
Idosos avançam na internet, mas ainda há barreiras de acesso digital
Pesquisa do IBGE mostra salto de 11 milhões de idosos conectados em cinco anos; uso do celular domina, mas limita possibilidades e reforça exclusão tecnológica
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O Brasil, assim como diversos países, experimenta uma transição demográfica acelerada com o envelhecimento populacional. Entre 2012 e 2024, a proporção de pessoas com menos de 30 anos caiu de 49,9% para 41,9% do total, enquanto a de idosos (60 anos ou mais) subiu de 11,3% para 16,1%. Os dados são da Pnad Contínua, divulgada em 22 de agosto pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Entre as Grandes Regiões, a Região Norte concentra a maior população jovem, com 41,7% dos habitantes abaixo de 24 anos. Já o Sudeste (17,9%) e o Sul (17,3%) lideram em participação de idosos, refletindo processos distintos de envelhecimento e desenvolvimento social.
A mesma pesquisa também confirma a rápida expansão do uso da internet entre a população idosa. Em 2024, 69,4% dos brasileiros com 60 anos ou mais estavam conectados, contra 44,8% em 2019. Em números absolutos, são 11 milhões de idosos a mais conectados à rede nos últimos cinco anos — um salto expressivo para um grupo que historicamente enfrenta barreiras tecnológicas.
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De acordo com o IBGE, o avanço da conectividade entre os idosos está ligado à popularização dos smartphones, do WhatsApp e do acesso digital a bancos e serviços públicos. Nesse mesmo ambiente, porém, também prosperam as plataformas de apostas — hoje um dos setores que mais cresce no universo online brasileiro — mas ainda fora do radar da pesquisa.
O salto na conectividade não elimina os obstáculos. Dois em cada três idosos que permanecem fora da internet afirmam não saber como utilizá-la. A falta de conhecimento técnico segue como a principal barreira.
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Entre os idosos que já se conectam, o padrão segue o do país: o celular é quase universal, a TV ganha espaço e o computador perde terreno. Na prática, a maioria dos domicílios depende apenas do celular — quase sempre em planos pré-pagos, com dados limitados que se esgotam rápido. Basta assistir a um programa no YouTube para consumir todo o pacote. Isso garante inclusão básica, mas restringe possibilidades: o celular serve para conversar, pagar contas e assistir a vídeos; o computador, cada vez menos presente, é ferramenta de produtividade — com ele é possível escrever, editar, produzir conteúdo, fazer mais. Quando o acesso se limita ao celular, o idoso entra na rede, mas continua distante dos usos mais avançados e criativos da tecnologia.
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Programas de alfabetização digital, iniciativas de ONGs, prefeituras e empresas têm buscado reduzir esse abismo. Mais do que números, trata-se de garantir que o crescimento da conectividade seja de fato inclusivo e acessível.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.