Assembleia vai vincular Codemig 100% à dívida
Os deputados aprovaram a federalização com algumas concessões, permitindo que o estado possa até mesmo privatizar a companhia em caso de proposta melhor
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No jogo político, de comissões a plenário, o governo Zema deverá ser derrotado, na semana que vem, no 2º turno da votação da federalização da Codemig, a poderosa estatal do nióbio. A iniciativa irá vincular a estatal 100% ao pagamento da dívida de Minas com o governo federal, hoje na casa dos R$ 170 bilhões.
Na manhã de ontem, os deputados aprovaram a federalização com algumas concessões, permitindo que o estado possa até mesmo privatizar a companhia em caso de proposta melhor. Ou, da mesma forma, em caso de recusa do governo federal, o que é improvável. O governo Zema joga com o tempo e com algumas condições, como o percentual de 20%, para fazer a adesão.
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Entre os deputados, cresce um movimento, que pode virar obstrução da oposição, para que essa estatal seja apenas federalizada pelo valor que alcançar e sem privatizar. Eles estão convencidos, no entanto, de que a estatal poderá superar o valor estabelecido por Zema de adesão (cerca de R$ 40 bilhões).
O valor da estatal é outra batalha entre governo e oposição. Zema e aliados escondem a estimativa que fizeram, transferindo a responsabilidade da avaliação para o governo federal, via BNDES, como prevê a nova lei. Uma novidade pode ampliar ainda mais o alto valor da Codemig/Codemge. Descobriu-se em Araxá, sede das jazidas do nióbio, que a exploração do metal deixa rejeitos, que se tornam terras raras. A descoberta poderá turbinar o negócio.
Tempo de Simões e de Pacheco
Política não é lugar para ansioso. Ainda assim, alguns dos nomes apontados, ou colocados, como pré-candidatos atuam em tempos distintos. O vice-governador Mateus Simões (Novo), talvez por ocupar a interinidade enquanto Zema viaja pela Ásia, tenta antecipar seu futuro político sem construir o presente. Se estiver errado, pode virar passado rapidamente.
A conjugação política em realizar um desejo é mais difícil do que conjugar verbos, e o professor sabe disso. No primeiro dia útil de governador em exercício, Simões convocou parte da imprensa para dar sua visão sobre o tempo, estratégias e corrida de carros. Entre eles, elegeu o senador Rodrigo Pacheco (PSD) como principal adversário e candidato de Lula (PT) na disputa futura para governador em 2026. E mais, tal qual um talarico, quer tomar o partido de Pacheco para abrigar ali sua futura candidatura.
Antes disso, admitiu que tem um desafio, que já considera vencido e do passado, referindo-se à retirada da pré-candidatura a governador de Cleitinho (senador do Republicanos) para apoiá-lo. Apontado como favorito nas pesquisas incompletas, Cleitinho, que não é de disfarçar reações, nada disse, o que pode fazer sentido.
O tempo de Pacheco é de cumprir os prazos e olhar para as nuvens, que mudam a direção e sentido da política. A ansiedade, por sua vez, pode atropelar o desejo e levar o imprudente a tropeçar nas próprias pernas.
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Receita de Minas cai R$ 1 bi
Além de institucional e funcional, a crise que tomou conta da Secretaria da Fazenda do Estado chegou à arrecadação e provocou a perda de R$ 1 bilhão. De acordo com os dados oficiais, Minas deixou de arrecadar esse valor no primeiro semestre deste ano, em comparação com a meta estabelecida. A previsão era alcançar R$ 56 bilhões até junho, mas o total arrecadado ficou em R$ 55 bilhões.
Em 2024, os auditores fiscais superaram a meta anual: de R$ 92 bilhões para R$ 96 bilhões, com superávit de 5,7%, ou R$ 3,2 bilhões. Reflexo do balanço negativo, o clima na pasta é de instabilidade. Junto da queda de desempenho, há esvaziamento técnico na casa e perda de capacidade operacional. E mais, nessa terça, auditores fiscais realizaram protesto que chamaram de “apagão fiscal” e pediram a cabeça do secretário Luís Cláudio Gomes.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.