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Renato Quintino
Renato Quintino
O chef Renato Quintino tem formação como filósofo e artista plástico, é professor de gastronomia e vinhos no Espaço Renato Quintino, autor do livro "A Invasão dos Incas Venusianos - Receitas de Todos os Mundos" e guia em viagens internacionais focadas em
COMIDA, DIVERSÃO E ARTE

Paradas de estradas trazem experiências que nos libertam da rotina

Quem achar que vai engordar para sempre com um pão na chapa amanteigado ou com um cigarrete é melhor seguir viagem

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Os filmes de estrada, ou road moveis, são narrativas de liberdade onde os personagens passam por paisagens diversas, visitam cidades, estados e descobrem, além de lugares, a si mesmos. O efeito das road foods é o mesmo: paradas de estradas trazem experiências gastronômicas que nos libertam da nossa rotina, dos hábitos cotidianos, da culpa, das supervisões nutricionais e nos reconectam com sabores que gostávamos no passado.

 


Nina Horta escreveu numa de suas belas e inteligentes crônicas de gastronomia que beber garapa numa feira de rua com bobs na cabeça seria o máximo da perversidade a que se pode chegar. E depois continua: “mas há outras”. O comentário é ótimo. Exercícios de liberdade na vida e também no comer e beber são fundamentais.

 

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Existem paradas na estrada com excelente cozinha, invariavelmente cheias de clientes que se deliciam com pães de queijo (dos grandes), enormes pastéis de carne ou queijo, cigarretes caprichados – aquela massa comprida dourada com queijo ralado grudado queimadinho e recheado de queijo e presunto –, sanduíches de pão francês com filé e queijo, com pernil e queijo na chapa com aquela casquinha queimada crocante.


Isso sem falar nas empadas, no pão na chapa com manteiga e nas grandes e carnudas coxinhas, que, quando são bem-feitas de fato, são uma delícia.

 


Há paradas com galeto assado e farofa que são referência. Provei uma vez um muito bom dirigindo de Porto Alegre a Bagé. Na Serra Fluminense, é sempre especial provar croquetes, salsichões e strudel nas paradas de cozinha alemã.


Os pães de queijo em Minas merecem um ranking próprio. Há opções pelo estado todo que justificam paradas na viagem. A disputa pelo melhor é acirrada, são, em geral, deliciosos.


Diz a sabedoria popular que, onde os caminhoneiros param, a comida é boa. Há postos de gasolina com uma cozinha caipira de primeira no fogão a lenha, tudo organizado, aromático e bem-apresentado. Muita gente estaciona para almoçar e os preços são bons.

 


Na minha opinião, não existe alta e baixa gastronomia e, sim, comida gostosa e bem-feita e comida ruim. Um prato com foie gras e trufas frescas mal feito pode ser uma gororoba e arroz, feijão, carne moída, ovo frito e couve sendo bem-feitos podem ser uma iguaria. Comida tida como simples, do dia a dia, além de confortar a alma, não enjoa, dá para comer todo o dia.


Paradas de estrada assustam os vigilantes do peso – não a instituição, mas as pessoas que ficam controlando qualquer grama a mais na balança que o outro ganha. São lugares para dar um tempo do peito de frango com batata-doce e brócolis e, o que é melhor, comer e deixar o outro comer em paz. Parafraseando o lema mineiro, “liberdade para comer, ainda que tardia”.


Quem achar que vai engordar para sempre com um pão na chapa amanteigado ou com um cigarrete é melhor seguir viagem.

 


Há uma crise internacional nos “fine dinings” pelos ambientes formais para se provar menus degustação cerebrais. Séries de TV sobre gastronomia como a “The Bear” abordaram isso. Comida é mais emoção que razão. A gente sai também para se divertir e conversar, interrupções excessivas para ouvir a explicação de pratos pode ser cansativo.


Já tive muitas experiências. O recorde foi um restaurante estrelado no exterior com 25 passos no menu, quatro horas e meia de serviço. No fim havia uma sensação geral de desconforto no salão, ninguém aguentava mais.

 

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Menus degustação são uma boa experiência quando também são um “fun dining,” com informalidade e descontração no processo. Assim como a boa comida de estrada.

 

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