Mulheres que optam por esse estilo de vida devem estar conscientes de suas escolhas e criar mecanismos para manutenção de sua autonomia pessoal -  (crédito: Pixabay)

Mulheres que optam por esse estilo de vida devem estar conscientes de suas escolhas e criar mecanismos para manutenção de sua autonomia pessoal

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Uma tendência tem movimentado as redes sociais nos últimos tempos: as chamadas “esposas troféu”. O conceito de “esposa troféu” tradicionalmente se refere a uma mulher jovem e atraente casada com um homem mais velho e rico, sendo vista como um símbolo de status e sucesso social do parceiro. No entanto, segundo a perspectiva moderna, defendida atualmente principalmente por mulheres entre 18 e 30 anos, a “esposa troféu” pode englobar, além do status que confere ao parceiro por meio de sua presença e aparência, também o apoio emocional e o reconhecimento que recebe do cônjuge.


Embora algumas mulheres vejam essa dinâmica de relacionamento como um complemento à sua independência, muitos críticos argumentam que essa ideia de “esposa troféu” pode trazer consequências negativas, especialmente para a autonomia das mulheres.


Uma questão importante é que, na maioria das vezes as “esposas troféu” são integralmente sustentadas pelos parceiros. Isto é problemático, pois a dependência financeira integral pode limitar a capacidade de tomar decisões autônomas por parte destas mulheres e dificultar com que saiam de relacionamentos abusivos ou insatisfatórios, como acontecia com as suas bisavós. A história nos mostra que mulheres que dependem financeiramente de seus parceiros podem ter sua capacidade de manter sua independência e participar igualmente das decisões familiares comprometidas.

 


Mas talvez não seja este o ponto mais problemático para as chamadas “esposas troféu”. Sendo um símbolo de status e sucesso social, em regra, esse lugar tende a ser ocupado por mulheres que, além de bonitas, tenham juventude, o que pode levar o marido a querer trocá-la tão logo a beleza e a juventude se esvaiam, deixando-as em uma situação financeira e emocional complicada após uma separação, especialmente se abandonaram seus projetos profissionais.


Segundo a Organização Tammy.ai a tendência das “esposas troféu” pode ser vista como um possível regresso em relação às conquistas femininas na luta por igualdade de gênero. Embora algumas mulheres possam encontrar satisfação em uma dinâmica onde o parceiro é o único provedor financeiro, é crucial que esta escolha seja feita de forma consciente, de modo a não comprometer a autonomia pessoal e o desenvolvimento individual da mulher.

 

 

A filósofa Simone de Beauvoir afirma que a igualdade de gênero não pode ser alcançada enquanto as mulheres continuarem a serem vistas como dependentes dos homens para validação e suporte. Em vez disso, a filósofa advoga por uma igualdade genuína, na qual as mulheres têm as mesmas oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional que os homens, sem serem limitadas por expectativas sociais de beleza, idade ou subordinação.

 

 

Para contrabalancear os efeitos potencialmente negativos dessa dinâmica, é essencial que haja um diálogo aberto sobre as expectativas dentro do relacionamento. Mulheres que optam por esse estilo de vida devem estar conscientes de suas escolhas e criar mecanismos para manutenção de sua autonomia pessoal. Isso inclui buscar meios de ter seu próprio dinheiro para administrar, ainda que ofertado pelo parceiro, a fim de que não fique completamente à disposição dos humores de seu marido; e possuir alguns bens em seu próprio nome. A prática mostra que, em caso de separação, não há qualquer lei especial que proteja a “esposa troféu” de modo diferenciado.