Jaeci Carvalho
Jaeci Carvalho

Levar vantagem a qualquer preço é o lema do futebol brasileiro

Vivemos uma crise de valores morais, de ética, de caráter, e o futebol, que está inserido na sociedade corrupta em que vivemos

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Os erros de arbitragem, mesmo com o dispositivo do VAR, são recorrentes no futebol brasileiro e não são poucos. A cada rodada, um técnico, um dirigente, um jogador, um torcedor, questiona o que vê nos gramados, com erros crassos. Temos visto cada erro que até o mais cético dos seres humanos duvidariam, mas não podemos dizer que os árbitros são venais, pois não existe a materialização da prova. Pênaltis mal marcados, impedimentos absurdos e lances revistos em câmera lenta, o que dá uma outra visão ao árbitro quando vai ao monitor. Uma coisa, porém, me chama a atenção: quando o erro é a favor do seu time, todos, sem exceção, apoiam e juram, de pés juntos, que não houve tal equívoco. A gente só vê o cara reclamar quando a coisa é contra ele, do contrário adora ser favorecido. É por isso que o nosso futebol perde o crédito, a cada dia, a cada rodada. Não vejo problemas em um dirigente, por exemplo, admitir que o árbitro errou a favor de sua equipe. Ainda mais quando os erros são crassos.

O português Abel Ferreira, por exemplo, é um dos que mais reclamam da arbitragem, mas eu nunca o vi dizer que o árbitro favoreceu o Palmeiras. E não foram poucas as vezes em que isso aconteceu. Recentemente, tivemos o pisão de Lyanco no braço de Dudu, de forma proposital. A própria FMF admitiu o erro, segundo o CEO Alexandre Mattos. Curiosamente o técnico Cuca, a quem admiro e gosto, disse que “foi casual, um incidente”. Ora meu caro Cuca, foi um pisão maldoso, que deveria ter sido punido com o cartão vermelho. Se você fosse o técnico do Cruzeiro queria ver você dizer a mesma coisa. Logo você, que deu aquele soco na mesa, quando o péssimo Sandro Meira Ricci te tirou o Brasileiro naquele jogo Cruzeiro x Corinthians, em que ele marcou penalidade, inexistente, de Gil em Ronaldo Fenômeno. Cuca, foi muita covardia do Lyanco no Dudu. Ele não respeitou o colega de profissão. Quis fazer média com a torcida. Esse é só um exemplo recente, mas há casos e mais casos em que os clubes são beneficiados, e ninguém fala nada.

A tal “Lei de Gérson” é uma coisa nojenta. Levar vantagem a qualquer preço. É isso que devemos ensinar a nossos filhos e netos? Meu filho mais novo, por exemplo, não gosta do jogador inglês Sterling. Perguntei o motivo e ele disse: “ele não é correto, se joga na área, toda hora, mentindo e forjando uma penalidade”. Também não gosta de Messi, pelo fato de ele ter ganhado algumas bolas de ouro, sem merecer. Mas aí o problema é de quem votou. O futebol brasileiro está ficando chato e perverso. Sim, os torcedores comemoram erros, debocham daquele que foi prejudicado, se esquecendo que na rodada seguinte o prejudicado pode ser seu próprio time. Favorecido num dia, “garfado” no outro. Não vejo árbitros perseguindo equipes e sim errando porque são humanos ou ruins mesmo. Não posso admitir que o juiz entre em campo disposto a favorecer ou prejudicar A ou B.

Vivemos uma crise de valores morais, de ética, de caráter, e o futebol, que está inserido na sociedade corrupta em que vivemos, não seria um mundo à parte. Só o é na questão salarial dos jogadores, completamente fora da nossa realidade econômica. Lembro-me de um jogo na Inglaterra, em que o zagueiro, com a bola dominada, sente a coxa e para na jogada. O atacante adversário toma a bola dele, mas percebe que ele está machucado. Ao invés de marcar o gol, ele para a jogada. Isso chama-se caráter e bom senso. Fosse no Brasil e o jogador tivesse essa atitude, seria crucificado pelos torcedores. Educação, berço, caráter, bom senso, não se compra. “Levar vantagem a qualquer preço, mesmo que esse preço seja a dor do adversário, é o que importa para a maioria”. Os valores de nossa sociedade estão invertidos e são vergonhosos.

Concordo com o jornalista, Emerson Romano, que disse que “o futebol deveria copiar outros esportes, onde o árbitro fala para o público presente o motivo de ter marcado tal infração”. Todo o estádio ouve. No Brasil os árbitros são proibidos de dar entrevistas ou relatar, publicamente, o que ele viu. Outra cena constrangedora é perceber que ao final dos jogos, a polícia cerca o árbitro, dentro de campo, para protegê-lo. Por quê??????? Exceto no Brasil, isso não acontece em nenhum outro lugar do planeta bola.

Enfim, nossos problemas vão muito além do baixo nível técnico, da falta de bola rolando, de maus dirigentes, de técnicos preguiçosos, de jogadores “chinelinho”. Nossos problemas são estruturais, de uma sociedade corrompida. Basta vermos que quando um caminhão carregando carnes, por exemplo, tomba, a população vai lá, não para acudir o motorista e sim para saquear a carga. Vivemos ou não num país doente? Saquear a carga é roubo, é crime! Por isso os técnicos, Telê Santana e Carlos Alberto Silva, meus grandes mentores e amigos, estão sempre na minha memória e minhas colunas. Eles jamais quiseram vencer a qualquer preço. Sempre estiveram do lado correto. Eles diziam: “preferimos perder um jogo, atuando bem, do que ganhar com gol de mão, aos 45 minutos do segundo tempo”. Saudosos, Telê e Carlos Alberto Silva, que falta vocês fazem ao esporte bretão. Poucos seguem o exemplo deixado por vocês, o que é uma grande pena. O futebol brasileiro de hoje, nos envergonha!


GRAMADO NATURAL

O futebol brasileiro gosta mesmo de andar na contramão da história. É o único, das grandes Ligas, que adota gramado sintético, o que segundo os especialistas, só serve para lesionar jogadores. Aliás, se são eles os donos do espetáculo, não seria interessante ouvi-los? Palmeiras, Botafogo, Athletico e o Atlético Mineiro têm gramados sintéticos. O que você acha, torcedor e o que vocês acham jogadores de futebol? Eu opto sempre pela grama natural, pois desde que o esporte bretão foi inventado, ele é jogado nesse tipo de gramado.

 

As opiniões expressas neste texto são de responsabilidade exclusiva do(a) autor(a) e não refletem, necessariamente, o posicionamento e a visão do Estado de Minas sobre o tema.

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