Gilda Vaz nos lembra que uma análise consiste em

Gilda Vaz nos lembra que uma análise consiste em "desatar os nós para enodá-los de uma outra forma"

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O trabalho da psicanalista Gilda Vaz é primoroso. Não é a primeira vez, e esperamos, nem a última, que somos presenteados por sua leitura esclarecedora por nossos caminhos na escrita de Jacques Lacan. Motivo pelo qual recebemos esse grande esforço de transmissão de mente, braços e coração abertos. Recomendo à comunidade psicanalítica e leigos interessados no tema.

 


“Nó - Uma leitura do seminário ‘Momento de concluir’, de Jacques Lacan”, pela editora carioca Atos & Divãs. Não teremos melhores palavras para apresentar a dimensão da obra do que as da própria autora:

 


“O livro fala obviamente de um nó. Mas não é de um nó górdio nem de um nó cego, mas de um nó que desata. Afinal, é disso que se trata numa análise: desatar os nós para enodá-los de uma outra forma”.

 


Sabemos que as pessoas adoecem por ficarem fixadas, aprisionadas ou amarradas em sentidos que deram a si próprias e às suas próprias vidas. Existe algo que se chama neurose que consiste no fato de a pulsão ficar retida, fixada em representações, lembranças do passado, significantes e não chegam a se esvaziar para promover o alívio desejado do sofrimento que isso causa.

 

 

O tratamento analítico promove o esvaziamento, dando-se voltas e mais voltas em torno da cadeia de significantes, a partir da associação livre enunciada pelo analisante. Inicia-se, assim, o giro dos discursos.

 


O livro traça um breve panorama do que é a clínica psicanalítica pelo viés da pulsão. É disso que se trata: do percurso e do destino da pulsão. Falamos especificamente da pulsão de morte, pulsão silenciosa, descolada de suas representações.

 

Partimos de Freud sobre os elementos implicados na pulsão, especialmente aquele que nos interessa aqui: a satisfação da pulsão, que não se satisfaz nos objetos e, sim, em contorná-los, bordejá-los. Isso implica que as zonas erógenas circundadas pela pulsão possuem uma estrutura de borda. Como se dá essa satisfação?

 


Não se trata de algo que se aprende como uma receita de bolo. Vamos fazendo e aprendendo. Como rege a temporalidade do inconsciente, só depois poderemos saber se funcionou ou não. Vamos nos virando, revirando, torcendo e contorcendo, até chegar ao Momento de Concluir e constatar que isso funcionou.

 

A eficácia da psicanálise se comprova pelos seus efeitos e este livro mostra como isso se opera no sentido cirúrgico da palavra.”

 


Jacques Fux, escritor, matemático, doutor e pós-doutor em literatura, ressalta a beleza e potência deste livro que explora a dansa (à francesa) topológica lacaniana. A matemática, a linguagem e a dansa, afinal, seriam inventadas ou descobertas? Não sabemos – nunca saberemos?

 


Thaïs Gontijo, uma das maiores leitoras dos “Escritos” de Lacan, faz da orelha uma convocação: Os três tempos lógicos, conforme o sofisma dos prisioneiros, são o instante de ver, tempo de compreender e momento de concluir. Distinto do tempo cronológico, o tempo lógico supõe um concluir diante de uma evidência subjetiva.

 

Considera o livro, ao mesmo tempo teórico e poético, uma leitura indispensável para psicanalistas, estudantes, leigos interessados. Uma aposta ousada e um convite a se aventurar por esse caminho de indagações, colocações instigantes e conclusões, recorrendo aos nós que nos constituem e ao mesmo tempo nos libertam.


Lançamento em 26 de outubro, às 10h30, na Livraria da Rua (Rua Antônio de Albuquerque, 913, Savassi). Até lá!