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Jaeci Carvalho
Jaeci Carvalho

Pedro Lourenço é transparente e um dirigente a ser copiado

Parabéns, Pedro Lourenço, por colocar o dedo na ferida e mostrar as vísceras do futebol brasileiro

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Depois que o presidente e dono do Cruzeiro, Pedro Lourenço, deu entrevista ao Tempo Sports, comandado por minha amiga e competente repórter Dimara Oliveira, e a Daniel Seabra, falando a verdade nua e crua do futebol, mostrando os erros no Cruzeiro e falando da questão da comissão dos empresários, vi alguns colegas dizendo que o presidente não deveria falar certas coisas publicamente. Não deve falar por quê? Deve falar sim, pois ele á uma pessoa transparente, que não gosta de mentiras e que está procurando fazer um tipo de gestão diferente de seus pares. Se os presidentes de outros clubes escondem a “sujeira debaixo do tapete”, isso no Cruzeiro não vai acontecer. Pedrinho abre o verbo e, como não tem rabo preso com ninguém, expõe os problemas do futebol brasileiro e suas vísceras. Vivemos um futebol viciado, onde os dirigentes, por medo da torcida, fazem aquilo que não podem e assumem compromissos que, sabem, não irão saldar.
Vou pegar como exemplo o Real Madrid, que carece de laterais-direitos e esquerdos, e de zagueiros. Porém, o presidente Florentino Perez não vai mexer no orçamento pré-determinado. A opção para Ancelotti foi improvisar volantes na zaga e nas laterais. Somente no fim da temporada, agora em maio, o Real Madrid vai se reestruturar e contratar. Aliás, já tem acertado o lateral do Liverpool, Alexander Arnold, que se apresentará em junho. O mesmo acontece no Cruzeiro. O presidente mandou sua equipe de trabalho ao mercado e contratações foram feitas. O treinador que se vire para improvisar e achar a solução para os problemas do Cruzeiro. Vejo parte da torcida dizendo que tem que contratar. Ora, senhoras e senhores, a banda não pode tocar assim. É preciso responsabilidade, e isso Pedro Lourenço, empresário dos mais bem-sucedidos do país, tem demais. Ele não vai contratar ninguém agora. O grupo é esse que aí está. Os jogadores que se virem para dar resultados.
E tem que ser assim mesmo. O presidente falou abertamente que o empresário de um jogador ganha, religiosamente, 10%, todo mês, em cima do salário do atleta, e, normalmente, é o clube quem paga. Isso é um escárnio, um absurdo. Estamos falando de salários de R$ 2 milhões e o empresário leva, limpinho, R$ 200 mil por mês, salário que CEOs não ganham. Pelo amor de Deus, o futebol tomou contornos inimagináveis, e, vale lembrar, que está bem pobre, tecnicamente, mas os jogadores estão milionários. O cara dá um “chutezinho na bola e já quer ganhar R$ 500 mil”. Como muito bem disse o presidente, dono da maior rede de supermercados do país, o Supermercados BH, “se tiver um lucro de 3% na sua empresa põe as mãos para o céu”. Já no mundo da “fantasia” do futebol, os caras falam em milhões, como se estivessem falando em centavos.
Parabéns, Pedro Lourenço, por colocar o dedo na ferida, por mostrar as vísceras do futebol brasileiro. Chega desses dirigentes irresponsáveis, que dizem trabalhar de graça nos clubes que não são empresas, mas que os usam. Por mais Pedrinhos no futebol, por mais gente transparente, que exponha sim, publicamente, os desmandos do nosso futebol. Isso não gera crise e sim uma reflexão melhor por parte de todos nós, que vivemos iludidos com esse mundo de glamour e fantasia, que se tornou o futebol brasileiro. É preciso dar um basta financeiro, pois a maioria dos clubes está quebrada, devendo até as cuecas – o Corinthians é um péssimo exemplo –, contratando e pagando salários de R$ 3 milhões mensais, mais bonificação. Isso é uma vergonha! Mais responsabilidade, gente. As gestões como a do Cruzeiro devem ser copiadas, para melhorar o nosso futebol. Claro que há erros em contratações e decisões, mas sempre dentro de uma responsabilidade fiscal que a maioria dos clubes não tem. Torcedor, antes de pedir contratações, pense na saúde financeira do seu clube.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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