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Jaeci Carvalho
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GALVÃO COMEÇA NOVA ERA NA BAND, QUE VOLTOU A SER SUA CASA

"Cobrindo a Seleção Brasileira, fiquei mais próximo de Galvão Bueno, uma grande referência na TV Globo, e nos tornamos amigos"

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O ano era 1979, eu era estudante de jornalismo na Universidade Gama Filho, no Rio de Janeiro, e um apaixonado pelo futebol. Ia ao Maracanã e via os repórteres, atrás dos gols, fazendo ponta para narradores como Waldir Amaral, Jorge Cury e meu ídolo, Doalcey Bueno de Camargo. Tempos de estádio lotado, de grandes craques nos gramados, de técnicos estrategistas e de grandes dirigentes também. Meu sonho era estar ali, no meio daquela gente que eu assistia nas mesas redondas, domingo à noite.


E, como sempre fui atirado, fui certa noite na TV Bandeirantes, ali em Botafogo. Me apresentei na portaria e pedi para assistir ao programa comandado por Paulo Stein, Alberto Léo, Márcio Guedes, Sandro Moreira e Galvão Bueno. Eram debates maravilhosos e eu queria aprender mais e mais.
Virei figurinha carimbada, aos domingos, aquilo era um sonho para mim. Após o debate, eles se reuniam numa pizzaria em frente à Band, se não me falha a memória chamada Bella Blum, e tive o prazer de ser convidado numa das noites. No dia seguinte, na universidade, contei aos meus amigos e eles ficaram perplexos.


Só tinha fera naquela mesa de debates. Sandro Moreira, botafoguense, um gênio. Mas havia um cara que me chamava a atenção por suas colocações, ponderado, inteligente, e consciente de tudo o que falava. Profundo conhecedor de futebol. Era Galvão Bueno, até então pouco conhecido do grande público.


Me formei e logo fui para a TV Globo do Rio, buscar trabalho. Não havia vaga no Globo Esporte, mas eu saía com os repórteres para acompanhar as entrevistas, matérias e aprender um pouco mais. Três meses se passaram e pintou uma vaga em Juiz de Fora, para cobrir assuntos gerais. Não hesitei, fui pra lá, onde fiquei dois anos e aprendi muito.


Em 1986, a TV Manchete de Belo Horizonte me convidou para montar o esporte da emissora. Não pensei duas vezes em aceitar e, para a minha felicidade, comecei a participar da mesa redonda que tinha Paulo Stein, Alberto Léo, Márcio Guedes e João Saldanha. Que honra. Faltava aquele cara a quem comecei a admirar: Galvão Bueno. Mas, era 1982 e ele havia sido contratado pela Globo no ano anterior.


Em 1987, a TV Globo da capital mineira me contratou e, para minha alegria, nas semifinais da Copa União tive a honra de trabalhar com a fera, Galvão Bueno, em BH. Eu cobria o Atlético, Tino Marcos, o Flamengo, Acyr Benfica, o Cruzeiro, e Roberto Tomé, o Internacional, os quatro semifinalistas. Para mim foi um dos pontos altos da minha carreira. Os times mineiros não avançaram, Fla e Inter fizeram a final, mas eu estava em êxtase por trabalhar com Galvão e essas outras feras.


O tempo passou, o jornal Estado de Minas me convidou para cobrir a Seleção Brasileira e eu não tive como dizer não. Pedi demissão na TV Globo, coisa que ninguém fazia naquela época, e fui realizar o sonho. Eu já havia coberto o Time Canarinho pela Manchete, em 1986, na Toca da Raposa I. Estar perto de Zico, Júnior, Cerezo, Reinaldo e outros gênios coroava meu começo de carreira. E, cobrindo a Seleção Brasileira, fiquei mais próximo de Galvão Bueno, uma grande referência na TV Globo, e nos tornamos amigos. Eu aprendi muito com ele, e também fizemos muitas farras mundo afora. Jantares inesquecíveis com ele, Falcão, Arnaldo Cézar Coelho e companhia, jogos e mais jogos, coberturas e mais coberturas nos quatro cantos do planeta bola.


Quando ele ia a BH, minha casa era sua casa. Foram incontáveis as festas que fiz, para receber esse amigo-irmão. Na Copa do Mundo do Japão e Coreia, eu estava com meu guarda-chuva num canto, assistindo a um dos treinos, a imprensa mundial lá e, de repente, vem aquele cara, me abraça, pega uma carona no meu guarda-chuva e fica assistindo ao treino o tempo todo ao meu lado. Ele sabia que eu tinha muitas fontes na CBF. Bons tempos.


Que orgulho abrigar aquele amigo sob o meu guarda-chuva, afinal, em 2002 ele já era um cara super conhecido nacional e internacionalmente. Sempre me apoiou, sempre me deu bons conselhos, sempre me prestigiou em todos os lugares do mundo.


Me tornei um fã número 1, um admirador ferrenho. Um cara estudioso, que quando narrava, nos transmitia emoção jamais sentida. E a Fórmula 1, aos domingos, pela manhã, com o Grande Ayrton Senna? Aliás, os domingos sem Senna e sem Galvão, nunca mais foram os mesmos.


Diz o velho ditado que o “bom filho à casa torna”, e, depois de 43 anos de muito sucesso, de ser a voz do Brasil na TV Globo, ele está de volta à também sua casa, a TV Bandeirantes, agora com o programa “Galvão e Amigos”. A estreia será esta noite, e claro que estarei ligadinho, desejando a este irmão mais sucesso ainda, se é que isso é possível.


Galvão é um ícone da televisão mundial, um cara iluminado, super preparado e um gentleman. Padrinho, só posso te desejar saúde, ao lado da minha madrinha, Desirré, e de sua linda família. Brilhe, como sempre, e nos brinde com aquelas segundas-feiras, como na época do “Bem Amigos”.


Vou te confessar uma coisa: depois que o “Bem Amigos” acabou, fiquei órfão, pois não assisto a programa nenhum de esporte. Agora, tenho um grande motivo para dormir mais tarde, às segundas-feiras, afinal, você está de volta. Uma grande estreia hoje, ao lado dos também amigos Vanderlei Luxemburgo, Paulo Roberto Falcão, Ronaldo e Mauro Naves. Um time de respeito e qualidade. Aqui, em Miami, estarei ligadinho, para aprender um pouco mais sobre essa magia chamada futebol. Te amo, irmão.
PS: Vem novidade por aí. Aguardem!

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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