Reflexões sobre woke, equidade e inclusão: impactos e desafios atuais
A cultura "woke" aborda desigualdades sociais, promovendo inclusão e equidade. Porém, seu impacto depende de como é aplicada: pode ser positiva ou gerar tensões
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SIGA NO"Despertei." Esse é o significado literal de "woke" em inglês, forma passada do verbo "wake", que significa "acordar" ou "despertar". Nos últimos tempos, porém, o termo passou a ter um significado mais abrangente e tem influenciado debates globais.
O termo “woke” surgiu na comunidade afro-americana para denunciar a injustiça racial, mas seu uso se espalhou nos últimos tempos e a palavra "woke" passou a ser associada a pessoas que apoiam causas como a igualdade racial e social, o feminismo, o direito ao aborto, os direitos da comunidade LGBTQIA+, o uso de pronomes neutros, o multiculturalismo, a vacinação, o ativismo ambiental, assim como a luta contra o capacitismo e etarismo. O termo também é frequentemente usado de forma crítica por pessoas que pensam que os outros se incomodam muito facilmente com estes assuntos, ou falam demais sobre eles, sem promover nenhuma mudança.
O impacto da cultura “woke” depende de como é aplicada. Quando utilizada para incentivar a diversidade, promovendo a equidade e inclusão ela pode atuar como um agente de mudança positiva. Por outro lado, quando se torna um instrumento de exclusão ou imposição de ideias, pode intensificar tensões sociais e políticas.
As palavras equidade e igualdade são frequentemente usadas como sinônimos, mas a verdade é que elas se referem a conceitos diferentes. No contexto da diversidade e inclusão, é fundamental entender a diferença entre equidade e igualdade para respeitar verdadeiramente as diversidades e ser, de fato, inclusivo.
O conceito de igualdade, de forma geral, está relacionado com tratar todos de forma igual e garantir que todos os indivíduos tenham acesso às mesmas oportunidades. A equidade pode ser entendida como a busca pelo acesso à justiça social, reconhecendo que não somos todos iguais, que nem todos começam do mesmo lugar e que é preciso um esforço em alocar os recursos e oportunidades necessários para que todos tenham a mesma chance. Por exemplo, no Brasil todos têm acesso à educação, mas os filhos das classes média e alta têm acesso à educação de qualidade muito superior. Daí vem a contestação da meritocracia - quando chega na hora do vestibular fica evidente a falta de equidade na escolarização e na educação.
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O preconceito com a cultura “woke” veio à tona de forma global e crescente com o crescimento e a globalização da polarização que vem acirrando e radicalizando as pessoas cada vez mais. É fato que muita gente está incomodada com os excessos, mas eles não tornam a luta por justiça social e pelos direitos humanos sem valor - talvez seja até mesmo o contrário; a resistência provocada pelos excessos deva ser combatida com um modo mais inteligente de agir, menos radical e agressivo. Por isso, quem acredita que é responsabilidade de todos exercer seu próprio papel na construção de um mundo melhor deve denunciar a discriminação, chamar a atenção para o preconceito e buscar a inclusão sem se deixar intimidar.