Regina Teixeira da Costa
Regina Teixeira Da Costa
EM DIA COM A PSICANÁLISE

Peça 'Freud e o Homem dos Ratos' leva o inconsciente para o palco

Com dramaturgia de Antonio Quinet, espetáculo aborda um dos mais importantes e paragmáticos casos apresentados pelo pai da psicanálise

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Vem aí outro sucesso do psicanalista e dramaturgo Antonio Quinet: o espetáculo “Freud e o Homem dos Ratos”, realização da Cia. Inconsciente em Cena. A peça que chega a BH em 2 de agosto é baseada em um dos mais importantes e paradigmáticos casos clínicos de Freud: Observações sobre um caso de neurose obsessiva (O Homem dos Ratos, 1909).

Freud o apresentou pela primeira vez no Congresso de Salzburgo, em 1908, revelando a complexa estrutura daquela neurose. Isso ocorreu depois do caso Dora, apresentado no ano anterior, que não deu muito certo por causa do erro de Freud, reconhecido depois de encerrado.

De qualquer modo, nos ensinou muito. Era muito importante mostrar o sucesso da psicanálise e o funcionamento do inconsciente, um saber que não se sabe, diante da incrédula e crítica academia de medicina.

Na peça, veremos a lógica inconsciente em sua correlação com os sintomas e a neurose infantil. A constelação familiar que presidiu seu nascimento. Este caso, por si só, é uma aula de psicanálise, da neurose obsessiva como estrutura, que difere das abordagens dos sintomas como meros transtornos, por exemplo, o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC).

Trata-se de Ernst Lanzer, de 30 anos, atormentado por pensamentos hostis e rituais de defesa contra tais pensamentos. Suas dívidas delirantes, imaginárias, por identificação ao pai (libertino, cruel, jogador) que ele teme e odeia. Paradoxalmente, ama. Faleceu sem quitar dívidas, o que lançou Ernst num infinito circuito para pagar, sem sucesso, os óculos que lhe foram entregues pelo correio.

A dúvida, outro de seus tormentos, referente ao casamento, entre escolher a amada proibida ou a prima rica que a mãe apoiava, porque o tornaria herdeiro e gestor dos negócios da família.

E, não menos significativo, o erotismo anal característico desse tipo de neurose, em que estão implicados conteúdos associados ao complexo de castração infantil, a saber, a perda do pênis recém-descoberto como fonte de prazer e outros objetos relativos a tudo o que possa ser destacável do corpo, do sistema de trocas, como as fezes, que representam um controle, presente ou recusa à mãe.

É um caso de relativa gravidade, desencadeado a partir do conhecimento relatado por um colega do Exército sobre algo terrível: amarrava-se o inimigo numa caixa com ratazanas, que penetravam pelo ânus e o devoravam até a morte. A associação dinheiro, fezes e ratos predominou como material inconsciente durante seu adoecimento.

A peça foi encenada no Paraná, ainda em work in progress, na abertura da Jornada do Campo Lacaniano, além do Rio e do Museu Freud, em Londres. Alcançou grande público e agora chega a Belo Horizonte, para nossa alegria.

No elenco, Quinet, no papel de Freud, contracena com Igor O. Coelho, como Ernst Lanzer, sob direção de Patrícia Batittucci e Rafael Telles. O espetáculo conta com a direção musical de Alexandre Marzullo; luz de Vilmar Olos; cenário e figurinos da Cia. Inconsciente em Cena; e assistência de produção de Breno Vieira Costa, pela Atos e Divãs Produções.

Teremos o espetáculo artístico e didático sobre um caso muito interessante, sempre presente na formação de estudantes e psicanalistas pela riqueza do material e a clareza com que podemos assistir ao inconsciente em cena. Até lá!!

A sessão de 2 de agosto, às 20h, no Centro Cultural Unimed-BH Minas, será seguida do lançamento do livro “O que faz o psicanalista – Ato, semblante e interpretação” (Zahar), de Antonio Quinet. O preço dos ingressos varia de R$ 51 a R$ 120, à venda na plataforma online Sympla.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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