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Definidos os grupos da Copa Sul-Americana, o que restou para os times mineiros, já que a Libertadores ficou distante, vislumbro a possibilidade de uma final mineira, em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, ao nível do mar, em 22 de novembro. Claro que até lá muita água vai rolar debaixo da ponte, inclusive com a disputa de outras competições como Brasileirão e Copa do Brasil. Porém, “sonhar não custa nada”, como diz o velho samba da Mocidade Independente de Padre Miguel, em 1992. É sabido que nossas equipes tiveram um péssimo fim de ano, com o Atlético perdendo a Copa do Brasil e a Libertadores, de forma vergonhosa, tomando chocolate, e brigando para não cair até o último jogo do Brasileirão, contra o Athletico-PR. Já o Cruzeiro, perdeu a decisão da Sul-Americana jogando um futebol pífio, e no Mineiro foi um vexame histórico. Ou seja, precisamos evoluir se quisermos pensar em taças.
Vejo o Atlético forte, com contratações pontuais de alto nível. A equipe se qualificou ainda mais em relação ao ano passado e trouxe de volta o treinador que mais se encaixa na filosofia do clube, o maior ganhador de taças por lá. Cuca sabe ajeitar qualquer time e não tenho a menor dúvida de que esse Galo vai brigar por todas as taças, em condições de ganhar. Claro que Flamengo e Palmeiras continuam degraus acima, pois vem ganhando tudo nos últimos 10 anos, mas Cuca saberá tirar essa diferença com sua criatividade e competência.
Já o Cruzeiro vive um outro momento, com um técnico europeu, Leonardo Jardim, e um grupo muito qualificado, que ainda não deu liga. Há um trabalho mais demorado a ser feito, porém, na minha visão, será exitoso. O torcedor do Cruzeiro não pode e não deve esquecer que há pouco tempo o time não tinha um norte, corria o risco de fechar a porta, com graves problemas e uma herança maldita deixada por aqueles que jogaram o clube na lama, entregue aos leões. O começo da mudança veio com Ronaldo e depois com Pedro Lourenço, dono da SAF, junto com Pedro Junio e sua família, que são torcedores apaixonados e fazem uma gestão austera, transparente e de muita qualidade. O presidente já disse: “sou um vencedor, e não comprei o Cruzeiro para perder. O time vai encaixar e vai ganhar taças”. Não tenho a menor dúvida disso.
O torcedor precisa entender que o São Paulo, por exemplo, está há 17 anos sem ganhar o Brasileiro e conseguiu apenas uma Copa do Brasil, em 2023. Com todos os problemas, o time azul está há apenas seis anos sem um troféu importante, o que não o diminui em absolutamente nada. Pelo contrário, sua grandeza é cantada em verso e prosa por todos que entendem de futebol e valorizam as conquistas. Um clube sem passado de conquistas é um clube sem história. Não adianta dizerem que “quem vive de passado é museu”, pois isso não cola. Quem tem um passado recente lindo, como tem o Cruzeiro, tem mesmo que se orgulhar. Fase ruim, todo clube passa, mas o gigante fica apenas adormecido. O Cruzeiro é um orgulho para os 14 milhões da China Azul e para o estado de Minas Gerais, pois sempre representou sua gente com taças da maior importância. Paciência, meu caro cruzeirense. O DNA desse time é de conquistas e taças grandiosas.
Voltando à final da Sul-Americana, estive em Santa Cruz de La Sierra, em 1997, e de lá para cá, imagino que muita coisa mudou. Na época, só havia um bom hotel e estrutura nenhuma. Se a Conmebol está marcando a final pra lá, imagino que deva ter mais hotéis e uma estrutura, no mínimo, boa. Já estou pensando também em como as autoridades bolivianas vão fazer para conter torcedores organizados de Atlético e Cruzeiro, já que são inimigos? É preciso pensar em tudo isso agora, a oito meses da final, que eu acredito que será mineira. Gosto de pensar positivo e, se isso acontecer, teremos pelo menos uma equipe mineira na Libertadores do ano que vem. Tomara que as duas confirmem aquilo que espero delas, afinal, não gostamos de bater palmas para equipes de Rio e São Paulo, que têm ganhado tudo ultimamente. O Mundial de Clubes, por exemplo, nos Estados Unidos, tem três equipes do Rio e uma de São Paulo. Chegou a hora de os times mineiros mostrarem o seu valor e voltarem a disputar, de igual para igual, com cariocas e paulistas.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.