Jaeci Carvalho
Jaeci Carvalho
COLUNA JO JAECI

Para quem viu Luizinho e Osmar Guarnelli, ver Lyanco é sofrível

Exceto uma meia dúzia de idiotas, que aplaudem esse comportamento hostil de Lyanco, a maioria gigantesca quer vê-lo jogar futebol

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Luizinho, revelado pelo Villa Nova e depois contratado pelo Atlético Mineiro, no final da década de 1970, foi o maior zagueiro brasileiro que vi jogar. Elegante, clássico, desarmava os adversários como quem toma a bala da mão de uma criança. Um craque de bola, que encantou todos nós naquele timaço da década de 1980. Além disso, um caráter ímpar, com família maravilhosa, sob o comando de Dona Márcia, e os filhos, entre eles, Lui, dono da The Beat, a melhor academia de BH. Como era bom ver Luizinho jogar, pois ele chamava a bola de “meu amor”, ao invés de dar chutão ou fazer média com o torcedor. Nunca o vi dar porrada em ninguém, nem tampouco ser homofóbico, exalando raiva e rancor.

Osmar Guarnelli não era tão clássico, mas jogava o fino da bola e formava uma dupla espetacular com Luizinho. Naquela época, os jogadores se respeitavam e também respeitavam o adversário, sua torcida e tudo mais. O que temos visto hoje, com alguns “personagens”, é desrespeito, agressividade e ódio injustificável. O que o tal Lyanco teria contra o Cruzeiro e sua torcida? É um caso que talvez nem Freud, o pai da psicanálise, conseguiria explicar.

Confesso que não conhecia esse zagueiro, até ele chegar ao Atlético, com 28 anos. Se fosse bom mesmo, teria jogado num grande clube brasileiro ou do exterior. Começou no São Paulo, mas foi jovem para a Europa, depois Al-Gharafa, do Catar. Na Itália, jogou nos pequenos Torino e Bologna. Na Inglaterra, no Southampton. Agora sim, chegou a um gigante do futebol nacional, o Galo.

 

Outro dia vi uma reportagem com ele e sua família, com dois filhinhos lindos, um menino e uma menina. Só posso acreditar que essa agressividade em campo seja mais para impressionar sua torcida, do que do seu temperamento explosivo. Talvez, por ser um zagueiro limitado, precise desse artifício. Eu estava na padaria do Luxemburgo, quando um atleticano me abordou e disse: “Jaeci, o que passa na cabeça daquele Lyanco? O que nós queremos é que ele jogue bola e não que fique provocando os torcedores rivais, chutando a bola contra eles, ou postando coisas homofóbicas, ou até se maquiando, num completo desrespeito aos adeptos do Cruzeiro”.

O torcedor atleticano tem razão. Exceto uma meia dúzia de idiotas, que aplaudem esse comportamento hostil de Lyanco, a maioria gigantesca quer vê-lo jogar futebol. O cara tem um porte físico invejável, é alto e tem tudo para ser um grande zagueiro, mas prefere intimidar na força, na porrada e na provocação, talvez por entender suas limitações. Duvido que no Catar, ele tenha dado um chutão na bola em direção ao camarote do Emir! Seria preso e teria seu passaporte confiscado. Por que tanto ódio do Cruzeiro, rapaz? Saiba perder, pois no futebol é assim. Só sabe comemorar vitórias quem tem dignidade na hora da derrota.

O Cruzeiro vive um momento melhor que o Atlético Mineiro, e isso tem que ser reconhecido. Se na bola, não estão conseguindo parar o time azul, não será na porrada, na pancada, no grito que vão conseguir. Quando você comete atos homofóbicos, como fez ao se maquiar na frente dos torcedores do Cruzeiro, numa vitória atleticana, ou no post em que escreveu coisas absurdas e depois apagou, você está desrespeitando a sociedade, e isso é muito feio, além de sabermos que homofobia é crime.

Aliás, não entendo o motivo de os tribunais desportivos não terem te denunciado ainda! Enfim, Lyanco, você tem tudo para ser um grande zagueiro, desde que pense somente em jogar bola. Até aqui, o vejo como limitado, violento e agressivo, o que não é nada bom para um mundo que está de cabeça para baixo. Como atleta de uma grande instituição, você tem que dar bons exemplos. Entendo que na hora do jogo o sangue ferve, há lances ríspidos em todos os lados, mas a cabeça tem que estar no lugar. O cara do outro lado, vestindo uma camisa diferente, não é seu inimigo, mas seu adversário nos 100 minutos de um jogo, com os acréscimos.

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No mais, é ter um comportamento do tamanho da camisa que você veste. Pegue uns lances do Luizinho, e você entenderá o que estou dizendo. Claro que você jamais terá a categoria dele, que reputo como um dos maiores zagueiros do mundo, mas poderá aprender um pouco mais sobre a posição e sobre como um atleta deve se comportar, principalmente num clássico contra o rival. E para fechar: aqui nesta coluna não há nada de pessoal contra você, pois nem o conheço. É apenas uma constatação minha e de todos que te veem jogar. Amadureça como cidadão, e você vai amadurecer como zagueiro. No mais, boa sorte e repense algumas decisões que você tem tomado. Como disse Arrigo Sacchi, ao final da Copa de 1994, quando a Itália foi derrotada pelo Brasil, “o futebol é a coisa mais importante, entre as menos importantes da vida”. Pense nisso!

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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