
Quando nada parece funcionar para o esporão de calcâneo
Viver com dor no calcanhar não afeta apenas o pé. Interfere no sono, no humor, no trabalho e na disposição para a vida
Mais lidas
compartilhe
SIGA NO

A cena é comum: um paciente chega ao consultório queixando-se de dor intensa no calcanhar. Já tentou de tudo — alongamento, palmilha, fisioterapia, remédios, até infiltração. Nada resolveu. Esporão de calcâneo, essa saliência óssea que aparece no osso do calcanhar, muitas vezes, é associada à inflamação da fáscia plantar — o tecido fibroso que sustenta o arco do pé.
- Produtos não indicados em feridas operatórias
- Problemas ortopédicos na gravidez
- Como cuidar da dor nos pés
Na maioria dos casos, o quadro melhora com medidas simples. Mas quando o tratamento não funciona, o que fazer? Essa é a pergunta que milhares de pessoas fazem diariamente, especialmente os que convivem com a dor há meses ou até anos. O primeiro passo é olhar com atenção para a raiz do problema.
Nem sempre o problema é o esporão
Apesar de aparecer nas radiografias, o esporão em si nem sempre é o vilão. Muitas vezes, a dor vem da fáscia plantar inflamada, da sobrecarga mecânica ou até de outras causas, como compressão de nervos, fraturas por estresse ou alterações posturais. Um erro no diagnóstico pode levar a meses de tratamento ineficaz.
Por isso, o primeiro conselho é: revise o diagnóstico. Procure um especialista que avalie seu caso com calma. Um exame físico detalhado e, se necessário, uma ressonância magnética podem ajudar a entender a verdadeira origem da dor.
Leia Mais
Se o diagnóstico estiver correto, pode ser o caso de reforçar os cuidados básicos — mas com mais precisão. Muitas vezes, o paciente tentou o tratamento certo da forma errada. Alongou pouco, usou palmilha genérica, abandonou a fisioterapia antes da hora.
O alongamento da cadeia posterior (panturrilha e fáscia plantar) é uma das estratégias mais eficazes. Deve ser feito todos os dias, especialmente pela manhã. A fisioterapia também ajuda — principalmente quando associa exercícios, liberação miofascial e técnicas específicas como a terapia por ondas de choque.
Outra dica valiosa: cuide dos calçados. Esqueça chinelos, sapatilhas e tênis “baixinhos”. Opte por sapatos com amortecimento, salto discreto e bom suporte para o arco do pé. E atenção ao peso corporal. O sobrepeso aumenta a pressão sobre o calcanhar e dificulta a melhora. Perder alguns quilos pode ser mais eficaz que qualquer remédio.
E quando nada disso resolve? Quando a dor persiste por mais de seis meses, mesmo com tudo feito corretamente, é hora de considerar outras opções. As infiltrações com corticoide ainda são comuns, mas devem ser usadas com cautela. Aliviam a dor no curto prazo, mas podem enfraquecer a fáscia a longo prazo. Alternativas mais modernas, como o uso de plasma rico em fibrina (PRF), vêm ganhando espaço. Essa técnica usa o próprio sangue do paciente para estimular a regeneração do tecido.
Outro recurso com bons resultados é a terapia por ondas de choque extracorpórea. Ela estimula o processo de cicatrização e reduz a dor com sessões curtas, feitas no consultório. É uma das melhores apostas para casos crônicos.
Cirurgia: último recurso
A cirurgia é rara, mas pode ser indicada em casos graves. Os procedimentos incluem a liberação parcial da fáscia plantar e, em alguns casos, a retirada do esporão. A recuperação exige paciência, por isso, a decisão cirúrgica só deve ser tomada após tentativa real de todos os tratamentos conservadores.
Viver com dor no calcanhar não afeta apenas o pé. Interfere no sono, no humor, no trabalho e na disposição para a vida. Por isso, é importante adotar uma abordagem completa, que inclua ortopedista, fisioterapeuta, nutricionista — e, em alguns casos, até psicólogo.
Se você está cansado de conviver com a dor no calcanhar, saiba que não está sozinho — e que ainda há solução. O segredo muitas vezes está nos detalhes: aplicar corretamente o básico, revisar o diagnóstico, ajustar o tratamento às suas necessidades.
Quando nada parece funcionar, o importante é não desistir. Com paciência, acompanhamento adequado e persistência, a grande maioria dos casos encontra alívio.
Quer mais dicas sobre esse assunto? Acesse: www.tiagobaumfeld.com.br ou siga @tiagobaumfeld
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.