Jaeci Carvalho
Jaeci Carvalho

Clubes mineiros têm que lançar jogadores de base

Eu não deixo de acreditar nos garotos e em seus sonhos. Somente eles poderão salvar o futebol brasileiro

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Vejo Flamengo, Palmeiras, São Paulo, Fluminense, entre outros clubes, com quatro ou cinco garotos da base encorpando os times principais. No jogo São Paulo 1 x 1 Cruzeiro, por exemplo, o tricolor paulista tinha uns seis garotos em campo, já que seus principais jogadores estavam fora de combate. Curiosamente, não percebemos isso em Atlético e Cruzeiro. Quando um garoto da base é lançado, os torcedores queimam e não têm a paciência necessária. Vale lembrar que os meninos devem ser lançados em times prontos, competitivos e com boa estrutura para não serem queimados. O Atlético trocou, recentemente, os comandantes das divisões inferiores. O Cruzeiro também aposta em Adílson, Batista, que faz um excepcional trabalho. Porém, não temos visto tantos jovens nos times principais e isso é preocupante. Gosto de técnicos que não têm medo de lançar garotos. Além de fortalecer os times de cima, ainda há a possibilidade de vender e os clubes faturarem uma boa grana.

Podemos citar os exemplos de Vitor Roque e Estêvão, que foram crias do Cruzeiro e acabaram indo para Athletico-PR e Palmeiras, respectivamente. Ambos foram vendidos ao exterior. Estêvão vai para o Chelsea e Roque esteve no Barcelona, mas não deu certo. Emprestado ao Bétis, acabou negociado com o Palmeiras e não conseguiu engrenar ainda. É preciso que os clubes cuidem desses “ativos” com mais carinho e não os deixem sair para os rivais, depois de dar a eles toda a estrutura e condições para se tornarem atletas e homens. O investimento nas divisões de base é alto e somente com a venda de alguns atletas os clubes conseguem recuperar os valores.

Os treinadores precisam entender que quando um garoto é “bom de bola”, podem lançá-lo aos 16 anos que ele vai dar conta do recado. Estou falando dos mais diferenciados, pois nem todos têm a técnica apurada de um Estêvão, por exemplo. Mas não pode ter medo. Hoje a estrutura que os garotos têm não deve nada aos profissionais. Os recursos são muito maiores do que no passado. É preciso também ter gente com olho clínico para separar o “joio do trigo”. Alguns garotos fazem testes e são dispensados, sendo que têm futebol melhor do que muitos aprovados. A reclamação dos pais é de que os comandantes das divisões de base só querem jogadores altos, ainda que desengonçados, preterindo os baixinhos. Imaginem se não tivessem dado chance a Zico, Reinaldo, Dirceu Lopes e outros gênios de estatura mediana, o que seria do nosso futebol?

Os garotos vêm de vários lugares do Brasil e é preciso também que os clubes deem aos seus pais, uma estrutura melhor. É sabido que alguns clubes levam os pais para as cidades onde o garoto estará treinando, para que ele se sinta mais tranquilo e possa desenvolver seu melhor futebol. Muitos passam necessidade até de alimentação, e, nos clubes, não têm esse problema, mas os pais continuam com a vida precária. É importante o clube cuidar da família também. No passado, temos relatos dos próprios ex-jogadores, que moravam debaixo das arquibancadas dos clubes, com uma vida bem difícil. Hoje, há uma estrutura fantástica e os jovens podem se dedicar ao futebol. Ainda há clubes que cuidam da educação dos jovens, dando a eles estudo básico e, em alguns casos, até mesmo cursos de inglês e espanhol.

Gostaria de ver mais garotos nos profissionais de Atlético e Cruzeiro, como a gente está vendo em outros clubes. E, desde que comecei a gostar de futebol, lá pelo início dos anos 1960, percebi que os grandes esquadrões eram formados por garotos que subiam da base, juntos, haja vista Flamengo e Atlético da década de 1980, de Zico e Reinaldo, que tinham duas verdadeiras seleções, formadas de jovens que atuavam juntos desde os 10 anos de idade. Naquela época, existia amor ao clube e muita identificação. Infelizmente, hoje, como em todo lugar do mundo, o dinheiro fala mais alto e o amor foi ficando escanteado. Mas eu não deixo de acreditar nos garotos e em seus sonhos. Somente eles poderão salvar o futebol brasileiro, que hoje conta com centenas de jogadores estrangeiros, em detrimento dos nossos jovens talentosos. Por mais garotos nos times profissionais de Minas Gerais.

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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