Marcílio de Moraes
Marcílio De Moraes
Jornalista formado pela PUC Minas em 1988, com passagem pelos jornais Diário do Comércio e O Tempo. Trabalhou em coberturas de leilões de privatização e em feiras internacionais
BRASIL EM FOCO

Efeito dos juros altos chega agora na economia real

É de se esperar que o dado do IBGE sobre o desempenho do segundo trimestre fique entre 0,3% e 0,5%, confirmando o freio na atividade econômica

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O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga no próximo dia 2 de setembro o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre deste ano e deve confirmar a desaceleração da economia brasileira provocada pelas altas taxas de juros, quadro que deve se agravar com o tarifaço imposto pelo governo Donald Trump a produtos brasileiros. A medida ainda não teve efeito sobre o resultado que será divulgado pelo IBGE e seguramente afetará o desempenho econômico do Brasil no segundo semestre deste ano. Dados divulgados até agora mostram que o PIB brasileiro, ainda está no azul, mas desaquecendo mês a mês, ou trimestre a trimestre. O fim da safra agrícola e o efeito defasado da alta de juros explicam o quadro atual.

Esta semana, o Banco Central divulgou o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) de junho, mostrando, pelo segundo mês consecutivo, queda no indicador (-0,10%). Apesar disso, a “prévia” do PIB registra alta de 0,3% no segundo trimestre de deste ano em relação aos três primeiros meses de 2025. O crescimento ficou bem abaixo do 1,5% registrado pelo IBC-Br no período de janeiro a março. O Monitor do PIB da Fundação Getulio Vargas (FGV) também mostra o desaquecimento da economia. O indicador registrou crescimento de 0,5% no segundo trimestre deste ano, percentual bem abaixo do 1,3% registrado pelo indicador no primeiro trimestre.

Como os percentuais do IBC-Br e do Monitor do PIB estão próximos do crescimento oficial do primeiro trimestre, de 1,4%, é de se esperar que o dado do IBGE sobre o desempenho do segundo trimestre fique entre 0,3% e 0,5%, confirmando o freio na atividade econômica provocado pela política monetária restritiva. “O índice registrou queda de 0,10% na comparação mensal, após um recuo mais acentuado de 0,70% em maio, frustrando as expectativas de leve alta. No entanto, a comparação anual mostrou avanço expressivo de 3,9%, reforçando que, apesar da perda de tração nos últimos meses, o nível de atividade ainda se mantém em expansão no acumulado do ano”, observa a economista-chefe do PicPay, Ariane Bnedito. Para ela, os dados “apontam para uma economia em fase de transição”.

A perspectiva, segundo a economista, é de que os dados da “prévia” do PIB continuem mostrando queda da economia no terceiro trimestre. “Diante desse cenário, as próximas leituras do IBC-Br tendem a mostrar continuidade da desaceleração no curto prazo, acompanhando os efeitos defasados da política monetária e a cautela do consumo das famílias. Contudo, a manutenção de um crescimento anual robusto sugere que a economia não caminha para uma recessão, mas sim para um ritmo mais contido e equilibrado”, afirma Ariane Benedito. Essa cautela das famílias e o efeito dos juros altos estão impactando o crédito, mola do consumo e do crescimento econômico.

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Para o economista-chefe da Associação Nacional das Instituições de Crédito, Financiamento e Investimento (Acrefi), Nicola Tingas, “a necessidade de uma política monetária restritiva com juros bastante elevados por longo período, a inflação mais elevada, e a desaceleração da atividade; têm ampliado a inadimplência e provocado maior seletividade na concessão de crédito. Ou seja, está em curso um ciclo de ajuste do crédito”. Para ele, esse quadro afeta mais os trabalhadores de baixa renda, que convivem com mais restrições e custo mais alto para financiar suas despesas diárias. “No crédito às famílias o segmento mais vulnerável é o de baixa renda, trabalhadores informais e aposentados, que em geral não têm reservas para suportar perdas de poder aquisitivo e recorrem ao crédito para cobrir déficits temporários no orçamento”, explica o economista-chefe da Acrefi.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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