Patrícia Espírito Santo
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Uma dor menor

"A última vez que fiz mamografia tem mais de dez anos e nem sei onde a coloquei"

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Todo princípio de ano tiro uma semana para fazer um check-up de saúde. Exames laboratoriais e de imagem, visitas a especialistas para concluir que tudo continua como antes, ou seja, “com uma saúde irritante” como diz meu marido. Fruto de cuidados e da genética. Meu pai morreu aos 94 e minha mãe, vai muito bem obrigada, e aos 96 anos também goza de uma saúde irritante. Se depender da hereditariedade terei minimamente mais três décadas pela frente.


Mas nenhuma destas facilidades físicas são suficientes para que eu empurre os exames para amanhã. Digo isso porque me assustei ao me sentar para preencher fichas em uma clínica de exames de imagem e ouvi a conversa entre uma mulher e uma atendente. “Você trouxe exames anteriores?”
“A última vez que fiz mamografia tem mais de dez anos e nem sei onde a coloquei”.


Não resisti e olhei para o lado. Vi uma mulher pouco mais nova que eu e falei:
“Você não pode fazer isso”, como se fosse da minha conta. “Esse exame dói demais!”, se justificou.
Eu teria uma infinidade de argumentos para expor naquela hora, mas imaginei que o médico ao qual ela iria apresentar o exame teria mais credenciais para lhe puxar a orelha. Minha vontade era partir para o ataque, mas por sorte chamaram meu nome.


Em 2013, perdi uma amiga de infância que lutou bravamente contra diversos cânceres. O primeiro deles surgiu na mama e as metástases a levaram. Anos depois, outras duas amigas detectaram tumores malignos em uma das mamas, fizeram cirurgias e os tratamentos adequados e vão muito bem, obrigada.


Todas as três faziam exames anuais, e os tumores as pegaram de surpresa. Quem não tem plano de saúde e não pode pagar pelos exames regulares, os faz pelo SUS no intervalo de três em três anos, o que faz esperar dez anos para repeti-los uma irresponsabilidade enorme. Posso dizer também que há quem prefira viver no mundo da fantasia acreditando que nada de ruim a acometerá. Ou como pensava minha sogra:


“Quem vai ao médico, acaba encontrando uma doença. Quem não vai, não corre esse risco”.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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