
A fase do futebol brasileiro é de quinta categoria
Precisamos resgatar as divisões de base dos clubes e manter os jogadores no país, para que eles se identifiquem com os torcedores.
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Os tropeços de times brasileiros na Libertadores e Sul-Americana mostram o quanto o nosso futebol está com o nível técnico abaixo de qualquer expectativa. Jogadores, medianos, ganhando salários irreais, acima de R$ 500 mil. Dois grandes exemplos estão no Flamengo: Cebolinha, pedido de Tite, custou uma fortuna, e nunca foi um jogador de ponta. Vive machucado e pouco contribui para o rubro-negro. Ganha cerca de R$ 1,5 milhão mensais. Michael, que teve uma fase boa com Renato Gaúcho, no próprio Flamengo, que durou uns cinco meses, é outro que foi repatriado do mundo árabe, com salário absurdo e que em nada contribui para o time carioca. São apenas dois, dos muitos exemplos que temos, país afora, de atletas de medianos para baixo ganhando fortunas. Hoje, temos mais de 100 estrangeiros, a maioria da América do Sul, colombianos, equatorianos, venezuelanos, paraguaios, ganhando fortunas e preenchendo os times brasileiros, que no passado buscavam jogadores argentinos e uruguaios, principalmente atacantes, goleiros e zagueiros, e que hoje buscam qualquer um.
Clubes devendo até as cuecas. O Corinthians deve mais de 2,5 bilhões, dívida impagável, que os presidentes vão empurrando para debaixo do tapete. Uma CBF desmoralizada, com seu presidente sendo alvo de denúncias e escândalos, e ninguém o tira do poder. Uma Seleção Brasileira com uma das piores campanhas nas Eliminatórias, virando saco de pancadas até da Venezuela, que empatou conosco. A agonia do nosso futebol não tem fim e é daí para pior. O presidente do Athletico-PR, Mário Petraglia, vazou um áudio falando dos clubes que contratam seus jogadores e não pagam. A lista é grande. O “calote” está instituído no futebol brasileiro, como se fosse a coisa mais normal do mundo.
Já passou da hora de os clubes entrarem na realidade financeira do Brasil, país quebrado, com um dos governos mais desacreditados da história, com vários condenados no poder. Condenações que foram anuladas por não terem sido realizadas no Foro adequado, mas inocências que não foram comprovadas. Esse é o “país do futebol”, que um dia foi exaltado e respeitado, mundo afora, e que hoje não tem a menor credibilidade. Vivemos um momento terrível, onde os jovens torcedores lotam estádios como se estivessem vendo grandes espetáculos. Carência de quem não viu os grandes nomes do esporte bretão, desfilando pelos gramados do mundo. Os clubes que são SAFs ainda conseguem se equilibrar, pois seus donos têm como manter as contas em dia. Os que não se transformaram, penam para manter os salários e compromissos em dia. Tirando Flamengo e Palmeiras, que faturam mais de R$ 1,5 bilhão anualmente, não há como os outros clubes competirem de igual para igual, pois as receitas são cinco vezes menores. Realmente o futebol brasileiro precisa de uma CBF forte, com gente de qualidade no comando, comprometida de verdade com a volta dos bons tempos do nosso futebol. Não será com Carlo Ancelotti, caso ele venha, que isso irá acontecer. Será com seriedade, com transparência e com decência. Precisamos resgatar as divisões de base dos clubes e manter os jogadores no país, para que eles se identifiquem com os torcedores. Não dá mais para trazer um Depay, por exemplo, e pagar a ele R$ 3 milhões mensais, e bônus por assistências e outras coisas mais. O prêmio que o Corinthians ganhou, por ter sido o campeão “rural de São Paulo”, segundo consta, foi todo para as mãos do holandês, o que é uma vergonha. Enfim, hoje estamos na quinta categoria do futebol mundial, sem um norte, sem perspectiva, sem absolutamente nada que nos indique que voltaremos a ser os melhores do planeta bola. Pobre futebol brasileiro, tão maltratado e acabado.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.