Katiuscia Silva
Katiuscia Silva
Mestra em Sexologia Clínica pela ISEP MADRID, especialista em Disfunções Sexuais Masculinas e criadora do Método HES - Homens Emocionalmente Sanados
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O que é o amor?

"O amor verdadeiro talvez comece quando a paixão termina. É quando já não há mais o turbilhão químico que te leva a agir automaticamente"

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“O que é o amor?” Essa pergunta, tão simples à primeira vista, talvez seja uma das mais difíceis de responder. Para alguns, o amor é o sentimento mais nobre e necessário da existência. Para outros, especialmente aqueles que estão sofrendo por uma traição, uma separação ou uma decepção, o amor pode parecer apenas uma fonte de dor.

Curiosamente, apesar de ouvirmos (ou dizermos) diariamente a frase “eu te amo”, raramente paramos para refletir: o que realmente significa essa expressão? O que você quer dizer quando diz “eu te amo”? E o mais importante: o que significa amar, para você?

Amor: entre a filosofia e a neurociência

A questão do amor sempre fascinou os filósofos. Platão, em seu clássico “O Banquete”, descreve o amor como a busca pelo que nos falta, um movimento em direção ao bem, ao belo e à completude. Séculos depois, o filósofo Baruch Spinoza, em sua obra Ética (1677), propôs que “o amor é a alegria acompanhada da ideia de uma causa externa”. Ou seja, amar é se alegrar por alguém, é uma expansão do nosso ser causado pela presença ou pelo bem-estar do outro.

 

Essa perspectiva filosófica dialoga de forma surpreendente com o que a ciência moderna descobriu sobre o cérebro apaixonado. Pesquisas da Universidade de Rutgers, nos EUA, conduzidas pela antropóloga Helen Fisher, mostram que o cérebro de uma pessoa apaixonada entra num verdadeiro "modo de obsessão química", liberando dopamina, ocitocina e serotonina, substâncias ligadas ao prazer, ao vínculo e à motivação.

O neurocientista português António Damásio afirma: “o amor é um estado do corpo e da mente, sustentado por circuitos emocionais que envolvem tanto o cérebro quanto o coração simbólico.” Isso significa que o amor não é só um sentimento — é também uma construção biológica e comportamental.

 

Quando a paixão acaba

 

Mas a paixão não dura para sempre. Do ponto de vista neuroquímico, ela é um estado de “demência temporária”, como já afirmaram estudiosos do comportamento afetivo. Depois de um tempo, os níveis de dopamina e serotonina se estabilizam. O que resta, então? Resta o amor que se constrói com consciência.

É aqui que entra uma verdade difícil, mas necessária: o amor exige trabalho. Quando a fase da paixão passa, o amor se torna uma escolha. Requer esforço, presença, escuta, empatia e comprometimento. É neste momento que muitos casais se frustram, porque acreditam que o amor verdadeiro deveria ser sempre automático, espontâneo e sem esforço. A ilusão de que o amor é sempre fácil tem destruído muitos relacionamentos.

 

A importância de definir juntos: o que é o amor?

 

O filósofo Sócrates dizia que, para haver entendimento, as pessoas precisam ter clareza sobre os conceitos que usam. Se você diz “amor” pensando em cuidado, e o outro entende “amor” como liberdade total, o conflito será inevitável. E isso é muito comum. Muitos casais nunca pararam para conversar sobre o que é o amor. Cada um segue seu conceito, e, em algum momento, as decepções aparecem: “Alguém que ama não faria isso comigo”, pensa um. “Mas isso não tem nada a ver com amor”, responde o outro. E assim, criam-se distâncias que poderiam ser evitadas com uma conversa honesta desde o início.

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Amor: um verbo que se conjuga com atitudes

Na prática, amar é muito mais do que sentir. Amar é agir. É ouvir com atenção mesmo quando se está cansado. É lembrar dos detalhes. É respeitar o tempo do outro. É cuidar, mesmo quando não se tem vontade. É escolher o outro — não por impulso, mas por decisão. O amor verdadeiro talvez comece quando a paixão termina. É quando já não há mais o turbilhão químico que te leva a agir automaticamente. É quando, mesmo sem as borboletas no estômago, você continua plantando flores no jardim da convivência.

No fim das contas, o amor pode não ter uma definição universal. Mas pode, sim, ter uma direção: crescimento, cuidado e consciência. Amar é uma construção contínua, feita de escolhas diárias. Não é o que sentimos, apenas é o que fazemos com o que sentimos.

Que tal, então, parar por alguns minutos hoje e se perguntar: o que significa o amor para mim? E mais, será que quem está ao meu lado entende o amor da mesma forma? Como bem disse o poeta Mário Quintana:“Amar é mudar a alma de casa.”

E você? Está disposto a mudar, a crescer e a construir esse amor?

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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