Fui visitar uns amigos que, ao longo dos últimos anos, vêm sofrendo uma queda gradual do poder de compra. Vários motivos e eventos os levaram a precisar vender o apartamento onde moravam desde que se casaram, há mais de 20 anos. A ideia inicial era deixar o dinheiro em alguma aplicação onde pudesse render e, numa necessidade, ter onde recorrer de imediato. Fato é que nem sempre os planos dão certo, principalmente quando se trata de dinheiro em um momento de vida não tão produtivo.
Aposentado pelo INSS, o casal trabalha com comércio e assim se mantém. Alugaram uma casa como forma de dar vazão ao desejo de colocar a mão na terra e manter um belo jardim, além de ter espaço para outra paixão: os cachorros. Quem curte plantas adora mostrar as suas e contar como chegaram a ficar tão bonitas. Eu particularmente gosto muito de apreciar e tê-las por perto. Quando alguém quer exibir suas maravilhas, presto atenção a todos os detalhes, inclusive às receitas para deixá-las ainda mais exuberantes, mas não anoto nada. Em minha casa, essa tarefa é da alçada do meu marido.
No meio do tour pelo jardim, a mulher me expôs suas ideias de fazer algumas melhorias na casa, a começar pelo muro indo parar na área onde há uma churrasqueira que está despencando. Confesso que não sou boa para fazer previsão de orçamento para pequenas reformas, mas sei que não se gasta pouco para fazer o que quer que seja.
Logo, dois pontos me vieram à mente. A casa é alugada e a renda mensal do casal não lhe dá o direito de fazer muita graça, sem fazer dívida. Mas rapidamente esta preocupação, que parecia ser só minha, foi substituída por outro pensamento.
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Muitas vezes temos a necessidade de criar um mundo insustentável que nos sustente, nem que seja apenas no nível do nosso desejo. Acreditar que um dia conseguiremos viver como sonhamos nos ajuda a levar o dia a dia. Vai que tudo mude? Ao menos os planos de um futuro melhor serão os mesmos.