
É preciso saber viver
A alegria da vida está na espontaneidade, na inteligência, na criatividade, nas boas palavras e nos encontros em que somos acolhidos
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As coisas mais preciosas são aquelas em quea realização dos desejos está incluída. Sem desejo, a vida não presta. O princípio da sabedoria é a pessoa que consegue juntar contentamento até mesmo no trabalho, sem deixar de distribuir seu tempo com atividades prazerosas, lazer, convivência social e descanso. Horas de privacidade em que podemos desfrutar de um bom livro, um bom filme e tudo o mais que cada um em sua vida aprecia.
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Não existe receita para viver bem, cada um se arranja do seu jeito, como pode, mesmo que seja diferente e, se assim for, deve estar pronto para não ceder às pressões daqueles que acreditam que o comportamento tem de seguir os ideais da cultura à risca, e viver em conformidade com o que se espera dele.
Na verdade, quem pauta sua vida no que imagina ser a demanda alheia, ou no que é a demanda expressa, e atende ao que se espera dele, jamais poderá ser livre para ousar ser, na sua vida, aquilo que lhe apraz. É preciso deixar de se ligar em expectativas externas e, às vezes, até mesmo em algumas internas, que nos atormentam.
Mesmo porque, nem se nos esforçarmos muito, jamais conseguiremos atender e agradar o tempo todo. E, às vezes, para ser feliz precisamos mesmo conseguir desagradar um pouco, ou bastante, mas o que será do amarelo se todos gostarem do azul?!
A questão é que temos em nós um flagelador interno que chamamos de superego e que costuma se exceder. Não que não precisemos dele! Precisamos muito! Ele nos alerta, com sinais de angústia, quando estamos indo além de limites seguros, quando nos excedemos e nos aponta, assim, limites razoáveis para a convivência.
O problema é que ele pode ir além do razoável. É aquela voz interior que nos protege, mas também nos tolhe mais do que o necessário. É quando deixamos de dar opiniões por medo, deixamos de pegar leve por insegurança, ficamos engessados na presença de pessoas porque elas podem (e acontece mesmo, mas, como nunca teremos controle, o melhor é ignorar) nos interpretar mal... E, ainda, além desse supereu cruel, realmente existem pessoas que sabem como nos fazer sentir mal, para manter seus anseios de superioridade. São as piores.
A alegria da vida está na espontaneidade, na inteligência, na criatividade, nas boas palavras e nos encontros em que somos acolhidos. Faz bem para o corpo e vivifica a alma e a mente. O corpo adoece com o sofrimento e fala através dos sintomas quando não escutamos nossos próprios clamores.
Alguns dirão: em meio ao caos da política brasileira, o tarifaço do Trump (que até já caiu, pelo menos, como esperado) e as guerras pelo mundo, a crise climática, senadores derrubando leis ambientais, essa alegria está meio fora de hora.
Pode ser que sim, mas, apesar de reconhecer que temos muitos motivos para nos preocupar no momento, não podemos esquecer que estamos vivos e precisamos de energia vital para sobreviver à avalanche de intempéries. É preciso um alegre saber que nos sustente na resistência em meio à ignorância, ao negacionismo e à violência do homem ganancioso.
Por isso a alegria de viver é necessária. Estar contente por estar vivo é imprescindível. E nos encantar com as pequenas coisas, os pequenos gestos, os encontros e uma simples volta na cidade tão colorida pelos nossos belos ipês é motivo para maravilhar nossos olhos e descarregar este mundo das costas. Uma boa semana a todos os leitores que chegaram até o fim desta escrita.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.