
A distância continua abissal, mas é bom ganhar dos europeus
Que bom que o povo brasileiro, principalmente quem veio para cá torcer e se endividou até o ano 2030, está feliz e esperançoso em levantar o caneco do Mundial
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Muita gente perguntando se ainda acho a distância abissal do futebol europeu para o brasileiro, depois dos jogos das equipes do Brasil no Mundial de Clubes? Sim, continuo com a mesma opinião. Claro que sinto orgulho do que o Botafogo fez com o PSG, do que o Flamengo fez com o Chelsea, e por aí vai, porém, é preciso tratar as questões como elas verdadeiramente são.
Os clubes europeus estavam em férias, pois a temporada no Velho Mundo terminou em maio. O PSG, campeão europeu, disputou a final dia 31 e era a equipe que ainda estava em alta rotação. As demais, no modo férias ativado. Vale lembrar que nesta época do ano os jogadores europeus estão curtindo Ibiza, Mikonos, Mônaco e outros balneários. Normalmente voltam a treinar somente no fim de julho, com as pré-temporadas e amistosos justamente aqui nos Estados Unidos.
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Portanto, é ilusão achar que nós evoluímos e eles involuíram, a coisa é muito mais profunda. Como também é verdade que, quando disputamos o Mundial de clubes em dezembro, nossos times também estão em férias, e a vantagem passa a ser dos europeus.
Gente, vamos analisar friamente: Porto e Benfica fazem parte de um grupo de equipes europeias da “segunda divisão”. O Chelsea está tentando montar um time decente, já que andou caindo pelas tabelas no Inglês. Até mesmo o poderoso Real Madrid tem um time combalido, com vários jogadores ainda machucados e com novas contratações, inclusive do técnico Xabi Alonso.
Isso tá me cheirando Copa das Confederações, em 2013, quando o Brasil ganhou de 3 a 0 da Espanha e disseram que estávamos prontos e que o time era imbatível. O resultado todos vimos, uma campanha pífia contra adversários fracos na Copa de 2014, e os “piedosos” 7 a 1 da Alemanha, sim, “piedosos”, pois se eles fossem “impiedosos” teriam metido 12.
A carência e a baixa autoestima fazem com que o torcedor goste de se iludir com um torneio feito a toque de caixa, para a Fifa faturar seus bilhões de dólares sem se importar com a qualidade técnica. Ingressos caríssimos, que tiveram de ser reduzidos em 85% para que os estádios não ficassem desertos.
Claro que fiquei feliz com algumas vitórias brasileiras, mas longe da euforia de certos colegas da imprensa ou de torcedores. Vencemos porque jogamos melhor do que os times que nos enfrentaram, combalidos e mortos por uma temporada europeia das mais desgastantes. Mas, se eles nunca reconhecem que a gente chega arrebentado no Mundial, quando em dezembro, por que teríamos “pena” dos europeus, agora? “Chumbo trocado não dói”.
Porém, como analista, que deve sempre usar a razão e não a paixão, preciso mostrar exatamente o que acontece. Claro que os treinadores das equipes brasileiras – e vi declarações de alguns deles – vão vender seu peixe e valorizar os resultados, mas, no fundo, eles sabem muito bem que a realidade é outra.
Mas que bom que o povo brasileiro, principalmente quem veio para cá torcer e se endividou até o ano 2030, está feliz e esperançoso em levantar o caneco do Mundial. Para esse torcedor, não existe distância entre o futebol europeu e o Brasileiro. Aliás, na visão dele, o Brasil está até acima.
Vamos ver por quanto tempo esse discurso vai se sustentar, muito provavelmente, até que o último brasileiro caia. Aí o discurso será o seguinte: “Vendemos caro a derrota e demos orgulho ao torcedor”. Sim, os treinadores têm os discursos prontos para cada situação.
Por enquanto, porém, é fazer festa mesmo, por pra fora a frustração de tantas derrotas e comemorar as vitórias sobre Chelsea e PSG, afinal, com tudo o que citei, elas foram históricas.
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