Jaeci Carvalho
Jaeci Carvalho
Coluna do Jaeci

Um Atlético sem corpo, alma e futebol

É preciso repensar o futebol do alvinegro, pois, para quem prometeu títulos importantes a cada temporada, o time está bem atrás de seus pares

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“O que está acontecendo com o Atlético nesta temporada?”, me perguntam os amigos atleticanos. Um time badalado, que contratou alguns jogadores do Palmeiras, repatriou o inexpressivo Bernard e trouxe o Júnior Santos, seu algoz na Libertadores, além do excelente técnico Cuca. Na verdade, o que falta no clube é gente mais preparada, que entenda de futebol e que saiba gerir uma associação esportiva. O Atlético SAF não deu certo até hoje, pois os únicos títulos de expressão, ganhos em 2021, pertencem ao Clube Atlético Mineiro, associação, e não SAF. Nesse novo modelo, ganhou apenas os campeonatos estaduais (rurais) e, talvez por isso, tenha se iludido, principalmente nesta temporada. Já estamos no meio do ano, o time ocupa a décima colocação na tabela do Brasileirão, está instável na Copa do Brasil, se classificou na Sul-Americana em segundo lugar e agora vai encarar alguém que foi eliminado da Libertadores.


Um time que não deu liga, não encaixou, apontado por todos nós como um dos prováveis campeões das competições que disputa, mas que, na prática, jamais confirmou isso. Investiu o dinheiro de forma errada. Bernard, por exemplo, nunca foi jogador decisivo ou considerado acima da média. Teve uma grande fase com Ronaldinho Gaúcho, e nada mais. Na Europa, nunca foi lembrado por nada que tenha feito, apesar de ter jogado 10 anos por lá, mas, no Leste Europeu qualquer jogador consegue atuar. Na Inglaterra, defendeu equipes inexpressivas, assim como na Grécia. Apostar num jogador desses como solução foi um grave erro, que custou muito caro. Ele tem feito partidas de dar dó, abaixo de qualquer crítica. Assim como ele, Júnior Santos, de 30 anos, que custou os olhos da cara, vive atordoado por contusões. É outro que teve dois anos maravilhosos no Botafogo e nada mais. Rony sempre foi um grande artilheiro no Palmeiras, mas o clube abriu mão dele, e algum motivo deve ter. Gabriel Menino e Patrick são outras peças que o time paulista não quis mais.


Scarpa não consegue, nem de longe, ser aquele jogador que nos encantou no Fluminense e Palmeiras, haja vista que não conseguiu jogar na Inglaterra e Grécia. Os zagueiros são fracos e os laterais inexistem, exceto Arana, que acho excelente, mas vive momento de contusão. Enfim, salvam-se o goleiro Everson, que sempre apontei como um dos melhores do Brasil, e Hulk, que está no coração da torcida, mas, assim como todo o time, caiu muito de produção. Eu tinha grande esperança de que Cuca conseguisse transformar esse grupo em um time forte e coeso, mas milagre ele não faz. Sem dinheiro para contratações impactantes, a torcida está reticente com relação ao segundo semestre.


O clube anda atolado em dívidas, que, segundo consta, chegam à casa de R$ 1,8 bilhão. Um valor impagável para o futebol brasileiro, pois ninguém vai abrir mão da fortuna que tem para por num clube de futebol. Eu já disse que esse modelo de SAF, onde o CPF é quem garante tudo, não é correto. SAF tem que ter uma empresa multinacional, gigantesca, por trás, como acontece nos clubes europeus. O futebol brasileiro não comporta os atuais salários, irreais para uma economia quebrada como a do país. Técnicos e jogadores bem medianos ganhando acima de R$ 500 mil. Isso é uma afronta. Não adianta ter um estádio moderno e bonito, e um CT com todo o conforto, se o torcedor não está feliz. O que ele quer mesmo é um time competitivo, de qualidade, em condições de brigar com seus pares pelas taças. E olha que o nível do futebol brasileiro é baixíssimo. Basta ter uma equipe mais coesa e mais comprometida que o resultado acontece.


Não vejo um futuro animador para o segundo semestre. Participei do 98 Futebol Clube, na rádio 98, na quinta-feira, com meus amigos Gilbert, Igor, Padreco (atleticanos) e Adroaldo e Guilherme (Cruzeirenses) e vi a preocupação dos três primeiros. Há um temor de que no sorteio da Copa do Brasil o Atlético pegue um Flamengo, Palmeiras ou Cruzeiro e seja eliminado nas oitavas de final. Pelo que temos visto, isso é muito provável, e o ano estará perdido, pois não acredito no Atlético nem na Sul-Americana, nem tampouco no Brasileirão. É preciso repensar o futebol do alvinegro, pois para quem prometeu títulos importantes a cada temporada, o Atlético está bem atrás de seus pares. Um time sem corpo, sem alma, sem futebol.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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