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O futebol é mesmo um mundo à parte, embora esteja inserido nessa sociedade corrupta e violenta que o Brasil vive atualmente. Os jovens, a maioria saídos das favelas e das classes menos favorecidas, sonham com o estrelato, em jogar num time grande, em chegar à Seleção Brasileira, em dar conforto aos familiares. A gente conhece milhares de casos em que o jogador não tinha nem o dinheiro para a condução, mas a mãe, sacrificada, sempre arrumava um jeitinho de tirar de onde não tinha para que o garoto realizasse seu sonho. Ronaldo Fenômeno é um exemplo. Morava em Bento Ribeiro, subúrbio do Rio de Janeiro, e o dinheiro não dava para pegar duas conduções até a Gávea, para treinar no Flamengo, que era seu time do coração. Como só tinha o dinheiro para o trem, foi treinar no São Cristóvão, e dali para o Cruzeiro e para o mundo. Os exemplos são muitos.
Fiz essa introdução para tentar entender determinados jogadores que conseguem atingir o objetivo de estar numa equipe grande, mas não fazem por onde conquistar o torcedor, se empenhar ao máximo e dar, em campo, suor e sangue. É somente isso que os adeptos das equipes pedem: comprometimento, honrar a camisa e trabalho. Vejam os três exemplos recentes de jogadores que estão num gigante do nosso futebol, mas caíram em desgraça com a torcida: Matheus Pereira, Marlon e William. Para mim, os três são excelentes jogadores, têm muita qualidade, mas há 8 meses não conseguem entregar aquilo que deles se espera, pois a gente só cobra de quem tem potencial, e eles têm de sobra. Matheus Pereira, por exemplo, é cerebral, talentoso e diferente, mas vive anunciando que quer jogar na Europa, como se estivesse desdenhando do Cruzeiro. Além disso, seu belo futebol do turno do Brasileirão passado sumiu, e o torcedor tem que cobrar mesmo.
Abro aqui um parêntese, pois os jogadores são seres humanos e merecem respeito como cidadãos. Em suas vidas particulares, não devemos dar pitacos, e sim nos restringirmos ao campo de jogo. Talvez Matheus Pereira esteja passando por momentos conturbados em sua vida pessoal e isso o esteja afetando dentro de campo. O mesmo pode estar acontecendo com Marlon e William, mas o importante é que o Cruzeiro decidiu ficar com eles, já que não há propostas, e, de graça, o clube não vai liberar ninguém. O presidente, Pedro Lourenço, em papo reto com os jogadores, olhando em seus olhos, foi bem claro: “quem não estiver satisfeito, pode ir embora, mas tragam propostas que sejam boas para o clube, pois, de graça, ninguém sai.” Todos se calaram e mantiveram o desejo de permanecer.
Mantenho minha posição de que é fundamental que os três jogadores façam uma entrevista coletiva explicando ao torcedor o momento pelo qual passam e o desejo real de ficar no Cruzeiro. Sabemos que os torcedores são passionais e que bastará Matheus Pereira jogar bem um grande clássico, Marlon e William acertarem os cruzamentos e marcarem melhor para que tudo se resolver. É preciso comprometimento com a camisa azul e ter orgulho de estar nesse gigante das Minas Gerais, e tudo ficará no passado. Os caras conquistaram aquilo que sonharam quando eram garotos, estão num dos melhores e mais vencedores clubes do país. Salários astronômicos em dia, estrutura invejável, diretoria correta, e uma torcida de 14 milhões apaixonados pelo Cabuloso, o que eles querem mais?????
Erro
Na coluna que escrevi, na segunda-feira, elogiando o melhor goleiro que vi na Seleção, Emerson Leão, cometi um erro ao dizer que ele confrontou o repórter Tino Marcos por uma matéria inverídica. Não é verdade. A matéria era verídica e coerente com o momento. Tino, muito educado, não quis confrontar Leão. Peço desculpas ao meu amigo Tino Marcos, a quem sempre reputei como um dos grandes repórteres da minha geração.
As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.