
Índice aponta queda no conservadorismo, mas Brasil segue dividido
Pesquisa Ipsos-Ipec aponta que 49% têm alto grau de conservadorismo; idosos e mulheres puxam queda, enquanto homens e mais ricos avançam no índice
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Quase a metade da população brasileira se identifica com um perfil de “alto” grau de conservadorismo, conforme a mais recente edição do Índice de Conservadorismo Brasileiro (ICB), realizada pelo Ipsos — multinacional francesa de pesquisa e inteligência de mercado, presente em vários países, incluindo o Brasil — e pelo Ipec — Instituto de Pesquisas e Consultoria Estratégica, criado em 2021 por ex-executivos do Ibope Inteligência após o fechamento deste — divulgada em 28 de julho.
A pesquisa analisa o posicionamento dos brasileiros sobre temas como legalização do aborto, pena de morte, redução da maioridade penal, casamento entre pessoas do mesmo sexo e prisão perpétua para crimes hediondos.
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De acordo com o levantamento, 49% dos brasileiros apresentam perfil com “alto” grau de conservadorismo, 44% estão no grupo “médio” e 8% no “baixo”. Em 2025, o ICB alcançou 0,652 — numa escala que vai de 0 (totalmente progressista) a 1 (totalmente conservador). O número representa recuo em relação a 2023 (0,665), mas ainda supera os níveis mais progressistas de 2021 (0,639) e 2022 (0,637).
A redução no índice geral foi impulsionada por mudanças em segmentos sociais específicos. Brasileiros com 60 anos ou mais registraram a queda mais acentuada no conservadorismo, passando de 0,696 em 2023 para 0,652 em 2025 (variação de –0,044).
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Em seguida, aparecem mulheres, pessoas com ensino fundamental, moradores do Norte e Centro-Oeste e famílias com renda de até um salário mínimo. Em contrapartida, outros grupos apresentaram avanço no índice em relação a 2023, como homens, moradores de capitais, pessoas com renda acima de cinco salários mínimos e com ensino superior completo.
As pautas ligadas à segurança pública continuam a ter forte adesão entre a população. Penso que a segurança pública é um dos poucos temas capazes de unir conservadores e progressistas no país e, por isso, talvez devesse ser tratada de forma apartada no Índice de Conservadorismo Brasileiro. Trata-se de uma questão que ultrapassa ideologias.
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Vivemos hoje em um ambiente de insegurança crônica, e confundir esse sentimento com conservadorismo puro e simples pode distorcer a leitura dos dados e dificultar o entendimento real das motivações da população. Essa realidade é ainda mais dura para idosos e grupos vulneráveis, sobretudo nas grandes cidades, onde a violência e o medo limitam a liberdade e comprometem a qualidade de vida.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.