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A absolvição do jogador Bruno Henrique, do Flamengo, é apenas mais um escárnio no futebol brasileiro, que pune atletas pobres, de clubes pequenos, mas que passa a mão na cabeça de jogadores de clubes grandes e famosos. É normal e sempre foi um clube combinar com o atleta para que ele leve o terceiro cartão amarelo, em determinado jogo, para ficar fora do seguinte, contra um menor, e estar livre para encarar um clássico, por exemplo. Até aí, tudo bem, sempre existiu tal situação. O que não é normal é esse atleta combinar com o irmão, garantindo que levará o terceiro cartão no jogo tal, para que seu irmão se beneficie, apostando.
Isso, na minha visão e da Polícia Federal, que denunciou Bruno Henrique e revelou conversas que comprometem o atleta e seu irmão. O STJD, porém, absolveu o jogador, aplicou multa de R$ 100 mil, e ele está liberado para jogar. Se ele não era culpado de nada, como entendeu o STJD, qual o motivo de tal multa?
O áudio, revelado pela Polícia Federal e exposto no Jornal Nacional e outros órgãos de imprensa, mostram a falcatrua. Já que o tribunal desportivo o inocentou, que tal a PF e a Justiça comum entrarem forte no caso? Gabriel Tota, Ygor Catatau, Matheus Gomes, Diego Porfírio e Romário foram banidos do futebol por manipulação em apostas. Outros, pegaram suspensões, como Eduardo Bauermann (12 jogos), Gabriel Domingos (720 dias) e Fernando Neto (suspenso). Como não são famosos e não jogam em times grandes, foram punidos com os rigores da lei.
Outros jogadores ainda estão sendo investigados. Na verdade, o Brasil é um país corrupto em todos os segmentos e não seria o futebol um caso à parte. Há jogadores que confessaram o crime e estão punidos. Vale lembrar que as casas de apostas (bets) são as primeiras a denunciar os fraudadores, pois elas estão sendo lesadas. Quando um jogador combina com parentes e amigos para fazer a falcatrua, ele está roubando da casa de apostas.
O caso mais emblemático é o de Lucas Paquetá, que tomou cartão em 4 jogos, e sua família e amigos da Ilha de Paquetá, onde nasceu, fizeram apostas, faturando R$ 650 mil. Ele foi investigado durante dois anos, indiciado pela Federação Inglesa, mas, inexplicavelmente, foi absolvido.
O caso dele era batom na cueca, mas nem os ingleses conseguiram suspendê-lo ou bani-lo do futebol. Essa eu não entendi. Está aí jogando pela Seleção Brasileira, envergonhando o povo. Essa absolvição de Bruno Henrique abre um precedente gigantesco para que outros jogadores cometam o mesmo crime. Se o jogador do Flamengo foi absolvido pelo tribunal desportivo, por que outros seriam punidos? O futebol brasileiro caminha mesmo na contramão de história. É o “poste mijando no cachorro”.
Nosso futebol agoniza num lamaçal sem fim. CBF desmoralizada, com um presidente que não tem histórico para ocupar o cargo, que vive tirando fotos com os jogadores e mais parece um torcedor. Não tem postura para o cargo. O Brasileirão manchado pela arbitragem e pelos erros crassos a favor do Palmeiras, que o diga Ramon Abate Abel, um calendário louco e desumano. Enfim, o futebol brasileiro, ainda único pentacampeão, não permite que um ex-jogador, com gestão, seja presidente da CBF, e os clubes preferem ficar reféns de federações e da própria entidade máxima do futebol brasileiro.
Cubro a Seleção Brasileira pelo mundo há 40 anos e já vi muita coisa, mas, do jeito que está, eu jamais tinha visto. Nosso time é o retrato da entidade, falido, sem credibilidade e com a desconfiança do torcedor. Já perdemos para Venezuela, Bolívia, Japão e seleções africanas, coisas que jamais haviam acontecido. Tenho dó de Ancelotti, que entrou na maior barca furada da vida. Título mundial? Esqueçam. Não temos time, grupo, nem tampouco gestão para isso.
Quem viu os melhores do mundo, como tive o privilégio de cobrir em 10 Copas do Mundo, viu, quem não viu, não verá tão cedo. Nosso maior problema é fora das 4 linhas, com entidades desmoralizadas e sem o menor respeito popular. O futebol é apenas reflexo de um país corrupto e violento ao extremo.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.
