Hoje a inteligência artificial (IA) ocupa cada vez mais espaço em nossa rotina diária e dentro das empresas - sejam estas grandes ou mesmo pequenas. Na saúde ocupacional, os dados de saúde e segurança podem ser analisados para identificar padrões e prever potenciais riscos ocupacionais com muito mais assertividade que há 10 anos. Assim, muitas empresas podem implementar medidas preventivas estratégicas antes que ocorram acidentes ou doenças ocupacionais.
Em entrevista exclusiva, Eliane Hirata, profissional com vasta experiência em saúde, bem-estar e qualidade de vida no trabalho, fala sobre o impacto da inteligência artificial dentro das corporações, desafios e perspectivas sobre o futuro da saúde ocupacional no Brasil e no mundo. Eliane já atuou em países como Brasil, Peru, Chile, Japão e Estados Unidos.
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Para a especialista, quando se tem uma equipe enxuta os desafios são ainda maiores e trabalhar com o uso de novas tecnologias e de processamento de dados, otimiza as questões internas. “Isso nos dá tempo para trabalhar em desafios individuais de cada colaborador, como identificar atividades repetitivas, estresse e sobrepeso. A inteligência artificial vem para ajudar no processo de cruzamento de dados e conseguimos olhar com mais atenção para as pessoas”, enfatiza.
Por outro lado, a maior dificuldade para implementar tecnologias de saúde está relacionada à segurança da informação. Todo profissional de saúde é guardião da informação de saúde daquela pessoa, seja o trabalhador, seja o paciente, seja o cliente. “Nós não podemos deixar com que essa informação vaze. E isso extrapola as paredes da empresa. Isso é uma responsabilidade individual de cada um que trabalha e atua na área de saúde”, pontuou Eliane. Hoje também a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) vem para proteger a privacidade e os direitos dos cidadãos brasileiros.
PANDEMIA E NOVAS TECNOLOGIAS
Entre 2016 e 2022, Eliane era uma das responsáveis pelo setor de saúde ocupacional da Nexa Resources, empresa de mineração com mais de 5.800 colaboradores. Naquele contexto de pandemia, os desafios eram enormes para governos, empresas e sociedade como um todo. A líder estava mergulhada nos estudos sobre saúde preventiva, inovação e inteligência artificial, foi então que conheceu a startup mineira RadarFit, que desenvolveu uma gamificação para engajar hábitos saudáveis nas pessoas.
No aplicativo, os usuários podem criar seus avatares em 3D e recebem uma personalização de rotina com planos alimentares, treinos personalizados, hidratações diárias, técnicas de mindfulness e acumulam moedas virtuais para trocar por prêmios reais. Por meio da integração da IA avançada e computação em nuvem no sistema de recomendações personalizadas e análise comportamental, houve uma retenção e engajamento de usuários na plataforma.
“Nós fizemos várias ações relacionadas à mudança no estilo de vida dos colaboradores, mas sentíamos que as pessoas não estavam engajadas. Tínhamos uma série de serviços e benefícios disponíveis, mas não havia adesão suficiente.
Seguimos tendo um aumento de casos de doenças crônicas e as pessoas não mudavam o estilo de vida. Então a RadarFit surgiu como uma solução eficiente de engajamento, onde conseguimos por meio da gamificação deixar que pelo menos metade dos colaboradores deixassem de ser sedentários”, explicou Eliane.
Segundo a especialista, a inteligência artificial é capaz de trazer “faróis” para as empresas que querem oferecer um cuidado personalizado a cada colaborador. O futuro do IA e saúde ocupacional no Brasil poderá ajudar em processos relacionados ao volume de informações e cruzamento de dados entre diferentes áreas, como na prevenção de acidentes e identificar cenários de riscos antes que eles aconteçam.
Outro ponto relevante será no monitoramento da saúde dos colaboradores identificando precocemente as alterações de saúde e sinalizando aos profissionais da área e análise ergonômica em tempo real, assim como treinamentos e educação em saúde, com foco na qualidade do aprendizado.