mundo cada vez mais conectado às redes, não é raro que, por vezes, nos sintamos “deixados para trás”. Lutamos contra uma maré de senhas fortes e complexas, aplicativos nada intuitivos e de uso obrigatório, inclusive para serviços simples dos órgãos públicos; em meio a isso, há serviços digitais impossíveis de serem compreendidos para aqueles que nasceram em uma época pré-tecnológica.
Se é complexo para nós, imagine para as pessoas idosas, que se comunicavam por cartas e telefonemas, os quais não podiam ser frequentes, devido ao alto custo da ligação; e cujo acesso aos serviços públicos ocorria por meio de visitas presenciais. Hoje eles se veem forçados a lidar com um ambiente digital que lhes parece hostil. A patente exclusão digital dessa parte da população, que sem ajuda dos filhos, amigos ou netos, muitas vezes não consegue sequer acessar o banco, não é apenas uma questão de familiaridade com a tecnologia, mas, resultado de um sistema que, ao avançar, acabou por deixar para trás aqueles que não puderam acompanhar o ritmo das mudanças.
A obrigatoriedade de realizar tarefas online, como acessar benefícios governamentais, agendar consultas médicas, ou mesmo realizar pagamentos de contas, pode representar um complexo desafio para os idosos. A falta de alternativas presenciais em nome da eficiência digital criou uma barreira quase intransponível para aqueles que não possuem as habilidades ou recursos para navegar no mundo digital.
A exclusão digital pode ter efeitos graves. Em primeiro lugar, pode representar uma perda de autonomia. Idosos que antes eram capazes de gerenciar suas vidas de maneira independente, agora precisam de terceiros para realizar tarefas relativamente simples. Essa dependência, sem dúvida, pode causar sentimentos de frustração, impotência e até mesmo humilhação, pois pessoas que valorizaram sua independência durante a vida se veem, de repente, incapazes de exercer controle sobre aspectos básicos do seu dia a dia.
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Além disso, a exclusão digital também contribui para o isolamento social. Muitos idosos, já enfrentando o desafio do isolamento devido a problemas de mobilidade ou saúde, veem-se ainda mais distantes do mundo ao seu redor. Sem a capacidade de acessar redes sociais, plataformas de comunicação digital, ou mesmo participar de comunidades online, eles se tornam invisíveis em uma sociedade que se comunica e se conecta principalmente por meio da internet.
A situação é ainda mais grave pela falta de programas de educação digital eficazes, voltados para a terceira idade. Embora existam iniciativas esparsas, muitas vezes elas não estão completamente acessíveis ou não são adequadas às necessidades específicas dos idosos. Ensinar um idoso a usar a internet não é apenas uma questão de mostrar como clicar em ícones ou digitar senhas; é necessário um entendimento adequado de suas limitações, paciência e um método de ensino que seja adaptado ao ritmo e à compreensão deles.
É crucial avançarmos no desenvolvimento tecnológico, não há dúvida quanto a isso, no entanto, o futuro digital deve ser inclusivo, oferecendo suporte adequado aos idosos, seja por meio de alternativas presenciais ou de um design mais amigável e acessível. Lutar contra a exclusão digital dos idosos não é uma questão apenas de acesso à tecnologia, mas também uma questão de dignidade e respeito. .