
"Brasil deve ser líder em inovação climática na COP 30", diz especialista
O Brasil tem o potencial e a responsabilidade de assumir um papel de destaque na implementação de soluções inovadoras para enfrentar as mudanças climáticas
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A Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30), que será realizada no Brasil este ano, colocará o país no centro das decisões globais sobre o clima. Com um ecossistema dinâmico de soluções verdes, temos potencial para influenciar políticas climáticas no cenário internacional. No entanto, especialistas alertam que, para transformar esse protagonismo em resultados concretos, ainda é preciso superar desafios estratégicos e estruturais.
"O Brasil tem tudo para ser um laboratório de excelência global em inovação climática, mas ainda precisamos de suporte para escalabilidade", afirma André Nunes, Managing Partner da Beta-i Brasil. Segundo ele, a inovação aberta surge como um caminho promissor para acelerar esse processo, facilitando a conexão entre grandes empresas e startups focadas em descarbonização, energia renovável e economia circular.
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Nos últimos anos, o país tem demonstrado maturidade crescente na implementação de programas de inovação aberta. Exemplos como o BlueRio, que conecta diferentes setores para impulsionar a Economia Azul, e o avanço do Open Finance no setor bancário, mostram que a inovação já não é mais apenas um experimento, mas uma estratégia essencial para competitividade e crescimento. "A inovação aberta aqui não é mais apenas um experimento – ela já é uma estratégia central para empresas que querem crescer e se manter competitivas", ressalta Nunes.
No entanto, muitas grandes empresas ainda resistem a colaborar com startups. Para Nunes, essa resistência decorre do medo da mudança e da incerteza quanto aos resultados. "Costumamos dizer que a jornada de inovação aberta é um processo de redução de incerteza. Para superá-la, é essencial demonstrar resultados rápidos, ajustar a governança corporativa e promover uma mudança de mentalidade", explica. Ele destaca que programas de inovação aberta precisam gerar "quick wins", ou seja, resultados iniciais tangíveis, para mostrar o retorno real dessa colaboração e incentivar maior engajamento interno.
Os impactos da inovação já podem ser mensurados, especialmente em setores como energia e economia circular. "No setor de energia, muito focado na transição energética, vários dos projetos-piloto que apoiamos visam ganhos de eficiência ou de receita que são possíveis de prever e mensurar", afirma Nunes.
Projetos voltados para a descarbonização de portos, por exemplo, permitem calcular a redução das emissões de carbono e os ganhos financeiros envolvidos. Iniciativas como a NextLap, que promove o reuso de materiais, também mostram como a economia circular pode gerar valor econômico e ambiental.
Olhando para o futuro, tendências como inteligência artificial aplicada a processos corporativos, deep tech e biotecnologia, além da transição energética, devem ganhar força nos próximos anos. "O Brasil já é referência global em inovação financeira, mas pode expandir sua liderança em outras áreas estratégicas, como sustentabilidade e soluções baseadas na natureza", aponta Nunes. Contudo, para alcançar esse patamar, ele destaca que é essencial que o país fortaleça sua conexão com os melhores ecossistemas de inovação do mundo e crie um ambiente mais favorável para atrair talentos e investimentos internacionais.
A COP 30 pode ser um marco nesse processo, colocando o Brasil no centro das discussões globais sobre sustentabilidade. Se o país conseguir equilibrar seu potencial criativo com um ambiente regulatório e econômico que favoreça a inovação, poderá se tornar uma referência mundial em diversas áreas estratégicas.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.